•Capítulo 15•

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HARRY STYLES

Eu não me arrependo de nada do que fiz ou disse, seja para a Lia ou para outra pessoa. Nada me importa mais. Eu apenas queria ter minha filha nos meus braços e ela foi arrancada de mim da pior forma possível. Minha vida foi tirada de mim de uma forma cruel novamente.

Nada me machucaria mais do que isso.

Nem mesmo Merlia está em meus pensamentos agora. Eu apenas me fechei de tudo. Quando me deixei levar pela felicidade a tristeza venceu, então não vou mais me deixar levar. Nunca mais.

Apenas fico sentado no chão por um tempo indeterminado. Só quero que toda a dor desapareça de dentro de mim com uma simples doença que se cura com um medicamento.

Mas sei que nada vai curar isso que eu estou sentindo. Nem mesmo o tempo.

{...}

Depois de algumas horas sentado na mesma posição apenas remoendo tudo que sinto, escuto gritos fora de casa. Tento ignorar, mas algo está acontecendo lá fora.

Abro a porta que estava encostada e vejo um homem empurrando um morador de rua. O mendigo que estava com a Lia quando ela desmaiou.

"Sai daqui seu bêbado nojento e nunca mais toca na mulher dos outros!" O homem grita e o empurra. Depois entra dentro do bar que já estava fechando. O dia ainda está escuro, provavelmente são quatro da manhã.

Vou até o sem teto que cambaleia para os lados, o cheiro de álcool está em volta do seu corpo o deixando ainda pior e desagradável. Seus olhos estão escuros e dilatados, imagino que ele esteja drogado.

Me encosto no poste e o observo por alguns minutos. "O que aconteceu com aquela mulher grávida?" Pergunto e ele logo olha pra mim. Sua barba suja e grande tampa parte da sua boca quando ele diz. "Mulher grávida? Quer saber se eu engravidei alguma?" Ele diz com a voz arrastada.

Mantenho o olhar duro em seus olhos que apenas as luzes fracas dos postes iluminam. "Ela te entregaria comida, mas desmaiou de um momento para o outro." Falo e ele coça sua barba com um sorriso nojento.

"Está falando de Merlia Collins?" Ele diz e as palavras me surpreendem. "Collins? A conhece?" Pergunto. "É o sobrenome dela. E sim eu a conheço a muito tempo." Ele diz sorrindo e isso faz um turbilhão de pensamentos invadirem minha cabeça.

"Como a conhece?" Pergunto sem tirar os olhos dos seus. "A conheci em Whitechapel." Ele diz e se senta no chão.

"Nunca esqueci daquela garota, sempre foi uma garotinha especial pra mim, muito educada e linda." Depois de uns minutos em silêncio ele diz. Penso que não faz sentido nenhum um sem teto já de idade a conhecer desse jeito.

"Por que quer saber dela?" Ele pergunta me olhando. Continuo apenas o encarando com dureza no olhar. Meu maxilar está cerrado, assim como minhas mãos atrás das minhas costas. Não deixo minha confusão transparecer.

"Já sei, quer sexo com ela não é?" Ele fala me fazendo respirar fundo e ter a última gota de autocontrole. "Apenas quero saber mais sobre." Falo com a voz seca e forçada.

Ele seria um dos alemães? Não poderia! Como ele sabe tanto assim dela!?

"Ela era uma garota sensacional, fora de sério! Mesmo com pouca idade deixava qualquer homem maluco." Ele começa a falar ainda mais alcoolizado e eu cerro as sobrancelhas. "Nunca vou esquecer dos gemidos dela." Ele fala.

Parece que sinto meu sangue ferver no instante que escuto essas palavras saindo da sua boca. "Sentir a bocetinha pequena dela foi a melhor coisa que eu já presenciei." Ele fala colocando as mãos em sua virilha.

Eu escutei mesmo isso? A confusão é a única coisa que me faz ficar parado. Como assim!?

"As freiras do orfanato eram bem liberais." Ele diz rindo e se esfregando por cima da calça rasgada. E então tudo se encaixa em meus pensamentos. Todo o meu sangue sobe para minha cabeça no momento em que escuto essa última palavra.

No mesmo momento o seguro por sua camiseta e dou um soco em seu rosto fazendo seu nariz sangrar. "Seu desgraçado! Vai se arrepender de ter abusado dela!" Grito enquanto soco seu rosto varias vezes.

Me transformo em um animal! Eu estou pouco me fodendo para qualquer um que tentar me impedir! Ele abusou dela! Ele tocou na minha Lia. Ele fez minha filha morrer!

Ele tenta se defender, mas o álcool em sua mente o deixa ainda mais fraco. Nada mais importa! Eu vou matar esse filho da puta!

"Você matou a minha filha! Seu desgraçado imundo!" Continuo o socando várias e várias vezes até sentir seu corpo ficar sem forças. "Você vai morrer! Eu sei que vai!" Falo tudo que vem em minha mente com a raiva.

"Não, para por favor!" O desgraçado chora no chão. "Era isso que ela pedia seu monte de merda!" Grito entre o meu choro que nem sequer percebi. "Merda!" Grito.

Pensar na minha Lia sendo abusada por esse ser imundo a minha frente faz meu estômago se embrulhar. Ele a tocava e ela era apenas uma criança. Uma criança inocente sofrendo com o abandono da mãe.

E eu a deixei quando ela mais precisou de mim.

Uma lágrima desce por minha bochecha me fazendo pensar na minha garota. Fui tão dominado pelo medo e pela tristeza que não pensei na dor que ela está sentindo. A dor de perder um ser que estava dentro dela.

Observo o homem no chão. "Você vai se arrepender por tudo que fez! Eu te juro pela minha morte." Falo baixo para ele ouvir e saio o deixando lá.

Preciso falar com a Lia.

Feliz dia das crianças atrasado p vcs(:

DUNKIRKOnde histórias criam vida. Descubra agora