Para Ana Nicole, o resto da noite era como se fosse um dia inteiro. Parecia que o tempo não passava. Na mesa, os olhos da menina focavam apenas no relógio, que parecia não se mover, do restaurante.
Desde que a mãe declarou estar em um relacionamento com o tal homem, Ana não disse uma palavra sequer. Seu coração parecia que a qualquer momento sairia de seu peito. Ela não sabia o que fazer. Ela não sabia como se sentir.
Poderia muito bem dizer um "Bom pra vocês" de forma irônica, ou um "Não acredito" sendo sincera, porque realmente não acreditava. Não acreditava que aquela noite era real. Tinha que ser só um maldito pesadelo!
Pablo olhava o cardápio atentamente, enquanto a mãe de relance, encarava a filha com preocupação.
- Que tal uma macarronada? - Sugeriu o homem.
- Não gosto de macarronada. - Foi a primeira coisa que Ana disse.
- Então... Que tal uma porção?
- Não quero. - Negou Ana novamente. Claramente, Pablo ficara um pouco desconfortável. Ele sabia muito bem quando começou a namorar Sandra que, poderia ser complicado a relação com a filha da mulher, mas mesmo assim, se sentia um pouco sem graça naquele local. Como se não devesse estar ali.
- Filha, o que você sugere? - Perguntou a mulher, tentando amenizar aquela situação.
"Ficar em casa" pensou a garota.
- Uma pizza cairia bem.
Sandra assentiu, chamou o garçom e pediu a pizza de calabresa.
- Ana, você está em qual ano na escola? - Perguntou Pablo, obviamente tentando puxar assunto.
- Segundo.
- E você gosta da escola?
- Sim.
O resto da conversa se resumiu a isso; Ana apenas respondia com uma palavra. Não perguntou nada ao homem, não acrescentou nada àquela conversa. Apenas esperava chegar em casa logo.
O clima naquela mesa era notavelmente incômodo. Até o garçom havia percebido. O silêncio, o desconforto, os batuques de pés, os braços cruzados. Aquilo estava longe de parecer uma família feliz.
Quando enfim aquele jantar estava terminado, voltaram para a casa amarela de muro alto, Ana Nicole se sentia exausta. Sentia-se como se um caminhão tivesse a atropelado. Não, mais que um, uns trezentos caminhões.
Sandra se sentia assim também. Colocou a bolsa no sofá e sentou-se preguiçosamente.
- Filha, vem cá, nós precisamos conver-
- Está tudo bem. - Ana a interrompeu.
- O quê?
- Está tranquilo, mãe.
- É que... Lá no restaurante, não pareceu.
- Está tudo bem. Agora, vai dormir. Eu sei que está cansada.
Sandra deu de ombros, obedeceu aos conselhos da filha, e caminhou para seu quarto.
Ana esperou alguns minutos para checar se sua mãe estava mesmo já dormindo e subiu também para seu quarto. Pegou a mochila roxa que usava para ir à escola e tirou todos os cadernos que estavam dentro dela. Abriu o guarda-roupa, tirando algumas peças e guardando na mochila. Também pegou seu celular, carregador, sua escova de dentes, entre outras coisas que possivelmente precisaria.
Tirou o vestido vermelho, que lhe estava incomodando e no lugar, colocou uma calça jeans e uma blusa de mangas cumpridas. Colocou um tênis e amarrou seu cabelo em um coque mal feito. Estava com pressa.
Caminhou em passos cuidadosos para a cozinha, tentado não fazer barulho. Não queria que a mãe acordasse. Abriu a gaveta de madeira que sua mãe guardava algumas pratinhas. Pegou o suficiente para a passagem de ônibus, abriu a porta da casa e saiu.
***
- Hoje vamos ter um trabalho em grupo! - o professor disse, o que fez com que várias pessoas resmungassem baixo, ou bufarem. - Fiquem tranquilos, vocês poderão escolher os participantes. Cada grupo deverá ter cinco alunos.
Victória viu vários de seus colegas de turma se direcionarem à Marco, o garoto prodígio da sala. A maioria deles estavam se direcionando ao garoto por puro interesse, o que era algo de se revirar os olhos, mas Vick apenas esperou que o rapaz não carregasse o trabalho nas costas.
- Ei, vamos fazer juntas? - Perguntou Natália para as garotas. As três assentiram enquanto checavam de novo a sala de aula.
- Já se passaram vinte minutos desde que a aula começou. Será que Ana não vem mesmo? - Questionou Victória.
- Eu não sei... Ela mandou algo para vocês?
- Não. - Elas disseram juntas.
- Vamos deixar isso de lado agora, amanhã ela deve vir. Temos que achar mais uma pessoa para o grupo. - Disse Raquel.
- Ei, Tomás! Quer se juntar a nós? - Perguntou Natália se direcionando ao garoto. Tomás tinha a pele bronzeada, cabelos castanhos escuros que, alguns fios, desciam sorrateiramente sobre seus olhos. Olhos esses de um castanho amêndoa encantador. No canto superior da boca do rapaz havia uma pinta que o dava um ar charmoso, mesmo sendo o garoto mais desastrado que todas ali conheciam.
Tomás assentiu e caminhou em direção às quatro garotas.
O trabalho era criar um cartaz, sobre o tema da matéria e um vídeo explicativo também. O projeto para a criação dessa atividade duraria duas semanas, e em alguns dias teriam que se reunir fora da escola para realizar o trabalho.
- Nós poderíamos fazer o cart- Antes que Maria finalizasse sua sugestão, o barulho de vários lápis caindo no chão a interrompeu.
Raquel e as outras garotas olharam para Tomás com os olhos ligeiramente arregalados.
- Foi mal... - Desculpou-se ele com um sorrisinho sem graça e a mão coçando a nuca. E catou os lápis jogados no chão.
•⚽•
Olá! Como vocês estão?
Me desculpem pelo atraso nesse capítulo. Acabou que eu tive alguns problemas com ele e não consegui posta-lo antes.
O que acharam? O que será que a Ana está aprontando?
Muito obrigada por ler até aqui e nos vemos semana que vem ❤
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Garotas Também Jogam Bola ✔
Teen Fiction"Em uma cidade com nome de pássaro existia cinco garotas, cinco nomes, cinco vidas não tão fáceis quanto gostariam, cinco histórias paralelas que se cruzaram de uma forma inusitada e futebolística demais. Cada uma tinha seu motivo para estar no time...