Seu marido a encontrou mais cedo do que ela havia planejado. Imaginou que Nicholas encontraria Gabriel ao final da tarde, e que ela enfrentaria o duque no início da noite, mas não. Não houve tempo para elaborar qualquer pensamento coerente, não houve tempo para arranjar uma desculpa convincente, não houve tempo nem mesmo dela se despir para o banho. Seu marido abriu a porta com uma força desnecessária, gritou com Doroth para que ela saísse do quarto e bateu a porta com um estrondo.
A duquesa teve tempo de vestir um penhoar e virar-se na cadeira para encarar Gabriel. Lilian estava absorta, seu corpo paralisado, sua mente em total desconexão. Afinal, o conto de fadas acabara, e Gabriel finalmente descobriu o que ele acreditava ser verdade. Sua língua coçou para lhe contar o que realmente aconteceu, que tê-lo arrastado para o altar foi a melhor coisa que já acontecera a ele, mas seu marido assumiu uma postura diferente das últimas semanas de casado, naquele momento, proferindo palavras vis, ele era o sexto Duque de Kahn. E ela sua infeliz e ardilosa duquesa, a mulher que roubou o amor da sua vida.
- Como pôde? Como pode uma mulher ser tão... Como pôde fazer isso com a própria prima? Eu deveria ter ouvido os boatos e tê-la deixado chafurdar no escândalo, diretamente para o ostracismo.
- Mas não consegui não foi? Afinal é um homem honrado. – Lilian abraçou a personagem, como sempre fizera.
- Diferente de você.
- Claro, vossa graça. Perdoe-me por ser uma cobra ardilosa que lhe tirou o amor de sua vida. – Usou de ironia.
- Por quê? O que você ganhou com isso Lilian? Certamente não era dinheiro o problema. E com toda certeza também não era amor. Se não me amava, nem precisa do meu dinheiro, para que me submeter ao sofrimento gratuito?
Levantou-se com um suspiro e se pôs a andar pelo quarto, passos lentos e controlados. Parou próxima a janela, a tempo de olhar para a cama. Revirada, bagunçada, podia jurar que ainda emanava calor. Fechou os olhos lentamente e pensou nas risadas e nos momentos deliciosos compartilhados. Chegou a hora de pôr um fim na felicidade. Nunca durara tanto mesmo.
Respirou profundamente, arqueou a sobrancelha, e deixou aparentar um leve sorriso nos lábios.
- Não tenho a menor ideia, vossa graça. Talvez estivesse entediada? Eu avisei a Claire que seria uma péssima ideia me convidar para a temporada em seu ducado, meu refúgio estava ótimo. Mas minha prima insistiu em minha companhia, e eu prezo muito pela minha família. De repete eu me vi em meio a jantares, soirées e bailes intermináveis. Tudo ficava absurdamente chato. E então tinham os seus olhares apaixonados, o casamento eminente... Mas quer saber o que realmente aguçou minha curiosidade?
- Se puder me conceder essa gentileza.
Ela sorriu.
- Eu custei a acreditar que sua índole fosse tão impecável. Não era possível que tivesse realmente esperando por minha prima todo esse tempo. Um duque inocente, que se constrangia quando os companheiros citavam um bordel... Não, aquilo estava errado. E no final eu estava certa. Você mentiu para Claire, não a merecia tanto quanto eu... – iria completar a frase de um modo ingênuo, de um modo que revelaria algo que ela não precisava. – Tanto quanto eu mereço o amor de minha prima.
- E o que ganhou com isso? Não tem meu amor, nunca o teve.
- Eu nunca o quis. Para ser sincera, eu me senti tentada por seu título, sua proteção, ser a Duquesa de Kahn.
- Então, é mesmo a pior das mulheres.
- Não exagere.
- Você me enganou, me fez acreditar que a tinha desonrado quando sei bem que não era nenhuma inocente quando se deitou comigo. As coisas que fez, as coisas que desejou...
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Jamais engane um duque
RomanceLilian decididamente não queria ter nada a ver com a sociedade londrina e suas restrições, não necessitava ser aceita, não desejava ser aceita e o melhor, não precisava, tinha inteligência, fortuna e amor o suficiente de sua família para jamais prec...