Capítulo 11

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Acordo assustada com uma mão em meu ombro. Vejo Jack rindo na minha frente. "Desculpa, não queria te assustar." Ele fala. "Tudo bem." Digo sem graça.

Passo as mãos em meus olhos e me levanto devagar. Sinto meu corpo dolorido, talvez pela posição que dormi. Percebo que já está de manhã. "Obrigada por me acordar." Falo. Ele apenas dá um sorrisinho e volta a fazer suas coisas. Saio do chão e decido ir lá fora um pouco. Observo o céu completamente azul e sem nenhuma nuvem. O dia hoje vai ser quente pelo jeito. O cheiro da água salgada chega em minhas narinas. Respiro fundo e fico observando o clima.

Se tudo der certo, chegaremos em Dover logo logo. Já temos tudo planejado. Vamos chegar e nos esconder. Dizem que as pensões vão nos ajudar com abrigo.

Só espero que tudo dê certo..

{...}

Hoje, Gina me pediu ajuda para distribuir comida para os soldados. Estamos entregando um pequeno pote com macarrão e um copo de água. Os soldados ficam loucos quando começamos a distribuição. A imagem deles sempre vai permanecer em minha mente. Não sei se vou sair viva daqui, mas se eu sair, sei que vou levar tudo que vi aqui para a vida.

Imagino que seja duas da tarde quando vou para a parte de trás do navio. A maioria dos soldados já pegaram o almoço, mas Gina me pediu para andar pelo navio. Encontro mais três soldados e entrego o restante dos potinhos.

Quando eu estava voltando para a enfermaria vi um corpo no chão. Corro até o mesmo o mais rápido que consigo. Meu coração se acelera no mesmo instante. E se for um ataque!? No mesmo segundo que o vejo já imagino o que tenha acontecido. "Que foi!?" Ele pergunta completamente bêbado. "Você tá tomando remédio! Não pode ficar se embriagando!" Falo o olhando nos olhos. Respiro fundo e tento me acalmar.

"O que você tem a ver com a minha vida sua pirralha!?" Ele grita. Fecho os olhos com força. Por que ele tem que ser assim? "Por favor, eu to falando isso pra te ajudar." Falo baixo. Ele se levanta e chega bem perto de mim. O cheiro do álcool me faz torcer o nariz.

"Nunca pedi sua ajuda." Ele fala. "É o meu dever ajudar!" Falo firme. "Então ajude quem quer sua ajuda!" Ele grita. Respiro fundo e penso em Margareth. "O que aconteceu? Conversa comigo. Vai ser bom, conversar ajuda. Eu já ajudei muitos apenas com a conversa e.." começo a falar. "Cala a boca porra! Você não entendeu!? Eu odeio você, odeio seu sorriso, eu não gosto da sua companhia então vai embora e me deixa em paz caralho!" Acabo 'sorrindo' com sua crítica.

"Para de rir como se nada estivesse acontecendo! Estamos no meio de uma guerra! Pessoas estão morrendo porra!" Ele grita no meu rosto. Meu olhos se enchem de lágrimas.

Não vou chorar na frente dele.

Sinto sua mão em meu braço. Ele começa a apertar o mesmo. "Você tá me machucando.." falo com a voz trêmula. "Nesse navio sua função não é sorrir para as paredes garota. Ultimamente não está sendo nem enfermeira.." ele fala. O que ele quer dizer..

"Você se daria muito bem como puta." Ele fala com um sorriso sarcástico. De novo não... "Isso mesmo, uma putinha sorridente." Ele diz e me solta. "Se você tiver sorte, alguém vai ter coragem de te comer." Ele me olha nos olhos. Seguro ao máximo minhas lágrimas. Apenas me viro e sigo meu caminho.

Quando chego a enfermaria, desabo por completo. Todos dizem o mesmo. E se todos estiverem certos!? E se eu for melhor como uma prostituta!?

Deixo minhas lágrimas molharem meu rosto por completo.

DUNKIRKOnde histórias criam vida. Descubra agora