As garotas estavam reunidas na biblioteca da escola, que naquele dia milagrosamente estava vazia, sentadas nas cadeiras brancas que formavam um círculo, ou quase isso.
O silêncio era total enquanto elas se concentravam em seus próprios pensamentos, esperando que alguma ideia surgisse em torno daquela paz.
- Que tal se o nome fosse Flores? - Sugeriu Ária.
- Eu gostei. - Respondeu Natália.
- Não. Muito amigável. - Respondeu Juliana.
- Não. - Foi a vez de Ana dizer.
- É...não... Que tal se o time se chamasse Beija-Flor? - Victória sugeriu.
- Legal.
- Gostei.
- O nome da cidade. Legal.
- Não. - Discordou Ana.
- Deixa de ser do contra. - Raquel fez questão de dizer.
- Ah, não me enche.
- Já que você não concorda com nada que falamos, por que não sugere alguma coisa? - Provocou Raquel.
Um longo silêncio se formou e Ana tentou se concentrar, fosse a raiva que sentia da provocação de Raquel ou a falta de criatividade ela não sabia, mas sua mente parecia ter dado um branco. Quer ela abrisse a boca, nada saía dela.
Frustrada, ela respondeu:
- Eu vou pensar em algo. Não precisamos ter o nome agora de qualquer modo.
***
Raquel já ouvia os barulhos incessantes do lado de fora da casa. Pareciam vir da sala de estar, por isso fez questão de ignorar a porta principal e entrar pela porta dos fundos que dava na cozinha. Como previsto, o almoço não estava pronto, na verdade, não tinha nem começado. A garota então pegou três pacotes de miojo e começou a prepará-los, enquanto se reprimia mentalmente por ainda ter pensado que as coisas não estariam assim. Quando a comida ficou pronta, o que levou cerca de três minutos, pegou um prato e colocou um pouco nele, guardando o restante, e antes de subir para seu quarto, pegou um post-it em sua mochila e o colou na porta da geladeira."Como eu sei que ninguém vai fazer almoço hoje, tem miojo na geladeira. De nada."
E então, com seu prato na mão, subiu as escadas, longe da sala de estar. Em relação à toda aquela barulheira, só fingiu não escutar.
Quando a garota acordou, no dia seguinte, por volta das nove horas, era sábado, o que significava que passaria o dia inteiro em seu quarto. Abriu as janelas para entrar um pouco de ar e ligou o computador. Jogou League Of Legends por um tempo, depois começou a assistir Dean Whinchester matar um vampiro, e em seguida assistiu Ted Mosby sofrer mais uma de suas decepções amorosas. No final do dia, leu alguma coisa e por fim dormiu. E, sem perceber, era domingo e sua rotina se repetiria mais uma vez.
Entretanto, uma mensagem mudou seus planos.
Victória: Bom dia garotas, eu sei que é cedo, mas vocês por um acaso gostariam de jogar bola aqui no campo? Estou sem nada pra fazer hoje.
Maria Eduarda: Eu topo.
Natália: Vou também.
Raquel: Já estou indo.
Antes que saísse de casa, Raquel colou mais um post-it na geladeira.
"Tô saindo, não vou ficar até tarde."
***
- Nossa, pensei que só eu acordava cedo num domingo. - Victória comentou assim que viu as garotas chegarem.
- Eu estava sem sono. - Natália se pronunciou com uma voz um pouco mais baixa que o normal.
- Minha mãe me acordou. - Disse Maria.
Raquel apenas deu de ombros, sem dizer nada.
As quatro estavam ali. Victória suspeitava que Ana ainda estaria dormindo àquela hora, ou ocupada com algo. De qualquer forma, eram apenas Natália, Ma Duda, Raquel e ela naquele momento.
A ruiva estava com o cabelo preso em uma trança simples, parte porque não era boa em fazer penteados. Estava com um short preto e uma blusa da seleção brasileira de futebol. Maria estava com os cabelos soltos, uma blusa simples soltinha e um short amarelo pastel. Natália estava com os cabelos loiros presos em um coque firme, um batom rosa choque, uma blusa branca com listras rosas e um short preto. Já Raquel estava com o cabelo preso nos dois lados formando uma maria-chiquinha, uma bermuda preta e uma blusa florida. Os olhos estavam coloridos com o lápis preto e no nariz seu querido piercing. Ambas estavam com chuteiras nos pés.
O céu estava encantador, com um azul bebê esplendoroso. Os raios de sol, passavam por entre as nuvens, deixando o dia mais quente, mas não daqueles insuportáveis, apenas adequável.
Victória estava com sua bola de futebol meio desgastada, e com ela começaram a jogar. Aquilo era mais uma brincadeira do que tudo para elas, algo com que passar o tempo e todas ali se divertiam bastante enquanto jogavam.
Assim que Victória gostava. Jogar, sem pressão, sem brigas, sem confusão, sem competição, sem egoísmo. Assim era divertido, era uma das coisas que mais amava fazer.
Um pouco mais tarde, Ana chegou, com a cara ainda de sono e se juntou as garotas. Elas jogaram a manhã inteira até o sol estar no meio do céu e elas sentirem os estômagos roncarem.
- Ei, vocês querem almoçar lá em casa? - Perguntou Natália. - Minha mãe não se importaria. Na verdade, ela sempre gosta de mais pessoas no almoço mesmo.
- Por mim, pode de ser. - Não vai ter almoço de novo em casa mesmo. Raquel completou mentalmente.
- Eu só tenho que avisar meus pais. - Disse Victória.
- Eu também. - Ma Duda concordou já pegando o celular e discando o número de sua mãe.
- Eu posso ir. - Ana afirmou.
Depois que Victória e Maria ligaram para seus responsáveis e eles autorizaram o almoço na casa da colega, as cinco caminharam em direção a casa da loira vulgo Penélope Charmosa.
A casa branca de portão cinza era muito bonita e delicada. Decorações simples e plantas ao redor do pequeno jardim no quintal davam um toque especial ao local. Logo que a mãe viu as garotas, abriu um largo sorriso as cumprimentando com abraços.
- Essas são Raquel, Ana, Maria e Victória. - Natália as apresentou para a mãe. - Chamei elas para almoçarem aqui.
- Sejam bem-vindas garotas! Sintam-se em casa. A comida está quase pronta.
- Venham cá - Chamou Natália as guiando para um outro cômodo da casa.
O quarto da menina não era bagunçado, nem extremamente organizado. Havia uma parede rosa, onde nela uma penteadeira estava encostada. Em cima dessa, haviam diversas maquiagens jogadas para lá e para cá. Na cama, que estava forrada por um lençol branco, havia algumas almofadas coloridas bagunçadas e uns cadernos espalhados. Em outro lado do quarto havia uma prateleira com pequenos decorativos, algumas pelúcias e um fone de ouvido.
- Não liguem para a bagunça. - Natália pediu.
- Isso é bagunça? Então você precisa ver a minha casa inteira, isso sim. - Victória comentou rindo.
- Você gosta de rosa, hein. - Ana Nicole afirmou.
- Sim. Só um pouquinho só... - Natália disse rindo. - Garotas, - Chamou-as de volta, depois que havia parado de rir. - Para passar o tempo enquanto o almoço não fica pronto, vamos fazer uma brincadeira? Vocês já brincaram de eu nunca?
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Capítulo novo postado!
Me digam o que acharam e o que estão achando da estória.Já aproveito para agradecer todo mundo que está lendo esse livro! Muito obrigada! Eu fico muito feliz, sério. Obrigada ❤ amo vocês.
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Garotas Também Jogam Bola ✔
Ficção Adolescente"Em uma cidade com nome de pássaro existia cinco garotas, cinco nomes, cinco vidas não tão fáceis quanto gostariam, cinco histórias paralelas que se cruzaram de uma forma inusitada e futebolística demais. Cada uma tinha seu motivo para estar no time...