Capítulo 10

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Serkan Bolat

Entro em casa e vejo o sol me abandonar e o tempo ficar nublado, igual eu me sinto no momento. As palavras dela ainda ecoam na minha cabeça.

Nós não somos nada um do outro.

Eu sei disso. Todo mundo sabe disso, mas ainda dói ouvi-la ser tão incisiva. Eu não queria admitir, mas foi tão bom estar com ela na noite passada. E nem digo pelo sexo, que foi incrível, mas o simples ato de dividir a cama com ela. De sentir seu cheiro ao meu lado, fizeram meu coração acelerar. Eu não dormia tão em paz há muito tempo.

Abro a porta de casa e sou recebido pelo seu ar gélido. O peso da solidão e a ausência da Eda retornam. Por isso era perigoso ficar tão perto dela. Quando nos divorciamos, eu senti meu mundo ruir. Eu sentia meu coração se partido a cada minuto que eu não a via mais em casa. Foram meses difíceis e só Engin sabe o quanto.

Depois que me mudei e praticamente a exclui, consegui respirar novamente. Me sentir vivo. Me sentir... eu. Eu tranquei qualquer sentimento que ainda tivesse por ela. Qualquer coisa que remetesse a ela e consegui. Foi assim que sobrevivi ao primeiro ano. E nos anos seguintes, acabou sendo mais fácil. Mas agora, depois dessa aproximação, eu sinto tudo o que guardei voltar a tona e me sufocar.

Tranco a porta atrás de mim e acendo a luz da sala. Preciso beber para me anestesiar depois de hoje. Sigo para o bar e preparo meu bom e velho whisky. Viro o primeiro copo, sentindo o álcool queimar minha garganta e encho o copo de novo.

- Não beba demais.

Dou um pulo com o susto que levo ao ouvir a voz da minha mãe, que estava o tempo todo sentada na poltrona da sala. Mas o que?

- Mãe! A senhora quase me matou de susto. O que faz aqui?

- Hmm, matar de susto é pouco depois do bolo que você me deu para o jantar e para as milhões de ligações não atendidas.

Estava demorando. Ela levou até mais tempo do que imaginei para tirar satisfação.

- Mãe, como eu disse na mensagem de desculpas, algo surgiu e eu não pude ir. Por favor, não exagere. - viro mais um copo, porque só bêbado para aguentar os dramas da minha mãe. Até que me lembro que eu era quem deveria pedir explicação. - Na verdade, vamos falar desse jantar que você armou para mim.

Ela desvia o olhar como quem é culpada. Ah dona Aydan. Ah

- Você convidou uma louca e ainda disse que éramos namorados. Mãe!

- Eu não disse isso a ela.

- Não foi o que ela disse, quando veio ao meu trabalho e ficou me chamando de meu amor como se fossemos amantes de longa data. A senhora sabe o sufoco que eu passei pra me livrar dela?

- O que foi que você fez, mesmo? Para ela nem se quer atender minha ligação? Só deixou uma mensagem dizendo que estava extremamente ofendida e se sentido usada. O que você fez pra pobre menina, Serkan?

- Mãe!

Me seguro para não perder a paciência. Já estou com os nervos a flor da pele. Preciso liberar minha tensão antes que eu exploda. Ela me observa com os seus olhos astutos e se aproxima de mim.

- Aconteceu alguma coisa. Você está muito tenso e seu olhar está diferente. O que houve? Problemas na empresa?

- Não é nada, mãe. Só estou cansado. Foi um dia cheio e só quero relaxar na paz e no silêncio da minha casa. Entendeu?

- Hmm

Ela retorce a boca, percebendo que eu quero que ela vá embora. E eu quero muito.

- Tá bom, eu entendi. Você quer que eu vá. Tudo bem. Eu vou. - Graças a deus!! - Depois que você me disser que história é essa de esposa? Ou você achou que eu vim aqui pra nada?

Alma Gêmea✔Onde histórias criam vida. Descubra agora