Capítulo 31 - último

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Ar puro, o vento soprando, o sol aquecendo sua pele e o maior tédio da sua existência. Então assim era a liberdade? Há três meses Lilian experimentava uma vida sem marido, mas dessa vez por uma escolha própria. Sem arrependimentos, sem saudades. Ela estava com a família, com sua irmã que não via há tempos. Ela estava feliz, feliz e mortalmente entediada. Talvez devesse correr de volta a Londres, esperar um navio e partir pelo mundo caçando aventuras.

Lilian tinha traçado um plano minucioso para os próximos anos de sua existência conjugal e de solteira, o qual sua irmã questionou fervorosamente com os mais diversos argumentos.

Lilian: Não verei Gabriel além do necessário.

Katherine: O necessário já é muito.

Lilian: teremos um casamento apenas no papel.

Katherine: continuo achando confortável para ele, qual a diferença de como passou os últimos anos?

Lilian: não posso pedir o divórcio agora.

Katherine: e quando será uma boa hora? Nunca!

Lilian: meu envolvimento no centro tornou-se público, seria desastroso para os que dependem da instituição.

Katherine: podemos lidar com isso.

Lilian: recebo convites para visitas e investimentos a todo tempo, até agora aceitei uma e foi tudo extremamente distante.

Katherine: foi tudo extremamente torturante.

A cada empecilho, Katherine Coutier tinha uma solução, a cada interrogação de Lilian, sua irmã surgia como um ponto final, que Lilian transformava em uma reticência, então Katherine perdia a paciência e iam para as exclamações. O último argumento, era o mais solido de todos.

Katherine disse, com um suspiro de exaustão e paciência esgotada "sinceramente não acho que queria ficar longe de Gabriel, acho que quer que ele sinta sua falta e que implore, mas ele está de fato te deixando livre e sem notícias e você está ficando louca. Se o ama tanto, fique com ele, lidem com isso. Se não o ama, vá para outro lugar, viaje, divirta-se e depois apareça para reclamar seu divórcio. Apenas para de mentir para si mesma."

Céus! Se Lilian era impossível, Katherine era intransponível. E ela tinha a droga da razão. Então, a quase ex-duquesa decidiu que assim que retornasse a casa de seus pais, faria as malas e iria para alguma ilha remota e tranquila, onde ficaria menos entediada.

******

Gabriel sabia, no instante que viu seu amigo, que precisava de alguém que o ajudasse a pôr a cabeça no lugar. Ele iria enlouquecer. Três meses sem Lilian. Como ele havia aguentado três anos??

Ele lembrou de quando a viu há 2 meses. Uma demanda, ela foi requisitada a comparecer em Londres para acompanhar Lorde Sabart e a Condessa viúva de Fleming, ao centro de acolhimento. Eles gostariam de fazer investimentos, e a condessa queria contribuir criando oportunidades de emprego para aqueles que já estavam em idade. Isso animou Lilian, e ela se dispôs a fingir sorrisos de lábios cerrados, a aturar o braço de Gabriel em volta do seu, a responder como tinha amado a homenagem do amado marido, tudo isso com a postura tão enrijecida que ele imaginou em que momento ela se partiria.

Toda aquela visita foi um sufoco. Ele ficou feliz em vê-la novamente, sentia falta do seu perfume, deveriam chegar juntos, mas sua esposa não se incomodou em esperar na casa, ela ficou dentro da carruagem, esperando que ele entrasse e se sentasse a uma distância considerável dela. Lilian lhe deu um frio cumprimento com a cabeça e murmurou um bom dia. A esposa não fizera nada verdadeiro e espontâneo nas quatro horas que passaram juntos. Mas o pior momento, foi quando encontraram Lorde Dominic Faulkner. Ela riu, e desarmou o corpo, ele inclinou a cabeça para o lado, sorriu e abriu os braços para ela, que realmente correu até se jogar com tudo sobre o homem, que a abraçou e girou enquanto ela gargalhava. Poucas coisas doeriam tanto assim. Gabriel pediu que um raio caísse em sua cabeça, qualquer coisa, que a fizesse se mover e olhar para ele com a delicadeza que olhava para Lorde Dominic Faulkner.

Jamais engane um duqueOnde histórias criam vida. Descubra agora