Capítulo 7

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Era bom sentir a brisa fresca levantar seus cabelos, nunca fora do tipo amante de campo, mas apreciava a paz. Lilian acordou antes de todos, até mesmo dos criados, e caminhou até o lago para apreciar o nascer de um novo dia. Afundou os pés nas margens, sentindo a água fria lhe proporcionar arrepios, precisa de algo que a fizesse se sentir alerta, afinal hoje era o grande dia.

Fingia tão bem para os outros que quase acreditava quando dizia a se mesma que as palavras de Gabriel não a afetaram. Ela simplesmente não esperava que ele a tivesse em tão baixa conta. O que faria se o plano desse errado e tivesse que casar-se com ela? Como ela sobreviveria ao lado de um homem, lindo e educado e discreto que não respeitava seus pensamentos e não tinha um pingo de bom humor?

Fadada aos desmandos da sorte Lilian se sentou em uma pedra, e permaneceu em silêncio, observando a alvorada. Percebeu passos se aproximando e imaginou que fosse Daniel, ela a havia levado até ali para acalmar seus nervos a noite, dissera que o barulho da tranquilidade sempre nos guiava para o caminho certo.

- Estou esperando o barulho da tranquilidade me guiar. – Ela dissera de costas.

- Acho que não entendi.

Gabriel, o duque estava ali perturbando sua paz.

- Se veio para enumerar mais motivos para provar que eu não sou adequada, peço que pare, eu tenho um exemplar desse livro.

- Na verdade, vim pedir que me perdoe.

Lilian se assustou ao perceber que ele estava ao seu lado, usando apenas uma calça e sua blusa de linho e um roupão. Tão mundano, diferente do duque polido da noite.

- Perdoar-lhe por expressar sua sinceridade?

- Perdoar-me por expressar o que os outros pensam.

- Por que considera o que outros pensam ou dizem? Nem todos são gênios, e mesmo que fossem não significa que estão certos.

- Lady Lilian.

- Pode me chamar de Lilian, milorde.

- Lilian. – Seu nome saiu mais como um sussurro. – Não tenho destinado o melhor dos tratamentos a senhorita, apenas entenda que de um modo que não posso explicar a senhorita me perturba.

- Não devia se deixar abalar, afinal é um duque.

- Me incomoda que tenha ferido seus sentimentos.

- Sabe, pedir perdão é um ato que exige muita coragem, mas as vezes pouca sinceridade. Nunca sei ao certo os motivos que levam a isso. Está me pedindo perdão por verbalizar o que de fato pensa, ou apenas por tê-lo dito?

- Estou pedindo que perdoe tudo. Não penso mal da senhorita, muito pelo contrário, a acho admirável, seu cérebro me encanta.

Lilian que tinha permanecido todo tempo com os olhos no horizonte, virou-se para olhar o duque. Tinha que lhe dar algum crédito, o homem parecia sincero.

- Sabe vossa graça, imagino que seja melhor ver o nascer do sol de uma outra perspectiva.

Lilian desatou o nó do roupão.

- Diga-me, quantas vezes nadou nesse lago?

- Algumas.

- É como é?

- Fundo.

- Não sabe nadar, vossa graça?

- Sei... Lilian, por favor, não.

Jamais engane um duqueOnde histórias criam vida. Descubra agora