Capítulo 18

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HARRY

Chegamos em Dover.

Assim que saímos do navio, fomos nos hospedar nas pensões que nos receberam. Vi a.. garota.

Ela está diferente. Apenas vi ela de longe, mas percebi que algo nela mudou. Escuto a recepcionista dizendo o horário das refeições.

"Obrigado. Vou querer o quarto cinco." Peço. Ela me entrega a chave e eu vou direto para o meu quarto. Ignoro alguns soldados do meu pelotão no caminho.

Quando eu estava abrindo minha porta, ouvi passos atrás de mim e então olho para o corredor. Vejo ela. Seu olhar queima em mim. Penso em falar alguma coisa, oque!? Tento começar a falar..

Antes que eu comece, ela se apressa e se tranca no seu quarto que é perto do meu.

Ok eu mereci.

Entro no meu quarto, o observo rapidamente e já entro debaixo do chuveiro. Tenho certeza que todos fizeram o mesmo, pelo menos espero.

A água quente caindo em minha cabeça me relaxa pela primeira vez em tempos. Depois de uma hora no banho, escovo os dentes e me seco. Pego uma calça de farda simples e uma camiseta preta antiga.

Me deito na cama. A sensação de deitar em algo macio faz parecer que vamos afundar até o chão. Começo a pensar no meu amigo. Se ele estivesse conosco iria estar fazendo a festa aqui.

Ele estava maluco para chegar em Dover logo. Ele dizia que quando chegássemos aqui a guerra não demoraria tanto, já estaríamos no fim dela. Queria que fosse verdade.

"Queria que você estivesse aqui irmão." Falo baixo. Não sei porquê, mas meus pensamentos correm para a garota de olhos cor de mel e cabelo castanho liso.

Uma coisa que percebi, foi que o seu sorriso idiota não está mais no seu rosto. Era isso que eu queria, certo? E então por que tenho a sensação de querer vê-lo novamente?

Com os pensamentos a todo vapor acabo pegando no sono. A única coisa que vejo é um sorriso, com pequenas e fracas covinhas na bochecha. A pele clara, com algumas cicatrizes e restos de lágrimas. O rosto dela. Pequeno e frágil. Mas der repente o rosto dela se torna o rosto do Liam. "Você me deixou morrer." Ele fica sussurrando essas palavras várias e várias vezes. Suas palavras me machucam mais do que qualquer outra coisa.

{...}

Acordo com batidas em minha porta. Me levanto ainda um pouco atordoado. Respiro fundo e abro a porta.

Me desperto do sono na mesma hora que vejo. Poderia esperar qualquer pessoa do mundo, menos essa. Ela se encontra na frente da minha porta, seu rosto está molhado em lágrimas e ela está de toalha. Penso no pior..

"O que aconteceu?" Olho para o corredor. Dois soldados se encontram lá fumando e bebendo. Eles a comem com os olhos. "Preciso da sua ajuda." Ela diz com a voz dominada pelas lágrimas. Volto minha atenção para o seu rosto. Percebo que ela bebeu.

Em uma fração de segundos, ela deixa a toalha cair no chão propositalmente. Meus olhos percorrem seu corpo nu com rapidez. Já escuto os desgraçados falando merda.

"Garota!" Repreendo pegando sua toalha e a cobrindo. Ela tira sua toalha novamente e a joga no corredor. Os soldados começam a se aproximar rapidamente. Puxo ela para dentro do quarto e fecho a porta. "Você é maluca!?" Pergunto.

Ela fica de frente para mim. "Preciso que você me ajude." Ela limpa suas lágrimas. Tentei, mas não consegui não olhar. Observo seu corpo. É de tirar o fôlego de qualquer um.

Seus seios são fartos, sua cintura é fina e sua bunda é incrível. O corpo dela é.. perfeito.

Começo a endurecer dentro da minha calça. Fecho os meus olhos me forçando a parar. Fico com minha atenção apenas nos seus olhos vermelhos. "O..o que você quer?" Gaguejo. Eu gaguejei? "Eu preciso de clientes." Ela diz. Fico sem entender. "O que?" Pergunto. "Eu segui o seu conselho. Inclusive obrigada. Você me fez enxergar a realidade. Mas eu preciso de clientes." Ela diz completamente bêbada. Continuo sem entender.

"Eu to tentando me prostituir, mas até isso tá difícil. Eu tenho medo dos outros." Ela dá uma risada louca. Esse não é o seu sorriso que eu odeio. "Obrigada por abrir os meus olhos. Então, você pode ser o primeiro cliente, se quiser." Ela diz.

Que merda eu fui falar? Não acredito que ela me ouviu. Observo seus olhos. "Garota, eu não..." começo a falar. Ela se ajoelha na minha frente com pressa. Ela tenta tirar a minha calça. "Acho que vocês gostam disso não é?" Ele diz me olhando com dor através dos olhos.

Fico ainda mais duro só de imaginar sua boquinha vermelha em mim. Meu Deus não!

Puxo seus braços para que ela fique em pé. "Não vou deixar você fazer isso." Digo firme. "Ah, esqueci. Você tem nojo.." ela olha para o chão. "Esquece o que eu disse. Eu não queria falar aquilo." Falo. "Na verdade você não quer." Ela diz rindo.

Ela se solta e vai em direção a porta. Por um segundo fico hipnotizado no seu corpo, nem percebo que ela abre a porta. "Ei!" Volto a fechar e fico em sua frente.

"Você não vai sair assim." Digo. "Sou uma prostituta agora. Não ligo." Ela fala mais para ela do que pra mim e tenta sair. Vejo dor em seus olhos. Tranco a porta e guardo a chave no bolso. "É melhor você tentar dormir." Saio da porta e a observo. Vejo cicatrizes em suas coxas. Tenho vontade de perguntar o que foi. Pego uma camiseta branca minha e a entrego pra ela.

"Não vou dormir aqui." Fala. "Tá calor. Não vou vestir." Diz. "Coloca isso por favor." Peço. Meu pau dói dentro da calça. Apenas revira os olhos e pega a camiseta. Ela logo a coloca. Ficou enorme. Observo seu rosto por alguns minutos.

Ela é linda..

Suas curvas traçadas pelo tecido transparente me deixam curioso e ainda mais excitado por ela.

"Harry.." ela diz me fazendo sair do meu devaneio. "Vou vomitar." Ela fala. Reviro os olhos e a puxo para o banheiro. No mesmo segundo que ela se ajoelha no vaso sanitário, ela começa a vomitar. Seguro seu cabelo. Por incrível que pareça, seguro o riso pensando na situação.

Ela chega aqui pelada e bêbada pra gente transar e agora eu to segurando o cabelo dela enquanto ela vomita.

Depois de exatos três minutos assim, ela para de vomitar. Ela levanta, lava sua boca na pia e depois me olha. Seguro o riso novamente. "Eu te odeio." Ela fala. "Tá bom, eu mereço. Que tal você descansar?" Falo e saio do banheiro. "Me dá a chave." Ela tenta pegar no meu bolso. Desvio e seguro sua mão, levando ela para a cama.

"Descansa, eu vou ficar na poltrona." Digo e me sento na mesma. Ela desiste e deita na cama. Sorrio vitorioso.

Vejo ela olhando para os meus lábios. "Pensei que eu fosse inútil. Percebi que nem para ser puta eu sirvo." Ela fala. Olho para o seu rosto. Ela ainda está bêbada e nem vai lembrar disso amanhã. "Você não é inútil." Falo. Ela me olha com deboche. "Eu sei muito bem oque eu disse. Mas não era verdade, nada daquilo." Sou sincero.

Ficamos nos encarando por não sei quanto tempo. Até que me levanto e pego uma coberta pra ela. "Obrigada." Ela diz e se cobre. "Harry." Ela chama. "Diz.". "É a sua primeira noite aqui e essa cama é grande. Então já que você não vai me deixar ir embora, deita aqui." Ela fala.

Ela pede com a voz baixa e cansada. Penso em negar, mas realmente quero descansar um pouco. Me levanto, apago a luz e me deito na cama.

Nem sequer nos encostamos. Ela me dá um pedaço da coberta. Me cubro e tento relaxar. "Por que não quer me deixar ir?" Pergunta. Penso antes de falar. "Acho que você tá bêbada demais pra isso." Falo. Ela ri.

Sinto ela se aproximar devagar de mim. Suas mãos se encontram em minha barriga. "Acho que você já pode fazer esforço agora." Ela diz ainda bêbada. Em questão de segundos ela senta em cima de mim..

{..}

DUNKIRKOnde histórias criam vida. Descubra agora