Amanhecer em um quarto diferente não a assustou, o que a preocupou foi a badalada que acertou seu coração quando ela percebeu que Gabriel não estava ali. Não foi um bom dia do seu marido que a acordou, imaginava que assim eram assim que as coisas funcionavam, quartos separados.
Lilian revirou-se na cama, e memória da noite anterior a confortaram, o Gabriel de ontem parecia encantado e devotado a ela, como se nenhuma outra mulher já tivesse existido em sua vida. Ela poderia lidar com esse Gabriel, poderia se divertir. Mas havia outro, havia aquele que tinha deixado ela na cama e corrido para o outro quarto. Será que ele tinha medo de chamar o nome de Claire enquanto dormia?
Doroth entrou no quarto e a ajudou a se despir para o banho.
- Senhora, todos estão comentando sobre como o duque foi romântico, carregando-a pelas escadas.
Lilian se limitou a dar um riso fraco, e aproveitou a deixa.
- Doroth, por acaso sabe onde se encontra meu marido?
- Ele está no escritório, pediu que fosse informado assim que a senhora estivesse pronta para o café.
- Certo, pode avisá-lo que descerei em instantes.
Arrumada, mas não muito, ela aguardou o marido para o café da manhã. A mesa imensa preenchida de ponta a ponta poderia alimentar dezenas de pessoas. Ela nunca comia tanto pela manhã.
- Olá, se importa em me dizer para onde vai o que sobra dessa comida?
Lilian se dirigiu a um dos homens que esperavam para servir.
- Perdão senhora?
- Bem, não acredito que eu e o duque comeremos tudo isso.
- O restante é jogado fora.
- Toda essa comida... Qual é o seu nome rapaz?
- Christopher, milady.
- Pois bem, Christopher, estou certa de que deve haver pessoas necessitadas por aqui, incertas sobre o pão de cada dia.
- Como em toda a Inglaterra, senhora.
- Vou deixá-lo encarregado de uma tarefa. Conversarei com a cozinheira, certamente não precisamos de tanta comida, mas quero que ela continue a fazê-la em grande quantidade, iremos distribuir para quem precise.
- Senhora...
O rapazote estava pasmo. E Lilian riu, esquecendo-se que aquela não era uma atitude comum a nobreza da qual agora ela fazia mais parte do que nunca.
*****
Gabriel estava concentrado quando o avisaram que sua esposa o aguardava. A vergonha o assolava, nunca imaginou submeter uma dama a tal tratamento, não dera a Lilian uma primeira noite como ela merecia, adequada e respeitosa, em uma cama com lençóis ao invés de um tapete na biblioteca.
Ele foi até ela obstinado a desculpar-se. Precisavam chegar a um acordo sobre o casamento. Lilian não merecia um marido ausente e distante, mas ele tão pouco poderia prometer amá-la, não se senti livre para isso. Tinha imaginado outra vida, desistir de um sonho justo quando estava perto de realizá-lo leva tempo. Foi impossível não comparar Claire e Lilian na igreja. No dia do seu casamento ele sentia culpa. Teria que lidar com as consequências do seu ato, ele não era um poço de inocência, tinha desejado Lilian, sonhado indecentemente com ela... Mas ela não poderia ser a mulher onde ele descontava suas frustrações, nem poderia ser uma eterna lembrança da sua culpa e do seu fracasso com o amor perdido.
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Jamais engane um duque
Lãng mạnLilian decididamente não queria ter nada a ver com a sociedade londrina e suas restrições, não necessitava ser aceita, não desejava ser aceita e o melhor, não precisava, tinha inteligência, fortuna e amor o suficiente de sua família para jamais prec...