Capítulo 66

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 MERLIA

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MERLIA

"Lia." Escuto devagar e acordo assustada. "Calma, tudo bem. Nós chegamos." Jackson fala.

Percebo que o trem parou e algumas pessoas começam a sair. O tempo está ainda mais frio aqui me fazendo arrepiar. "Hum para onde vocês vão?" Pergunto me levantando e sentindo todo os meus músculos doerem.

"Vamos mais para o centro de Londres." Cecília fala triste. Concordo com a cabeça. "Podemos partir?" Um soldado pergunta alto. "Só um segundo." Falo baixo. Ele olha pra mim e revira os olhos.

"Agradeço por tudo." Falo para Jack e Cecília. "Não é um adeus amiga." Ela diz chorando e me abraça. A abraço com força. Jack nos abraça juntas. "Cuidado Lia." Jack fala e eu sorrio de leve. Saio do trem antes que o soldado me expulse.

E agora estou aqui. Sozinha.

Antes de me deixar ser dominada pelas emoções de novo, decido procurar um táxi. Ando nas calçadas cheias de pessoas completamente sem rumo.

Decido pedir uma informação. "Com licença." Falo para um senhor que estava sentado em um restaurante. "Sim." Ele diz. "Acabei de chegar, como posso conseguir um táxi aqui?" Pergunto. "Ali na frente da lanchonete é o lugar mais fácil para pegar." Ele diz com educação.

Depois de tantos anos longe de Londres até me esqueci de como o nosso sotaque é bonito. "Muito obrigada senhor." Falo e sigo para onde ele falou.

Depois de alguns minutos, vejo um carro identificado como táxi. Aceno e o mesmo vem até mim e para. "Boa tarde. Nesse endereço por favor." Digo e entrego o papel. Peço a Deus que ele não cobre a corrida. O senhor concorda e sorri para mim.

Entro no carro e então ele dá a partida. Minhas mãos não param de tremer e soar. Ela vai saber quem eu sou? Vai gostar de mim? Vai me culpar por algo!?

Ah meu Deus!

{...}

"Senhorita, chegamos." O taxista diz. Meu coração se acelera ainda mais. Olho pela janela e observo uma casa bonita, simples e bem cuidada. "O senhor vai.. cobrar?" Pergunto. "Não estamos em tempos muito bons para isso não é?" Ele fala com um sorriso do rosto. Agradeço e ele vai embora.

Tento respirar fundo e não me desesperar.

Subo as escadas brancas e fico de frente para a porta de carvalho escuro. Respiro fundo e com as mãos trêmulas, aperto a campainha. Arrumo meu cabelo do jeito que consigo e fico esperando.

Depois de alguns segundos a porta é aberta com rapidez. Observo as duas mulheres na porta me olhando.

"Hã.. Anne?" Pergunto trêmula observando seus rostos. Sem nem falar nada a mulher de olhos azuis me abraça com força. "Não precisa dizer nada meu bem." Ela fala com a voz chorosa. E apenas com esse toque, me senti segura e em casa.

 E apenas com esse toque, me senti segura e em casa

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Assim começou a história "boa" da minha vida. A partir deste dia, eu fiquei com a Anne sua mãe e Gemma sua irmã. Elas são duas pessoas completamente incríveis e boas. Anne cuidou de mim como uma mãe cuida de sua filha, com amor e carinho. Gemma virou uma irmã pra mim.

Não quero ficar aqui para sempre, apenas vou passar um tempo como o.. Harry me pediu. Harry. Não se passaram dois ou três dias como eu imaginei, e sim duas semanas. E infelizmente perdi todas as minhas esperanças, tento ser forte quando estou com a Anne e a Gem, mas toda noite eu choro ao pensar no homem que eu sempre vou amar na vida.

"Ei Lia, nós já vamos." Gemma entra no quarto em que estou e se senta na cama. Seu sorriso é completamente radiante e perfeito. Sei o quanto ela também está sofrendo, mas invejo o quanto ela consegue esconder seus sentimentos difíceis.

"Ah tudo bem. Já estou pronta." Digo. "Vamos, a senhora Anne odeia atrasos." Ela cochicha e nós rimos saindo do quarto. Gemma é uma pessoa tão boa para conversar. Ela é carismática, animada e muito sincera.

"Meninas, vamos! Estamos atrasadas." Anne diz rindo. Observo seu sorriso e suas covinhas. Tudo me lembra ele.

"Demoramos tanto tempo para conseguir te trazer no médico querida, imagina se perdermos a consulta. Mas acho que você já está bem melhor. Você chegou tão magra." Anne diz quando entramos no carro.

"Já engordei cinco quilos." Falo e elas ficam felizes. "Que ótimo, acho que aquelas vitaminas estão ajudando bastante também." Ela diz e eu concordo.

Realmente, não pensei que estava tão magra até me olhar no espelho pela primeira vez. Assim que cheguei aqui elas me deram roupas e algumas coisas para a higiene pessoal. Não tenho como agradecer a elas.

Estou comendo bem melhor agora, mesmo não tendo muita fome. Ganhei peso e minha saúde está bem melhor. Eu acho pelo menos. Estamos tentando marcar uma consulta para mim desde o dia em que eu cheguei, mas imagino que os hospitais entejam lotados.

"Se Deus quiser você vai estar bem." Gem fala na frente. Sorrio. Me encosto no banco e fico pensando nele, como sempre. Ele aqui comigo, me abraçando e me dando carinho. Tenho tanto oque agradecer a ele.

A dor de perder alguém é aquela que dói na alma, aquela que não passa, só é amenizada, mas que sempre será lembrada. Só o tempo é capaz de amenizar a dor de perder alguém que amamos. A saudade e as lembranças são eternas, permanecem vivas, florescem e, como o amor, jamais morrem.

Continuo o caminho apenas pensando em tudo isso.

Assim que Anne estaciona, nós saímos e entramos no hospital. Por incrível que pareça, está mais vazio do que eu imaginava. Vamos até a recepção e Anne conversa com a mulher.

"Pronto, agora é só esperar. Vão fazer uma bateria de exames então vamos ficar um bom tempinho aqui." Anne diz se sentando ao meu lado. Concordo com a cabeça. "Eu vou na cafeteria do hospital." Gemma diz rindo. Damos risadas juntas.

Anne e eu ficamos conversando sobre os exames até que o médico me chama. "Qualquer coisa estou aqui." Ela diz e eu sorrio. Entro no consultório e começo a falar com o doutor com o nome de Joseph.

"Vi que a senhorita passou por muitas coisas e preciso dizer que está de parabéns por estar no meio disso tudo, ao meio de uma sociedade machista. Está de jejum?" Ele pergunta por fim. "Sim e ainda não fui no banheiro." Digo. "Então vamos começar com um exame de sangue e de urina." Ele fala.

Ele me entrega um pote e me mostra o banheiro. Faço tudo que é necessário para o decorrer do exame e logo entrego para o médico.

"Sente-se aqui, você vai sentir uma picadinha." Ele diz e eu me sento já me preparando para a agulha.

{...}

DUNKIRKOnde histórias criam vida. Descubra agora