O que lhe faltava era a presença, era simplesmente isso. Gabriel fora passar uma semana com familiares, amigos e sua noiva e não passara mais de 2 horas na companhia de Claire. Era por esse motivo que ele titubeava, estava sempre embriagado pela presença de Lady Lilian e nunca pela presença de sua noiva. Depois do incidente no lago sua relação com a prima de sua noiva havia sido cordial, ninguém falava sobre o ocorrido, eles se cumprimentavam e tinham conversas amistosas, nesse ritmo já haviam se passado quatro dias, e mesmo há uma distância segura e cordial Lilian ainda estava muito próxima. A solução mais viável seria se ela tivesse em Londres e ele em Kinlet, com estradas e florestas os separando.
Decido a não mais tolerar a teimosia de sua mente, Gabriel convidou Claire para passar pelos jardins da propriedade, sua noiva pareceu indecisa e confusa com o convite, mas o aceitou.
- Devo admitir que estou surpresa com o convite.
- Parece que há séculos não lhe vejo.
- Não seja dramático, é impossível sentir saudades de mim, nos vemos a cada minuto do dia.
- Menos nos minutos mais importantes, mas isso será uma questão de tempo, e então passaremos todos os minutos importantes juntos.
Claire respirou fundo e ofereceu um sorriso discreto.
- Claro que sim, não poderia ser mais feliz.
- Minha missão na vida é será fazer de você a duquesa mais amada e feliz.
- Gabriel... O casamento é mesmo um momento importante para você, não é? Pergunto por que nem todos os homens têm essa visão.
- Nem todos os homens tiveram a sorte de ter pais como os meus. Poucos são os nobres que vivenciam o afeto. Meus pais eram devotados um ao outro, assim como nós, eles estavam destinados. O amor entre eles era quase palpável, acredita que para ele nunca houve outra mulher? Em mais de 20 anos de casados, e 28 até se encontrarem, ele afirmava com certeza que jamais, em toda sua vida sentirá algo parecido por alguém. Estou certo de que temos esse mesmo tipo de amor.
- Hmm, lembro-me como seus pais estavam sempre juntos e como pareciam confortáveis na companhia um do outro. Já se sente mais preparado após a morte do duque?
Ele não deixou de notar a sutileza com a qual ela mudou de assunto. Claire lhe parecia estranha.
- Não acredito que estarei confortável um dia, mas doe menos sempre que me lembro dele. Papai a adorava Claire, será uma honra tê-la como esposa, e saber que o agradarei.
- Fico imensamente feliz com isso.
- Não parece.
- Como? – ela finalmente olhou para ele, seus olhos de um azul infinito não demonstravam nenhuma emoção brilhante, era como se estivessem se escondendo.
- Você está quieta, e nem um pouco empolgada, enquanto eu estou aqui abrindo meu coração.
- Você não está abrindo seu coração, está me contando histórias que não são suas, com uma emoção que não viveu. Na verdade, está compartilhando desejos.
- Desejos que te incluem, achei que estava sendo claro, mas já que não estou.
Parou ao lado da fonte, e segurou as mãos de Claire junto ao seu rosto. Aquele era o momento decisivo onde ele deveria desnudar seu coração. Gabriel respirou fundo, e disse as palavras mais verdadeiras possíveis, qualquer dúvida que ele tivesse naquele momento era irrisória, definitivamente era a imaturidade que levava sua mente em direção a outra mulher. Naquele momento, naquele jardim, sobre o sol da tarde, Claire era a única mulher que estava em sua mente, fosse para o fosse, ela era perfeita para ele, para vida que ele imaginou.
- Claire, você é a mulher que eu preciso. E eu amo tudo em você. Seremos felizes, com uma linda família. Somos amigos desde sempre, e agora falta pouco para estarmos juntos para sempre.
Claire ouvia as palavras de Gabriel, se esforçando para demonstrar felicidade, mas seu coração só conseguia sentir arrependimento. Não por estar tramando contra Gabriel, não por estar esperando o filho de outro homem, não por ter se apaixonado por outro homem. Claire estava arrependida por não amar Gabriel o suficiente, queria poder, desejava que naquele momento, há um ano, no exato dia que conheceu o amor de sua vida, tivesse se dado conta de não era Daniel, e sim Gabriel. Mas o coração é traiçoeiro, e a paixão é uma emoção volitiva, ele escolhe quem ama sem se preocupar com regras e compromissos, o amor não tem empatia, é egoísta, assim como ela estava sendo naquele momento.
Por isso, Claire deixou escapar algumas lágrimas, que eram um pedido silencioso de perdão, que Gabriel jamais entenderia. Ele interpretou o choro como emoção, e abraçou apertado, enquanto murmurava palavras doces, e Claire balançava a cabeça em afirmativo, dizendo aquilo que ela de fato sentia, mas não da forma que ele esperava.
- Sim, meu querido seremos felizes, saiba que eu sempre te amarei muito, acima de qualquer coisa.
Claire esperava, que Gabriel se lembrasse daquelas palavras para o caso de algum dia descobrir a verdade.
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Jamais engane um duque
RomanceLilian decididamente não queria ter nada a ver com a sociedade londrina e suas restrições, não necessitava ser aceita, não desejava ser aceita e o melhor, não precisava, tinha inteligência, fortuna e amor o suficiente de sua família para jamais prec...