*AVISO: Querido leitor e querida leitora, esse capítulo contém relatos de violência contra mulher, violência e assédio sexual, não é um relato explícito, mas algumas pessoas podem preferir não ler.*
Capítulo 27
A convivência é um feitiço, ela tem que ser. Desde que sua mãe foi para a casa de campo há pouco mais de uma semana, Lilian redescobriu o que é ter um marido, ela até mesmo teve conversas divertidas com Gabriel. Agora eles se encontravam em uma calmaria sedutora, jantavam juntos, faziam leituras juntos, apenas não dormiam juntos. Não que ela estivesse fazendo alguma exigência nesse sentido.
Mas havia noites como essas que era impossível não sentir um fogo escaldante por todo seu corpo. Eles haviam chegado de um jantar, e Gabriel passou no quarto de Lilian, torcendo para que ela não estivesse dormindo como ele mesmo disse, para que ela pudesse lhe fazer companhia na biblioteca. Ele havia perdido o sono. Lilian jurou que ele tinha cochilado no caminho de volta para casa, mas aceitou o convite, e agora estava recostada em um lado do sofá, enquanto seu marido recostava em outro, lendo alguma coisa sobre navios e acabando com uma garrafa de vinho.
- Esqueci de lhe dizer, acabei voltando a casa de acolhimento sem você outro dia.
Ela ergueu uma sobrancelha.
- Com qual propósito?
- Pensei que faltava um entretenimento as crianças.
- Entretenimento? Temos esportes, dança, leituras...
- Lilian, criança devem experimentar arte.
- E o que pretende? Levar todos ao teatro? Será uma bagunça, e eu duvido que alguma lady ou lorde ceda o seu lugar, nosso camarote não cabe todos, e o horário é péssimo. Eles têm uma rotina, Gabriel.
- Sim, sim, e é por isso que organizei para daqui há três meses uma peça infantil sobre um ratinho que procura seu par e seu lar, no Teatro do Rei.
- Desculpa, o que? Como você conseguiu uma autorização para isso?
- Não foi fácil, e ter uma audiência com o Rei era inviável, mas minha solicitação foi bem-vista pela coroa.
Lilian estava... ela estava..., não existiam palavras para como ela estava.
- Então iremos levar uma centena e meia de crianças ao teatro.
- Sim, iremos, mas as novidades não acabam por aí, querida esposa.
Toda vez que ele se referia a ela assim na última semana seu coração cambaleava um pouco. Se ela pudesse abrir o próprio peito diria que seu coração parece um cachorrinho animado que pula toda vez que vê Gabriel como se ele fosse seu maldito dono.
- Fiz uma visita a nossa amiga em comum.
- Perdão, temos alguma amiga em comum?
- Ora Lilian, atrapalha uma mulher no auge do seu prazer e não a chama de amiga?
Ela poderia considerar isso, certamente ouvir os gemidos inevitáveis e presenciar o calor da paixão de alguém deveria no mínimo significar algum nível de intimidade. Uma amizade poderia ser considerada.
- Prossiga, querido marido.
Gabriel por sua vez retorcia-se por dentro quando Lilian o chamava assim, não pelo marido que era uma palavra comum, ela poderia usá-la para referir-se a ele sempre e em qualquer ocasião, mas pelo querido. E não o querido inflexível seguido do erguer do canto direito dos seus lábios com um leve aperto dos olhos, que ela usava sempre que desejava ser cruel, sarcástica, irônica, debochada. Esse era um querido natural, ele saiu automaticamente, como se fosse costumeiro que ela o chamasse como um amigo, um amor, algo precioso, um querido. E ele desejava que fosse verdade, que pudesse ser, porque queria ser, apenas o querido dela.
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Jamais engane um duque
RomanceLilian decididamente não queria ter nada a ver com a sociedade londrina e suas restrições, não necessitava ser aceita, não desejava ser aceita e o melhor, não precisava, tinha inteligência, fortuna e amor o suficiente de sua família para jamais prec...