Capítulo 35

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MERLIA

Conforme as horas foram passando, mais eu fiquei nervosa. Não é um encontro, nós apenas vamos conversar. Mas por que eu estou tão desesperada e ansiosa? Somos apenas amigos, não é? Uma voz do meu subconsciente diz a seguinte frase, "mas você não quer ser apenas amiga..". Me odeia por estar pensando tudo isso. Está na cara que ele não tá nem aí pra mim.

Eu nunca tive um namorado. Só beijei um menino no orfanato. "E o Jackson" meu subconsciente lembra. Reviro os olhos para mim mesma. Decido parar de pensar e ir tomar banho.

Enrolo o máximo de tempo debaixo da água quente. Acho que a mesma relaxa os meus músculos e me deixa um pouco mais consciente. Pego um dos meus vestidos e o visto. Queria poder pelo menos ter outras roupas..

Penteio meu cabelo e deixo ele secar naturalmente. Escovo os dentes e por último calço minha sandália. E agora é oficial, estou mais nervosa do que deveria.

Mexo em minhas unhas fracas com rapidez e nervoso. Não tem necessidade de ficar assim Meu Deus! Eu preciso me acalmar!

Olho para o relógio e vejo que são cinco e quatro. Respiro fundo e fecho os olhos por alguns minutos. Preciso me acalmar. E então, saio do quarto.

Assim que chego na recepção, vejo Harry na porta. Meus dedos começam a tremer e a soar ainda mais. Ele me vê e dá um sorriso branco. Sorrio involuntariamente. Vou até ele que está do lado de fora. "Pontual." Ele diz rindo. "É acho que sim." Falo.

Ele apenas sorri e me observa por alguns segundos. "Que tal a gente andar um pouco?" Ele pergunta. Ótima ideia. "Claro." Digo. E então começamos a caminhar a partir dali.

"Bom, como você tá? Depois de tudo que aconteceu?" Ele puxa o assunto. "Acho que normal. É claro que estou triste, mas minha tia nunca foi muito presente." Digo com sinceridade. "Entendo." Ele fala. "Quando tudo isso acabar, com quem você vai viver?" Ele fala. Dou uma leve risada. "Eu também queria saber." Digo e ele ri de leve. "Você não tem mais ninguém?" Pergunta me olhando nos olhos.

"Sou só eu e eu." Digo. Vejo seu olhar de pena cair sobre mim. "Não sinta pena, por favor." Falo voltando a olhar para frente. "Me desculpe. Não sinto pena, sei o quanto você é batalhadora." Ele diz. Olho para seu rosto de perfil e logo depois para o chão de novo. "Você tem dezesseis não é?" Pergunta. Afirmo com a cabeça.

"Sabe, você deveria estar estudando agora. Não em um navio de guerra." Fala. "É, mas acho que ninguém está não é?" Digo. Atravessamos a rua e continuamos andando.

"Você deveria estar fazendo faculdade. Não em um navio de guerra." Falo o mesmo e ele ri. "Já tenho idade o suficiente para lutar. E não acho que iria conseguir fazer minha faculdade." Fala. "Você gostaria de fazer o que?" Pergunto.

"Direito." Ele diz. Sorrio. "Qual a graça?" Ele diz rindo. "Nada." Dou risada. "E você?" Ele pergunta. "Pedagogia." Digo. "Você ainda tem tempo, pode fazer." Ele diz. "Espero que sim." Falo.

Vemos uma barraca de algodão doce. "Espero que você goste." Ele diz indo em direção a barraquinha. Sorrio. "Claro." Falo. Ele sorri pra mim e então começa a falar com o homem. "Eu quero dois azuis." Ele diz. Sorrio vendo ele fazer isso.

Depois que ele paga, começamos a andar enquanto comemos. Eu adoro algodão doce. A última vez que tinha comido, eu era criança. A sensação do mesmo derretendo em minha boca é deliciosa.

Chegamos na ponte da cidade. Conseguimos ver o pôr do sol perfeitamente daqui. Ficamos parados ali enquanto terminamos de comer. O vento frio começa a bater em nossos rostos e isso é muito bom.

"E então, por que me escondeu esse nome lindo?" Ele pergunta. Coro por alguns segundos. "Eu, hã. Não gostava muito." Minto. "É um nome tão lindo." Ele diz. Sorrio.

"Sabe, eu entendo. Meu nome não é Harry." Ele diz. Olho para seu rosto com graça. "É claro que é." Ele ri. "É claro que é." Rimos.

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