Dizer que ela era curiosa era pouco, dizer que era fofoqueira era um exagero e uma ofensa sem tamanho. Lady Caroline Hastings era, para ser exata, uma mulher de curiosidade moderada, mas com uma imaginação terrível.
Havia algo de errado com seu vizinho, ela sentia. Não ajudava que os jardins de suas casas se encontrassem, não ajudava que ele tivesse se tornado viúvo aos 22 anos, tão cedo, tão novo, e quase cinco anos depois ainda lamentasse tanto a morte da amada que não procurou uma substituta apenas para lhe garantir herdeiros.
Não que duvidasse que o homem amasse fervorosamente a esposa. Quantos marqueses se casavam na flor da idade? Caroline desconfiava que tivesse sido um impulso jovem. Pais mortos, sem parentes, sem amigos expressivos, agarrou-se a um amor, fim. Mas..., se amava tanto a antiga Lady Shepard, deu a ela um enterro simbólico, visitava seu túmulo – diziam os boatos – por que ele não chorava? Por que se esforçava tanto para demonstrava um luto triste e desamparado? Quando ela sentia que ele na verdade tinha raiva, olhar para ele era como ver um leão enjaulado. Ah, sim, estava tudo muito errado.
Caroline admirava a janela vizinha enquanto segurava a pequena e gorducha Cecília.
- Sabe, acho que não devo permitir mais que você olhe meus filhos enquanto está perdida babando pelo Marquês da casa ao lado.
Gabriel a fez saltar da cadeira. Inferno! Realmente tinha se distraído, onde estava Henry?
- Perdeu essa criança? – Gabriel segurava o gêmeo pela mão.
- Não estou babando o ninguém, estou apenas pensando se devo mudar a decoração.
- Ah, fico feliz em saber, porque caso estivesse, você sabe, de olho em um certo Marquês inacessível, ele escapuliu de Londres há dias.
- Mas eu – Caroline se interrompeu antes de dar a Gabriel a satisfação de comprovar que ela estava de fato de olho na casa do Marquês. Engraçado, ela jurou ter visto uma sombra passando mais cedo...
Foi uma surpresa gigantes quando Lilian passou mal na volta da viagem a Paris. Ela colocava todas a tripas para fora, em uma velocidade absurda. Lilian insistiu que era a maresia, ela tinha desacostumado. Como eram amigas intimas, Caroline tratou de conferir com Lilian suas regras mensais, que estavam surpreendentemente regulares. Certo, não teríamos um herdeiro vindo.
Então, um belo dia, Gabriel irrompeu pela casa Hastings insistindo que tinha algo de muito errado com Lilian, ela não queria comer, ela estava dormindo até as dez, por Deus, isso nunca aconteceu! E pior, Gabriel podia jurar que tinha visto a barriga de Lilian se mexer enquanto ela dormia. Lilian dispensou todas as preocupações do marido, dizendo que não seria uma esposa típica e apaixonada que concebe herdeiros no primeiro momento possível.
Caroline, por sua vez, decidiu chamar um médico, por pura curiosidade. Lilian jurou ao médico que suas regras vinham, na verdade ela não lembrava bem quando tinha vindo da última vez, mas tinha uma memória de quando estava na casa de campo dos seus pais, e Gabriel ficou mais do que contente porque suas regras que duravam quase uma semana havia durado três dias.
O médico, muito risonho e nada cansado, explicou com uma paciência gigantesca que algumas vezes, mulheres gravidas sangravam, eram casos raros, alguns perigoso outros nem tanto. Como Lilian não se recordava da última vez que havia sangrado ele recomendou repouso até segunda ordem, e disse que era possível que ela estivesse esperando duas crianças e que estava com aproximadamente quatro meses de gravidez, não poderia ditar com exatidão. Três meses, muitas reclamações e muito repouso, pois gêmeos não eram uma gravidez fácil. Ouviu-se choros, gritos e um baque surto de um corpo caindo no chão na casa Kahn. Gabriel desmaiou quando Henry veio ao mundo, acordou com o choro de Cecília. Duas crianças saudáveis e de nove meses. Um milagre! Caroline só podia rezar para que o próximo milagre fosse que o Duque e a Duquesa relembrassem matemática. Nada mais de partos temerosos e possivelmente adiantados, com todos temendo uma tragédia. Estava tudo bem.
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Jamais engane um duque
RomanceLilian decididamente não queria ter nada a ver com a sociedade londrina e suas restrições, não necessitava ser aceita, não desejava ser aceita e o melhor, não precisava, tinha inteligência, fortuna e amor o suficiente de sua família para jamais prec...