15 - Jogar uma bola.

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O batimento era acelerado enquanto as pernas corriam em busca da bola que estava na posse de Laís. Na tentativa desenfreada de retira-la da garota, Raquel acabou errando e chutando a canela da moça.

- Droga... - Murmurou.

Não era a primeira vez que Raquel errava o chute e acabava dando algumas "caneladas" em alguém. Como principiante no futebol, aquilo era um erro simples e bobo que cometia, mas Raquel não podia negar que se sentia decepcionada toda vez.

Laís murmurou um som de dor e se abaixou, passando a mão sobre sua canela. A garota de franjinha encarou-a preocupada e ofereceu ajuda para que ela se levantasse.

- Desculpa, Laís.

- 'Tá de boas, Raquel. Pelo menos hoje, foi só uma vez.

Como Ana Nicole já tinha dito naquela ligação, ela não estava participando do treino. O que deu uma vantagem ao time de Victória, que estava com uma garota a mais.

Todas ali estavam se esforçando bastante para melhorarem. Elas praticavam em casa, davam o melhor delas no treino e até pesquisavam coisas sobre o futsal na internet. Estavam animadas para que aquilo finalmente desse certo!

Quando o primeiro tempo acabou, elas beberam água, molharam a cara e se sentaram sobre o chão frio da quadra enquanto inspiravam profundamente, recuperando o ar que estavam lhe faltando.

- Eu acho que estamos melhorando. - Observou Thalita.

- Sim. Também acho. - Concordou Victória.

- No começo eu me sentia bem sem ar para correr, agora já não sinto tanta dificuldade. - Confessou Maria.

- Isso é bom!

- É, eu também sentia mais dificuldade do que sinto agora. - Foi a vez de Natália.

Umas sorriram para com as outras, num ato singelo de apoio e união. Pois sabiam que, quais fossem os obstáculos que aparecessem em seus caminhos, venceriam todos, juntas.

***

Victória comia sua comida enquanto atentamente, encarava a televisão, entretida com a novela das oito.

- Como foi o treino hoje, filha? - Perguntou o pai.

Thiago era um homem bonito, com seus quarenta e poucos anos. Era careca, tinha a pele negra bem escura, como a filha e a esposa, e olhos castanhos escuros. Lábios carnudos e um nariz um pouco redondo. Seu rosto era delicado, e sempre carregado de um sorriso.

- Foi muito bom, para falar a verdade! - Victória começou, empolgada. Era uma tagarela. - Nós nos divertimos bastante, e teve até uma hora que a Raquel chutou a canela da Laís, sem querer é claro. Essa parte não foi tão legal, mas, enfim, é normal dar umas caneladas no começo. Também o nosso time ganhou nesse treino, o que não importa tanto na verdade, mas vai ser um bom motivo para eu zoar a Ma Duda, já que ela me zombou quando o nosso time perdeu, dias atrás. - Pausa para respirar. - Resumindo, foi legal.

Eleonora segurou a risada. A filha era uma papagaia, sem condições.

E essa era uma das coisas que Thiago e Eleonora mais admiravam na filha.

- Fico feliz que esteja gostando, Vick. - Thiago disse.

Por alguns segundos, a ruiva ficou encarando os pais. Ela admirava o amor que eles tinham um pelo outro. Eleonora era jovem e morava com os pais quando conheceu Thiago. Esses controlavam muito a vida da filha, escolhiam que faculdade ela faria, onde trabalharia e com quem namoraria. Obvio que quando a garota chegou com Thiago, eles não aceitaram. Foram meses de encontros às escondidas, brigas com os pais e choros ao entardecer.

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