Era uma tarde ensolarada, o céu estava limpo, quase sem nuvens, o que não dava para perceber com o teto da quadra sobre a cabeça das garotas. Era dia de treino. Patrícia, depois de ter pensado nos últimos dias, resolveu que era melhor mudar os times, ficando, portanto, o time A sendo: Natália, Raquel, Amanda, Victória e Juliana. E o time B: Ana Nicole, Maria Eduarda, Laís, Thalita e Ária.
As garotas não pareciam ter ficado insatisfeitas com a mudança, ao contrário, pareciam até mais dispostas ao jogo.
Com Ana Nicole e Raquel de times opostos, as brigas haviam diminuído bastante, mas ainda era melhor ficar de olho quando uma se aproximava muito da outra para pegar a bola, ou coisa assim.
Já estava acabando o horário quando Victória, que estava como pivô, avançou para o time adversário, se aproximando cada vez mais e driblando as garotas, incluindo Ma Duda, de uma forma encantadora. Ana Nicole, vendo a moça se aproximar, avançou rapidamente em direção à bola, tentando tira-la da cabelos de fogo.
As duas pareciam em uma luta acirrada, como aquelas cenas de ação em filmes ou séries. Victória tentava aproximar-se para fazer o tão esperado gol, mas Ana estava a cercando de uma maneira que tirar a bola dali seria uma tarefa complicadíssima. Quando Victória, que estava já cansada, fez um movimento mal pensado, Ária, que havia aparecido ali, conseguiu pegar a bola e rapidamente leva-la para frente em um movimento rápido. Ana não perdeu tempo, continuou correndo na maior velocidade que conseguiu, dirigindo-se à parte da quadra do oponente. Quando Ária chegou perto o bastante, passou a bola para Ana Nicole que deu um chute de esquerda e GOOOOOL!!!
O apito da professora indicou o fim do jogo.
- Parabéns, Ana. Foi um bom jogo. - Disse Victória lhe oferecendo um toca aí.
- Parabéns também, você foi muito bem. - Ana bateu sua mão na da ruiva a parabenizando e sorriu.
Victória pegou sua garrafinha d'água dando um longo gole e caminhou em direção ao banheiro. Encarou-se no espelho e logo em seguida, abriu a torneira molhando o rosto suado com a água gelada. Outras garotas que também estavam jogando entraram no banheiro e fizeram o mesmo.
- A-há! Nosso time ganhou do seu! - Zombou Ma Duda e Victória apenas fez uma expressão de desprezo e em seguida riu.
- Vocês vão ver na próxima!
Maria sorriu assentindo e bebendo um pouco de água. Depois de terem guardado suas coisas, caminharam para fora da escola, aonde a mãe de Duda esperava sentada dentro de seu carro corsa prata. Dentro do veículo, a música Ela Só Quer Paz tocava em um volume nem tão alto, porém nem tão baixo.
- Eu não esqueci, hein. - Murmurou Victória enquanto o carro andava em uma velocidade até lenta de mais. Maria franziu o cenho.
- Do quê? - indagou falando baixo.
- Sobre você já ter se apaixonado...
- Ah, Victória, isso já foi há muito tempo! Esquece.
- Vai! Me conta! Qual o nome do sortudo? - Maria riu.
- O nome dele era Ezequiel. E ponto. Não vou falar mais nada. - Nesse instante o carro parou, em frente ao portão da casa de Victória.
- Obrigada pela carona, senhora Kiara – Agradeceu para a mãe de sua amiga que respondeu com um sorriso gentil. Virou sua atenção para a melhor amiga com um olhar que dizia "Esse assunto ainda não terminou" e vagarosamente entrou em sua casa.
Maria apenas se divertiu com a insistência da amiga, porém não pretendia falar mais nada sobre Ezequiel. Ele foi um garoto que bagunçou muito a cabeça da menina, e relembrar aquilo lhe causava um frio na barriga. Afinal, já faziam dois anos.
Quando chegou em casa, foi acolhida por Garfield, que brincava entre as suas pernas. Ela logo o pegou e o colocou em uma caixinha de papelão que tinha em seu quarto e o bichano amava brincar. Enquanto se divertia assistindo seu querido companheiro de vida, ouviu seu irmão a chamar.
- Que foi, José? - perguntou Maria observando o garoto que estava deitado sobre sua minúscula cama.
- Isso é pra você! - Exclamou o garotinho entregando uma folha de papel.
Ma Duda caminhou em passos lentos e pegou a folha das mãos miúdas de José. Era um desenho, acreditava ela, pois tinha vários rabiscos de giz de cera sobre a folha. Maria sorriu, mesmo que não fizesse ideia do que o irmão tinha desenhado.
- Obrigada, coisa linda! - Agradeceu abraçando o garoto e fazendo cócegas nele, que riu, com uma risada doce de tão linda. - O que você desenhou?
- Olha, essa aqui é você... - disse apontando para um dos rabiscos. - E esse aqui é eu. Você gostou? - perguntou hesitante, colocando um dedinho na boca.
- Eu amei!
***
Kiara vendo como seus dois filhos estavam se dando tão bem, tirou uma foto dos dois abraçados assistindo alguma coisa na televisão. Esticou o celular para que a filha mais velha visse a imagem.
- Ah, mãe, não gosto que você fique tirando fotos de mim sem eu ver, - reclamou Ma Duda. - Porém eu até gostei dessa. - Kiara revirou os olhos para a filha que pegou o celular dela e enviou para si mesma a imagem.
- Ficou linda, não ficou? Vocês dois são meus anjinhos. - Abraçou seus filhos.
Maria Eduarda ficou admirando sua foto por alguns segundos. Com toda certeza amava seu irmãozinho, que tinha aparecido na sua vida como uma benção. E por isso, postou a foto em uma das suas redes sociais que mal utilizava.
Kiara, que ainda estava abraçada aos filhos, sorriu ao ver a filha tão sorridente. Parecia um dia perfeito!
Levantou-se e arrumou suas coisas, estava na hora de trabalhar. Kiara, a mulher de cor parda e cabelos castanhos escuros lisos, trabalhava no período da noite como enfermeira no hospital local. Antes de sair, avisou para a filha:
- Não esqueça de colocar seu irmão para dormir cedo!
- Sim, capitã! - brincou Maria fazendo Kiara revirar seus olhos mais uma vez.
***
A adolescente pegou seu irmão no colo, que já estava quase desmaiando no sofá e colocou-o na caminha cheia de pelúcias. Cobriu o garoto com seu cobertor verde e direcionou-se para seu quarto.
Seu celular apitou, e Maria ligou-o, esperando que fosse alguma mensagem de Kiara.
Quando ligou, ficou surpresa por se tratar, na verdade, de um comentário na sua última foto.
"Nossa, sério que esse menino lindinho é seu irmão? Vocês são bem diferentes"
Aquele comentário foi como um soco no estômago. Maria sabia o que aquela mensagem grosseira significava. Você é gorda, ele é magro. Era o que significava. Infelizmente, não fora a primeira vez que recebera coisas como aquela. Ela nem se importou de ler quem era o dono ou dona daquela mensagem, apenas se encolheu na sua cama enquanto sentia as lágrimas salgadas encharcarem seu rosto e pegou o celular.
- Vi- Vick... V-Você... pode vir aqui? Por favor...
•⚽•
Esse final é de partir o coração.
O que estão achando do livro? Quais são suas teorias para os próximos capítulos?
Obrigada por ter lido! Até a próxima!
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Garotas Também Jogam Bola ✔
Ficção Adolescente"Em uma cidade com nome de pássaro existia cinco garotas, cinco nomes, cinco vidas não tão fáceis quanto gostariam, cinco histórias paralelas que se cruzaram de uma forma inusitada e futebolística demais. Cada uma tinha seu motivo para estar no time...