33 - Triunfos.

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Nota da autora: preparem o coração que esse é o penúltimo capítulo 💔

Era enfim o segundo tempo. As Guerreiras, que bebiam suas águas, caminharam em direção ao campo novamente. Agora, trocando de metade da quadra.

Os Caçadores se posicionaram e assim que o som agudo do apito foi ouvido, eles começaram chutando a bola.

As Guerreiras estavam em desvantagem, com uma menina a menos no campo. Menos jogadoras significava, menos pessoas para fazerem passes, para roubar a bola ou para cercar os garotos.

E agora, elas precisavam, mais do que nunca, de mais jogadoras. Os fominhas pareciam que tinham tomado aquele campo, sendo o grupo dominante no meio dos Caçadores. Amanda, que estava no gol, parecia perdida, encarando cada um daqueles moleques, enquanto se aproximavam.

Com as novas trocas de jogadores no time deles, tudo havia ficado mais difícil. A maioria, eram garotos que jogavam futebol há anos, e carregavam nas costas muita experiência e habilidade com o jogo.

Amanda começou a ficar desesperada. Seus olhos iam de um lado para o outro. Suas pernas tremiam vez ou outra e sentiu um suor frio descer da sua testa. Sentia seus músculos tencionarem a cada movimento.

Juliana correu na direção do garoto que estava com a bola, e rapidamente chegou até ele. Ana fez o mesmo e conseguiram roubar a bola do rapaz, mas a alegria durou poucos segundos, pois bem do lado delas estava um Caçador, que não perdeu tempo, pegando a posse da bola de volta para seu time.

O menino fez o passe para Henzo. Raquel se sentiu uma principiante quando o garoto passou por ela sem dificuldades, mas não desistiu. Ela correu para frente, onde o garoto se aproximava do gol e cercou-o. Chutou a bola que estava nos comandos de Henzo, e ela passou a linha branca da quadra. Fora.

Caio pegou a bola o colocando na linha por onde a bola havia entrado. Pediu espaço para algumas das Guerreiras que estavam próximas e chutou, devolvendo-a para Henzo. O garoto levantou o pé direito, pegando impulso e chutou a bola.

Amanda estava nervosa. Todos os arrepios de seu corpo não a deixaram pensar direito, e apesar da bola ter encostado nas pontas dos seus dedos, que estavam cobertos pela luva de goleira, a bola bateu-se contra as redes brancas. Era gol dos Caçadores.

O placar estava empatado.

Depois da comemoração dos rapazes, que exibiam seus sorrisos convencidos. A bola foi colocada no meio campo, e todos se posicionaram novamente.

***

As torcidas faziam suas apostas. Faltava pouco mais de cinco minutos para o fim do jogo, e o placar continuava empatado, porém agora, ele marcava dois a dois, ao invés do um a um.

Foram várias as oportunidades e as tentativas de gols de ambos os times. Tanto Caçadores, quando As Guerreiras eram ótimos no ataque e na defesa. O jogo se mostrava muito mais difícil do que acharam que seria.

"Será que vai ficar no empate?", "As guerreiras vão vencer", "As guerreiras vão perder", "Os Caçadores vão mudar esse placar", essas eram umas das frases que mais eram ouvidas por quem estava nas arquibancadas.

Os olhos dos que assistiam a tudo com emoção, encararam Vicente que comandava a bola com os pés ligeiros. Driblou Juliana no caminho, e depois Ária. Ele se aproximava cada vez mais do campo adversário.

O coração das torcidas começou a palpitar. Será que o loiro faria o gol da vitória?

Ana correu até chegar bem perto de Vicente. Eles estavam perto o bastante para sentirem a respiração ofegante um do outro. Por um instante, a mente de Ana viajou para um lugar qualquer, e Vicente engoliu a seco, com a aproximação dos dois. Apesar daquele momento não ter passado de poucos segundos, para eles, tudo passava em uma câmera bem lenta. Dando tempo suficiente para que as mentes deles imaginassem muitas coisas.

Mas Ana afastou os seus pensamentos de maneira mais rápida que Vicente afastou os seus. E aproveitou da distração de seu amigo, para roubar a bola dele e correr para frente.

Os gritos loucos da torcida acordaram Vicente dos seus devaneios, e Ana apressada e talentosa, mexia seu corpo com velocidade enquanto guiava a bola.

Os garotos se surpreenderam com aquilo, e Bruno gritou para Vicente: "O que deu em você?", mas não se preocupou em ouvir a resposta. Foi correndo tentar roubar a bola e impedir que um desastre acontecesse com seu time.

Era a chance de Nicole, era só chutar para o gol e torcer para que o goleiro não conseguisse defender. A garota amava a sensação de fazer um gol, amava a sensação que deixava uma esperança de vitória. Amava a sensação de ela fazer um ponto no placar. Amava a sensação do seu nome ser pronunciado junto de "fez um gol". Amava.

E era só chutar. Antes que eles se aproximassem.

Mas ela sabia o quão ruim era ser orgulhosa, e também não queria ser egoísta. Deixou de lado a tentação de querer ser quem faz o gol. E mesmo que isso talvez impedisse que elas marcassem um ponto, ou fizesse com que empatassem, passou a bola para Raquel que estava mais à frente. Ela era ótima também, e se tinha alguém que merecia fazer o gol da vitória, era ela.

Raquel ficou surpresa, e agradeceu a Ana Nicole com um sorriso que, dessa vez, mostrava os dentes. Com toda certeza, tinha muito orgulho da menina alta, que se mostrou uma das melhores pessoas que Raquel já havia conhecido.

A bola encostou em seu pé, mas não permaneceu muito tempo ali, pois foi chutada pela garota de franjinhas. Ela escutou três batidas altas vindas do seu coração antes do som ser abafado pelos gritos de seu time, junto com o apito, indicando que o jogo tinha acabado.

Elas tinham vencido! O chute de Raquel fez o gol da vitória. As Guerreiras ganharam dos Caçadores.

Raquel começou a chorar junto com as outras garotas que se abraçavam. Até Laís juntou suas forças para se levantar do banco e abraçar seu time. Elas pulavam e deixavam que as lágrimas de emoção e felicidade invadissem e molhassem seus rostos.

Os Caçadores continuavam parados, haviam perdido todas as palavras, e apenas permaneciam estáticos.

Então Tomás e Vicente se juntaram ao abraço coletivo das garotas, comemorando junto, a vitória delas. Bruno olhou para eles dois como quem vê uma traição bem na frente de seus olhos.

Caio e outros garotos que eram amigos de Victória e Ana Nicole repetiram a atitude dos dois rapazes, e se juntaram ao abraço. E logo, todos os Caçadores abraçaram As Guerreiras, até Bruno, aceitando que elas haviam ganhado por merecer. Elas haviam treinado muito, e ganhado a admiração de todos eles.

Porque por mais que às vezes implicassem um com o outro, ou fossem egoístas, eles eram uma família. As Guerreiras e Os Caçadores eram irmãos que às vezes brigavam, mas se amavam. E os rapazes estavam felizes pelas garotas poderem sair dali com o triunfo, e poderem dizer que haviam ganhado dos Caçadores. Mas a grande verdade era que, todos tinham ganhado de alguma forma. 

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