DUNKIRK

•Capítulo 01•

HARRY STYLES

Estou completamente submerso a tudo ao meu redor. Sinto como se eu estivesse embaixo d'água. Não sei oque está acontecendo a minha volta. Não sinto dor. Sinto o sangue escorrendo pelo meu nariz e pela minha cabeça, mas não sinto dor alguma. Tudo está escuro, nenhum som é ouvido.

A sensação de vazio é desesperadora.

"Você vai pagar pelos erros do seu pai!" Esse único som é ouvido em um momento depois de muito silêncio. Uma luz forte é ligada em meu rosto me deixando cego por alguns minutos. Sinto a respiração quente em minha bochecha oscilando. "Você vai receber oque merece!" A mesma voz grita em meu rosto.

Quando consigo enxergar novamente, vejo ela. Observo seu pequeno rosto e desabo em lágrimas ao ver seus lábios vermelhos e seus olhos curiosos. Ela está linda, mas a cena que vejo me traz ânsias. Um homem está atrás dela. Ele está tocando nela e eu não consigo fazer nada.

Eu não faço nada. Vejo ela gritando por socorro e não faço nada.

     Abro os olhos com rapidez. As imagens do pesadelo estão frescas em minha mente, me deixando com o estômago prestes a jogar tudo para fora. Eu tento respirar fundo, mas todo o ar me falta, eu me sinto como se estivesse sendo enforcado.

Não é a primeira vez que sonho com isso, mas parece que fica pior a cada noite. Pensei que sumiria conforme o tempo passasse, mas a cada noite meus demônios vem me atormentar.

Olho para o lado e só assim eu consigo me acalmar. Minha noiva, minha garota, minha Lia. Ela dorme tranquilamente ao meu lado. Seus cílios grandes e escuros ficam espalhados no topo de suas bochechas coradas pelo frio. Me viro para ficar de frente pra ela e consigo me acalmar por completo.

Observo sua mão apoiada em sua barriga que já começa a crescer. Estamos na décima semana, nosso bebê já tem três meses de vida e na próxima consulta já vamos conseguir saber se vai ser uma menina ou um menino. Confesso que estou mais do que animado com tudo isso. Lia me devolveu a vida, mas essa notícia me fez mais vivo do que já fui um dia. Nunca me senti tão feliz em todos esses vinte e quatro anos. Sempre fui um homem simples, não arrogante, mas neutro. Mas agora, me sinto o homem mais feliz do mundo.

Por sorte, ela ainda não percebeu os meus pesadelos. Tenho certeza que ela ficaria preocupada e isso é oque eu não quero, ainda mais agora. Vejo ela abrindo os olhos lentamente e sorrio. Seus olhos confusos de sono me fazem esquecer qualquer sombra em minha mente. "Bom dia." Falo quando ela se espreguiça ao meu lado. "Bom dia." Ela fala sorrindo e logo olhando para a barriga.

Chego mais perto dela e dou um beijo na curva do seu pescoço. O cheiro dela é tranquilizador.

Ela sorri e acaricia meu cabelo que agora está maior do que já esteve antes. "Dormiu bem?" Ela pergunta e eu concordo com a cabeça. "Bom dia, como tá aí na sua casinha?" Falo baixo chegando perto da sua barriga. Ela ri e acaricia meu rosto. Deixo beijos espalhados em toda extensão agora inchada abaixo do seu umbigo. "Eu não vejo a hora de ver você, seja uma menina ou um menino." Digo e observo o rosto da Lia corar. Ela é tão linda.

"Você dormiu bem?" Pergunto. Ela sorri com malícia do jeito que eu ensinei. "Sim, apenas um pouquinho dolorida de ontem. A noite foi bem agitada." Fala e eu sorrio. Me lembro de tudo que fizemos e dou risada. "É senhora Styles, você me mostrou coisas incríveis ontem." Deixo um selinho rápido em seus lábios. "Senhora Styles? Não me lembro de você ter me pedido em casamento." Ela fala e eu dou risada. "Se prepare, está mais perto do que vocês imaginam." Falo e a puxo para cima de mim. Ela faz uma careta de dor e eu fico preocupado por alguns segundos.

Ela ri vendo a minha expressão de preocupação. "Relaxa, são só as minhas costas." Ela fala e deixa um beijo quente na minha bochecha. "Vamos levantar, antes que sua irmã pense que estamos transando." Ela fala saindo de cima de mim com cuidado. "Qual o problema? Que pense! Você não é nenhuma virgem e acho que isso está bem claro pra todo mundo." Falo rindo e ela me dá um tapa de leve na perna. Também me levanto e visto uma calça de moletom com uma camiseta preta já surrada. "Você se mexeu muito de noite." Ela fala tirando a camisola de seda branca incrivelmente sexy que usa para dormir.

Desvio o olhar dos seus seios inchados e penso no que ela disse. "Ah, eu.. tava com dor de cabeça." Invento. Não escondo nada dela, nada mesmo. Mas eu não quero que ela fique preocupada. "Você não comeu nada pra dormir, pode ser isso." Ela diz com um sorriso doce que me deixa bobo. Deixo um selinho em seus lábios e ela vai para o banheiro.

{...}

"Bom dia gravidinha!" Minha mãe fala animada quando entramos na cozinha. Fico sorrindo que nem um idiota ao ver o quanto elas se deram bem. "Bom dia Anne." Lia a abraça. "E bom dia papai." Minha mãe me beija. "Bom dia mãe." Falo sorrindo. "Eu estava esperando vocês, fiz panquecas." Minha mãe diz e eu me animo. "Meu amor se você visse como o seu marido era louco por panquecas na infância." Escuto e faço uma careta, fazendo elas rirem.

"Eu não era louco, eu sou louco por panquecas." Falo e me sento para comer. "Onde está a Gem?" Pergunto. "Ela foi na sua casa, parece que ela esqueceu algo importante no antigo quarto dela." Minha mãe diz e eu concordo.

Moro sozinho desde os meus dezenove anos. Com muito trabalho na padaria da cidade, eu consegui comprar uma casa bem espaçosa. Porém, nesse tempo que estou fora a casa não deve estar em condições boas, ainda mais para a Lia. "Preciso contratar alguém para dar um jeito na minha casa." Falo. "É verdade meu bem, daqui um ou dois meses vocês já devem começar a montar tudo para o bebê." Minha mãe diz.

Olho para a barriga da Lia e sorrio de leve. Nunca imaginei que eu iria voltar da guerra assim, tão feliz e tão completo. "Senta, ou sua coluna vai doer mais." Puxo uma cadeira pra ela.

Começamos a tomar café e não demora muito para a Gemma chegar. "Bom dia, desculpa o atraso. Precisei pegar alguns livros bem importantes para o trabalho." Ela fala lavando as mãos e logo se senta. "Como está a casa?" Pergunto. "Maninho, não dá para ficar nem por dez minutos lá dentro. Tá tudo muito empoeirado e mofado." Ela diz se sentando com a gente. "Por que não limpamos? Ao invés de chamar alguém?" Lia pergunta olhando pra mim. "A senhora nem pensar nisso." Deixo claro. "Mas eu ainda estou no começo da gravidez, não faz mal nenhum." Ela fala fazendo o bico de contradição.

"Ele tem razão filha, não é bom pra você nem para o bebê." Minha mãe diz e Gem também concorda. "Sei quem pode arrumar tudo." Falo e continuo comendo. "É quem eu estou pensando?" Gemma pergunta e eu reviro os olhos. "Sim." Falo. "Ah não! Não tem ninguém melhor?" Ela fala irritada.

"Gem, oque aconteceu foi passado. Esquece isso." Minha mãe diz. Observo o rosto confuso da Lia enquanto come. "Depois eu te explico." Falo e ela sorri.

Continuamos comendo e conversando pela manhã.

Coisas novas estão por vir!