Londres, 1832
Do que valia uma boa mente se ela insistia em fazê-la recordar momentos odiosos? Lilian sabia que era uma péssima ideia comparecer àquele baile, sempre era uma péssima ideia aparecer em festas que ela não tinha acesso a lista de convidados, vivera grande parte dos últimos anos assim, afastou-se de Londres para não precisar evitar convites, agora de volta, e após pisar no salão ela sabia que não deveria ter aparecido.
Insistiu que Daniel a acompanhasse, pois ele sempre a fazia rir com seus comentários ácidos. Ele tinha a abandonado brevemente para ir atrás de uma bebida, mas pela demora ele encontrou um rabo de saia. Olhou pelo salão esperando ver Claire, para que pudesse cumprimentar os noivos e sair. Seu coração vacilou com o que viu, anos depois ela ainda enjoava ao vê-los, e seu humor piorou consideravelmente quando percebeu que Felicity Cavendish caminhava em sua direção com um sorrisinho no rosto, era ridículo quanto tempo ela conseguia manter isso.
Felicity se aproximou da mesa da comida e olhou para frente ao falar com Lilian.
- Vejo que resolveu dar as caras Lady Lilian.
- Em algum momento eu estive escondida Lady Felicity?
- É Lady Cavendish.
- Como queira.
- Não, não querida, como William quis. Por que foi o aconteceu não foi? Ele escolheu a mim.
- Nas poucas vezes que me lembro do seu marido, eu costumo me perguntar se foi você que o encantou ou a influência de seu pai.
- O importante é que eu sou uma baronesa, e você não passou de divertimento.
- Sempre me pareceu alguém que realmente contenta-se com pouco.
- Pouco? Eu sou uma senhora, uma dama influente e respeitada, todos me oferecem convites, eu sou bem-vinda, querida. E você, o que tem?
- Amor próprio eu diria, poderia me arriscar a dizer, que o amor de seu marido também se considerarmos quantas cartas ele me enviou, ou como ele fica nervoso em minha presença. Além do mais, tenho terras, um cérebro que funciona e dinheiro nunca me faltou.
- Serpente traiçoeira, mulher infeliz! Você nunca terá o respeito ou a admiração da sociedade, no que depender de mim será sempre uma solteirona manchada por um escândalo, a marca da desonra.
- Nós duas sabemos que eu jamais fui desonrada.
- Exatamente, e apenas nós duas sabemos.
- E seu marido. Que imagino que se quiser continuar tendo dinheiro para festividades jamais dirá nada. Oh, triste de mim.
Lilian fez um gesto teatral ao colocar a mão sobre a testa.
- Você deve ir embora, não a quero na presença do meu marido.
- Sinto em lhe dizer que não pretendo ir, retire o seu marido da minha presença.
Lady Felicity expressou seu descontentamento em uma paleta de cores, ficou branca, depois laranja, seguida do vermelho que Lilian imaginou ser de raiva, e então saiu ostentando um tom amarelado característico de sua pele. Em poucos minutos viu olhares em sua direção, e um que conhecia muito bem, William Cavendish, o responsável por sua ruína, sua mente a traiu, e a levou há cinco anos.
Há cinco anos Lilian era uma mulher diferente, na verdade não era ainda uma mulher, era mais uma garotinha entusiasmada com a vida. William por sua vez, era um rapaz crescido e bem informado. William chegou à vida de Lilian quando ela tinha 16 anos, um poço de inocência. Ele apresentou-se como amigo de seu irmão, era um jovem barão inglês aos 21 anos que fora passar um tempo na França após anos na universidade.
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Jamais engane um duque
RomanceLilian decididamente não queria ter nada a ver com a sociedade londrina e suas restrições, não necessitava ser aceita, não desejava ser aceita e o melhor, não precisava, tinha inteligência, fortuna e amor o suficiente de sua família para jamais prec...