Capítulo 19

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Serkan Bolat

Olho para ela dormindo ao meu lado e penso como pude não enxergar todo o sofrimento que ela passou? Como pude não enxergar a verdadeira face da minha mãe. Eu sei que quando ela quer, ela pode ser bastante ardilosa, mas isso? Ela foi longe demais. Paro para pensar em todas as vezes em que Eda esteve mais triste e abatida e todos coincidem com um encontro com a minha mãe. Eu nunca associei a ela porque sempre achei que fosse a Selin. Eda logo sentia algo e íamos embora para casa. Ou então grudava em mim durante toda a noite. Como eu pude ser tão burro?

Levanto da cama e vou para o andar debaixo tentar pensar em algo que não seja isso, mas é impossível. Principalmente quando a raiz do problema aparece bem na minha frente. Meu telefone toca e vejo o nome da minha mãe na tela. A vontade que eu tenho é de gritar com ela e perguntar como ela pode ser tão ruim assim. Como ela se transformou em uma pessoa tão cruel. Mas não agora. Eu preciso organizar minha cabeça antes de ter essa conversa, porque ela será muito longa.

Ligo para Leyla e pergunto se algum assunto exige minha atenção imediata. Ligo o computador e começo a dar uma olhada em alguns documentos que ela me manda, quando sinto seus lábios tocarem a minha pele. Eda beija meu pescoço e me abraça forte por trás.

- Oi

Me viro para ela e a contemplo

- Oi. Se sente melhor?

- Muito melhor. É claro que isso deve ter sido devido ao meu travesseiro fofinho e quentinho.

- Hmm, bom saber que agora virei um travesseiro.

- Um bem gostoso.

Ela sorri e senta no meu colo. Ficamos assim por algum tempo, eu revisando o documento e ela abraçada comigo. A paz que eu sinto é sem igual.

- Serkan?

- Hmm?

- O que... hmmm... você sabe... o que nós... - Ela começa a gaguejar e paro o que estou fazendo para olhar para ela.

- O que nós... o que, Eda?

- Ah, você sabe. O que nós... o que nós somos agora?

Eu tento ao máximo não mostrar a graça que achei disso, mas não consigo. Eu escondo meu rosto em seu ombro e começo a rir.

- Serkan! Pare de rir de mim. Eu estou falando sério.

- Ah, querida, eu sei disso. Mas foi engraçado. Parece até que somos um casal de adolescentes. Mas respondendo sua pergunta, nós somos nós. Sem rótulos. Eu sei que você irá fugir no instante em que eu determinar o que somos, então vamos ser só nós mesmos. Duas pessoas que se amam. Eu que amo você um pouquinho e você que me ama mais do que a própria vida. É capaz até de se jogar na frente de um carro por mim.

- Serkan!! Para! Como você é besta. Todo mundo sabe que você é quem lambe o chão onde eu piso, querido. E se duvidar se faz tapete para eu pisar.

Ela completa e me vingo dela fazendo cócegas até ela chorar de tanto rir. Ficamos na nossa bolha até o telefone dela tocar. Vejo o nome da tia Ayfer na tela e sinto Eda mudar.

- Tá tudo bem?

Pergunto e ela só assente. Ela encerra a chamada e manda uma mensagem no lugar. Depois disso tudo parece mais frio. Eda está mais tensa e nervosa. Tem coisa aí.

- Serkan... Tem uma coisa que eu preciso te contar.

Ela se senta ao meu lado, mas seus olhos não encontram os meus.

- O que foi, Eda? Esta tudo bem com a tia Ayfer? Aconteceu alguma coisa entre vocês duas?

- Não, não é isso. Estamos bem, como sempre. É... é outra coisa muito mais importante. E eu... eu estou com medo de contar a você. Estamos tão bem agora, não quero que esse erro mude isso.

Alma Gêmea✔Onde histórias criam vida. Descubra agora