•Capítulo 11•

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Harry decidiu me acompanhar hoje e logo chegamos em casa.  Estou passando por longos minutos de tonteira desde que saí da cama hoje. Anne diz que é completamente normal durante essas semanas da gestação em que eu estou.

"Tudo bem?" Escuto Harry me chamando e abro os olhos. "Sim, eu to bem. É só aquela tontura de sempre." Digo e ele concorda. Assim que me levanto, sinto toda a minha energia se esgotando ainda mais. Meus ouvidos ficam com zumbidos me deixando ainda mais confusa.

"Eu também ficava assim na gravidez da Gem meu bem, a única coisa que me ajudava era limão. Fiz suco pra você." Anne diz me entregando um copo. Sorrio e tomo uma golada grande sentindo minha garganta arder.

Começamos a jantar. Todos conversam sobre o dia enquanto fico calada apenas comendo por causa do mal estar. Pensava que isso ocorreria apenas no começo da gravidez.

"Em poucos dias nossa casa já vai estar pronta." Harry fala orgulhoso e Anne sorri. "Vou ficar triste sem vocês aqui comigo." Ela fala chorosa. "O Connor vai te fazer companhia." Digo e ela ri enquanto Harry suspira. Anne conheceu o Connor e como eu imaginava eles se deram muito bem. Connor adorou o jeito de Anne e eu vi nos olhos dela que ela se interessou. "Quando você virou casamenteira?" Harry pergunta pra mim. Sorrio vendo sua cara de ciúmes.

Depois do jantar, não demorei muito para ir deitar. Além da tontura, meus pés estavam inchados me matando. Logo em seguida Harry deitou do meu lado e começou a fazer carinho em mim. Sentir sua mãos grandes em meu rosto e barriga me trazem uma paz interior.

"Vai ficar tudo bem, prometo." Ele sussurra deixando beijos em meu rosto. "Eu te amo." Falo baixo e encolhida junto ao seu corpo. "Eu te amo." Ele sorri e beija o topo da minha cabeça.

Não queria estar em nenhum outro lugar do mundo.

"Isso vai passar e nossa filha vai tá aqui com a gente." Ele diz baixo me fazendo sorrir. "Obrigada por me fazer feliz." Digo baixo e quase dormindo. Toda noite eu agradeço por Harry Edward Styles ter aparecido na minha vida. Se não fosse ele, nunca teria minha felicidade. Estou entregue a ele e completamente apaixonada por seus detalhes. Quando duas pessoas realmente se gostam, elas sempre darão um jeito de dar certo. Não importa o quão difícil seja o momento. Se dois querem, os dois conseguem.

Um dia alguém vai te abraçar tão apertado que todas suas peças quebradas irão se juntar novamente.

Abro os olhos com o barulho da porta e vejo Harry entrando com uma cesta pequena. "Bom dia. Trouxe uma coisinha pra vocês." Ele fala e eu sorrio deixando de lado meu sono.

Dentro da caixa há cupcakes, pãozinhos e frutas. Sorrio quando ele me dá um copo com suco. "Obrigada meu amor." Falo deixando um beijinho em seus lábios quentes e logo começo a comer. "Eu tive um pesadelo muito estranho." Falo engolindo. "Envolve você gritando meu nome?" Ele pergunta com malícia. Sorrio. "Pra falar a verdade sim, mas não de um jeito bom." Falo e ele da risada.

"É coisa da gravidez, minha mãe ja sonhou que me pariu em cima de um cavalo." Ele diz e eu dou risada. "Preciso ir, hoje o dia vai ser puxado. Te pego as seis." Ele diz e me beija. "Não precisa." Falo. "Fica quietinha." Ele diz e sai do quarto me fazendo rir.

Respiro fundo e me espreguiço.

Depois de uma hora, estou pronta e saindo do quarto. "Que bom que você melhorou das tonturas." Anne diz na cozinha. "Sim, eu to bem mais disposta hoje." Falo e ela sorri. "Hoje muitos soldados estão saindo do leito médico." Anne diz e eu sorrio. "Que ótimo. A cidade vai estar animada então." Falo.

Como eu imaginava, muitos homens estão saindo dos hospitais, ver as famílias chorando de alegria por terem seus homens de volta aquece meu peito de uma forma especial. Começo meu expediente rapidamente por conta do restaurante lotar mais cedo. Imagino que a saída dos homens tenha influência nisso.

Essa oportunidade de emprego me ajudou muito, eles entendem minha condição e sempre me ajudam quando não entendo algo.

Minha mãe ficaria orgulhosa de mim.

Deixo esse pensamento de lado e continuo meu trabalho.

O dia se passa tranquilo, até o momento em que comecei a limpar as mesas. Um grupo de homens que estavam sentados me chamam e eu vou atender.

Anoto o pedido deles e ignoro seus olhares maliciosos sobre mim. Como podem ser tão nojentos ao ponto de olharem desse jeito para uma mulher grávida? Agradeço pelo Harry não estar aqui.

Depois disso o dia se passou normalmente e bem rápido.

{...}

Quando fechamos o restaurante, vejo que um mendigo se encontrava na praça a nossa frente de costas para o restaurante. A minutos atrás eu vi ele catando coisas do lixo.

Durante a guerra, muitos perderam suas famílias e suas casas. Ninguém sabe a história de ninguém então precisamos ser empáticos com todos. Eu sei como é passar fome e não desejo isso para ninguém.

Eu estava levando um pouco de comida do dia para casa, apenas para ajudar no jantar. Mas ao invés disso decido entregar para ele. Atravesso a rua e passo pela praça. Suas roupas estão rasgadas e isso me dá pena por estar um pouco frio hoje.

"Boa noite senhor, queria te entregar um pouco de.." falo pela metade.

Quando observo seu rosto, todo o meu corpo congela. Sinto a sacola caindo das minhas mãos e se chocando no chão ao olhar em seus olhos sombrios. Meu corpo todo começa a tremer incontrolavelmente e minha boca se abre para conseguir respirar, mas o ar é cortado dos meus pulmões com o medo e a dor.

"É você?" Escuto sua voz que faz lágrimas pesadas caírem dos meus olhos sem controle. Ele se levanta a minha frente e eu me assusto chegando para trás.

"Você continua linda." Ele sussurra. O cheiro de nicotina faz meu estômago embrulhar ainda mais. Mas nada chega aos pés do nojo que sinto ao ver ele.

Nenhuma palavra sai da minha boca, eu apenas fico presa em meu próprio corpo. Sinto um movimento brusco junto com dor em minha barriga que me faz contorcer meu corpo.

"Quem fez isso com você?" Ele pergunta se referindo a gravidez. "Por..por favor n..não chega perto de mim." Gaguejo por estar apavorada.

"Mesmas palavras.." ele diz sorrindo. "Tenho saudades das nossas noites no orfanato. Não deixei de lembrar, mesmo depois desses anos." Ele diz e sinto um líquido quente escorrendo das minhas pernas. Ele se aproxima ainda mais e então perco todas as forças que me restava.

DUNKIRKOnde histórias criam vida. Descubra agora