Jaqueline Courtier, a condessa de Doncaster e mãe de Lilian, sempre soube como fazer grandes entradas. É claro que ela não esperaria até a manhã ou tarde do outro dia para anunciar sua presença, é claro que ela nem mesmo esperaria na sala de estar. Ela não era uma mulher que via qualidade em pausar o tempo, aguardando quando poderia estar fazendo alguma coisa.
Lilian ficou apavorada, ela pouco tinha pensado na reação de seus pais ao seu casamento, eles acreditavam na independência de seus filhos e na total excelência de sua criação. Jamais um Courtier cairia numa situação em que se visse refém, jamais uma Courtier sofreria por decisões erradas, porque apenas não as tomam, e se as fazem seguem em frente, sem arrependimentos, apenas a constatação da necessidade do engano para o aprendizado. Como explicaria a sua mãe a rede de enganos que se submeteu? Como explicaria a seus pais que tudo que eles desejaram para ela, amor inesgotável, compreensão e companheirismo, eram inexistentes no seu casamento?
Ela não sabia o que fazer, olhou para Gabriel que estranhamente parecia divertido. Ele pigarreou antes se virar e encontrar sua sogra.
- Condessa, boa noite.
- Vejo que é uma excelente noite para vocês, por favor, não se incomodem em me cumprimentar com beijos, abraços e apertos de mão, não acho que seja muito adequado agora.
- Como se você ligasse para o adequado... Quem invade uma casa de madrugada maman? – Lilian desceu da mesa e se concentrou na mulher diante dela. Divina como sempre, sua mãe era uma deusa.
- Vim fazer uma visita a um casal ingrato. Como me diz apenas o básico? Ma petite déesse, sua pobre e velha mãe precisa de detalhes, cartas mais precisas, relatórios extensos da sua vida nessa prisão ornamentada que é a Inglaterra.
- Onde vocês vão ficar?
- Ah, seu pai foi direto para a casa de campo, você sabe, ele não quer holofotes, seus irmãos devem chegar em algum momento, ou não. E eu ficarei por aqui algum tempo, talvez uma ou duas noites.
- Para apreciar a sociedade londrina?
- Devo dizer condessa, a senhora será uma visão e tanto nos salões. – Gabriel a elogiou.
- Eu gosto disso, um homem que reconhece beleza, vejo um motivo para ter se casado com minha pequena deusa, espero que não tenha sido o único ou minha filha fez um péssimo negócio, deixando-se laçar por quem reconhece sua casca, mas não sua alma.
Sua mãe sabia? Era impossível não saber sobre a estadia de Gabriel, e todo tempo que ele passou fora, mas ela sabia de tudo? O tinha visto por lá?
- Sou feliz por apreciar e reconhecer ambos, condessa.
- Me chame de Jaqueline. Agora, onde fica meu quarto?
*****
Um ponto positivo daquela visita inesperada, era ter evitado o constrangimento que se abateria sobre eles após o que teriam feito. Lilian ainda irradiava uma frustração irritadiça, enquanto seguia com sua mãe para o quarto de hóspedes.
- Ora não pareça tão irritada, no mínimo você poderá retomar suas atividades assim que me deixar nesse quarto.
Como se ela e Gabriel fossem se encontrar como dois amantes afobados e apaixonados.
- Estou envergonhada.
- Por ter sido pega num ato passional, ou por ter se casado sem que sua família soubesse mais que nome e título do rapaz? Mal sabemos se isso faz dele digno de você.
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Jamais engane um duque
RomanceLilian decididamente não queria ter nada a ver com a sociedade londrina e suas restrições, não necessitava ser aceita, não desejava ser aceita e o melhor, não precisava, tinha inteligência, fortuna e amor o suficiente de sua família para jamais prec...