Há uma semana Lilian vivia um pesadelo. Acordou todos os dias daquela semana esquecendo-se da existência do homem no quarto ao lado, até perceber que às 7 enquanto estava na mesa do café da manhã, ele estava enfim, subindo para o seu quarto após uma noitada qualquer. Por Deus! Ele não era seu marido, apenas dividiam uma casa. Ela se perguntou quanto tempo mais aguentaria, Gabriel não lhe dirigia a palavra e nem ela a ela, era um inferno viver com uma presença constante sobrecarregando a energia da sua casa.
Uma manhã atípica havia começado, isso porque seu marido resolveu juntar-se a ela no café da manhã. Ela se aproximava da mesa quando notou a presença masculina, em resposta apenas ergueu as sobrancelhas, ele a respondeu com um grande e falso sorriso. Gabriel sempre tivera esse tipo de riso de depreciação cafajeste?
- Vejo que permanecem velhos hábitos, ainda acorda cedo para o café.
- Por que iria mudar? – respondeu Lilian sentando a mesa.
- Não sei, alguns anos se passaram, pessoas mudam.
- Não tanto quanto você, imagino, com essa toda essa nova personalidade eu diria que só faltou mudar a própria face Gabriel.
- Não gosta do que vê?
- Não vejo o suficiente para julgar.
- Sentiu minha falta Lilian?
Ela estacou, não com a pergunta, mas com o modo como fora feita, como se ele quisesse uma resposta honesta, como se temesse o que receberia, a emoção cintilou no olhar de Gabriel por dois segundos e se foi dando lugar a arrogância. Ela não se dobraria por ele.
- Ora, imensamente querido, não sabe o quanto eu chorei sua ausência. Acredita que certa noite foi necessário um barco para entrar no meu quarto? Quase me afogo em minhas próprias lágrimas.
- Seja honesta, ao menos uma vez na sua vida.
- Acho que fez um favor a nós dois estando fora Gabriel, e não vejo razão para o seu retorno, além da obvia que é atormentar a minha vida numa torpe tentativa de vingança.
Lilian alcançou um bolinho doce e o colocou em seu prato, recostando-se na cadeira em frente a seu marido.
- Vingança?
- Eu não sei, eu claramente não sei nada mais sobre você, além de agora você ter um imenso repertorio em libertinagens, então...
- Ora Lilian, não perderia o meu tempo com isso, como disse pretendo retornar a sociedade e as minhas obrigações enquanto duque, o que me nos leva direto às suas obrigações como duquesa.
Herdeiro, herdeiro, herdeiro. Essa era a única palavra que surgia na mente de Lilian quando Gabriel falou de suas obrigações como duquesa. Ele achava que ela se deitaria com ele, para lhe produzir um belo herdeiro? Ela podia sentir a comida retornando pelo lugar onde havia entrado. Seu rosto certamente havia perdido a cor, e como ela era, infelizmente, muito expressiva, Gabriel percebeu.
- Acalme-se mulher! – ele gesticulou para alguém atrás dela, e uma bandeja com uma pilha de cartas. Seu alívio foi palpável. E Gabriel obviamente notou, pois gargalhou e disse:
- O que achou eu diria? Por Deus Lilian, não tenho intenção alguma de lhe exigir um herdeiro, estou mais que contente com a situação em que me encontro agora.
- Bom, então quais são as obrigações de que estamos falando?
- Preciso que seja minha esposa nesses eventos, já aceitei todos por nós. Lembre-se de sorrir, você }é uma esposa que está muito feliz, pois seu marido retornou.
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Jamais engane um duque
RomanceLilian decididamente não queria ter nada a ver com a sociedade londrina e suas restrições, não necessitava ser aceita, não desejava ser aceita e o melhor, não precisava, tinha inteligência, fortuna e amor o suficiente de sua família para jamais prec...