Capítulo 13

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HARRY

Estávamos indo para a linha de frente. Estávamos todos prontos. Meu melhor amigo e eu estávamos preparados para lutar por nosso país.

Até que um torpedo nos atingiu. A maioria dos soldados ali morreram, incluindo meu melhor amigo, o meu irmão. Eu estava na parte de fora, então consegui me salvar com a ajuda dos botes. Mas infelizmente ele não teve a mesma sorte. Lembro que ele tinha me falado que iria tentar dormir para estar bem preparado.

E eu o perdi...

Nunca pensei que iria sentir falta das suas piadas horríveis. Seu jeito de levar tudo na brincadeira e ser o cara mais brincalhão do mundo. Sempre que olhava pra ele, ele estava sorrindo. Não importava o momento, Liam sempre arrancava um sorriso ou uma risada de todo mundo.

Sem meu melhor amigo, tudo perdeu o sentido. Por que continuar? Por que continuar lutando em algo que sabemos que vamos perder? Levei um tiro de raspão que até hoje não sei de onde veio. E então aquela menina apareceu. Eu só estava esperando todo o meu sangue ser derramado para fora do meu corpo até que ela me salvou.

A morte se tornou um meio de escapar de tudo isso. Escapar da dor e do sofrimento. Não queria que ela me salvasse.

O pior é que ela me lembra ele. Seu sorriso, seu jeito de tentar aliviar a situação. E isso é o que mais dói. Não quero lembrar dele.

Não quero me lembrar porque dói ainda mais..

Estou fazendo de tudo para afastar ela de mim. Não quero olhá-la e muito menos conversar com ela ou ver seu sorriso. Liam iria me xingar se visse o jeito que eu a tratei. Nunca fui assim, não foi assim que fui educado em casa. Mas a guerra acabou com toda a minha essência.

A felicidade dela me dá ódio. Pode ser sim inveja, mas eu a odeio, a odeio por me fazer ser tão fraco.

Hoje falei com o general sobre o tiro que me atingiu. Ele mesmo disse que deveria ser um acidente e que eu deveria apenas esquecer e me cuidar. Faço o que ele disse. Apenas esqueci isso.

Quando eu estava saindo de sua cabine, ouvi um grito (feminino) e então vários soldados começam a correr até uma direção. Fico sem entender, mas faço o mesmo. Vou até a aglomeração de soldados.

Eles estão segurando um dos soldados do pelotão. Meus olhos descem para o chão e então vejo uma cena que me faz ter sentimentos completamente confusos.

Vejo seu corpo caído no chão. Sua cabeça e sua boca sangram. Seu braço se encontra com algumas marcas roxas e suas roupas estão rasgadas.

Sem nem perceber estou agachado ao lado do seu corpo. Levanto sua cabeça devagar e com cuidado. Ela ainda está respirando, mas está quase desmaiando. Antes de seus olhos se fecharem ela fala uma coisa. "Alemão." Ela diz bem baixo e então desmaia nos meus braços. Olho para o soldado no mesmo segundo. Acabei de entender tudo.

"O que está acontecendo aqui!?" O general pergunta quando entra no meio da aglomeração. Todos ficam quietos. "Jackson!" Ele chama assim que vê a garota. Em segundos Jackson aparece. "Ah meu Deus! O que aconteceu!?" Ele pergunta preocupado e logo vem até ela. Seguro seu corpo pequeno e coloco nos braços de Jackson. Ele logo desaparece com ela.

"Descansar soldados." O general fala para os dois soldados que o seguram. Encaro seus olhos azuis. Ele é o tal calado do pelotão. Como não pensei nele antes!?

"Quem vai me explicar o que está acontecendo!?" O general pergunta. "Nós apenas ouvimos o grito da mulher. Quando chegamos aqui ele estava agarrando ela." Um dos soldados fala.

"Se me permite a intromissão senhor. O senhor não acha muito estranho? Eu levo um tiro do nada, esse homem tenta abusar de uma garota que está conosco e ele nunca fala?" Aponto todos os fatos. O general parece abrir os olhos para a realidade. "Aposto que se ele falar, vai ser com um sotaque de chucrute de merda." Digo com raiva.

"Fale alguma coisa soldado!" O general manda já pegando sua arma. "Alemão filho da puta." Escuto alguns falando. Ele nos olha com um sorriso debochado.

"Vocês estão todos mortos." Ele fala com um sotaque carregado. Como eu imaginei.

Em questão de segundos, ele pega sua arma e atira em sua própria cabeça. Seu corpo cai ja sem vida.

"Desgraçado! Dê um jeito nisso." O general sai rápido.

Eu sabia que esse tiro não tinha vindo do nada. Eu deveria ter pensando nesse filho da puta antes. Respiro fundo e saio de lá. Apenas sigo meus pés. O primeiro lugar que eles me levam é até a enfermaria.

Penso bem antes de abrir a porta. Encontro Jackson segurando a mão da garota enquanto cuida dos seus ferimentos. Respiro fundo quando observo seu rosto machucado. "Alemão desgraçado." Falo baixo. "Como?" Jackson pergunta. Olho para ele. "Ele era um espião. Acabou de atirar na própria cabeça." Falo e volto minha atenção pra ela.

"Nunca fui com a cara daquele tal de Robert!" Ele falou se lembrando. Ignoro. "Como ela está?" Pergunto. Sinto o olhar dele em mim. "Bem. Felizmente a pancada não afetou sua cabeça e sua boca já vai desinchar." Fala.

Será que ele fez algo a mais com ela?...

Eu a odeio, é verdade. Mas não sou um monstro ao ponto de querer ver ela morta..

"Cuide dela." Falo apenas isso e saio de lá. Vou atrás da única coisa que me mantém bem aqui...

DUNKIRKOnde histórias criam vida. Descubra agora