03 - Esperança no coração, quer dizer, nos pés.

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- Que raiva! - Victória vociferou enquanto passava as mãos no rosto e no cabelo. Maria não gostava da imagem que via, não gostava quando via Victória com raiva, felizmente via menos a amiga assim desde que ela começou as consultas com a Carmen.

- Acalma, Victória. - A amiga colocou a mão sobre o ombro da ruiva tentando acalma-la.

Elas estavam na casa de Ma Duda, sentadas na mesinha redonda da varanda que já eram de seu habitual. A menina continuou a fechar as mãos em punho e meche-las com frequência. Seu rosto, mesmo com pele escura, começava a ficar vermelho e as veias ficavam mais aparentes. Definitivamente não era uma imagem bonita.

- Nós não vamos conseguir!

- Vocês vão sim! E sabe de uma coisa? - Victória virou o rosto, com os olhos vermelhos e molhados, para encarar Maria com curiosidade. - Eu vou entrar no time.

- O quê? - Victória abriu a boca levemente e levantou as sobrancelhas.

- Eu vou entrar no time de futsal. - Repetiu Maria.

- Mas... Achei que você não gostasse de esportes.

- E não gosto, mas posso aprender a gostar, não posso?

Victória deu uma risada feliz, limpando as lágrimas de sua bochecha e abraçou fortemente Maria Eduarda. Logo depois, saindo do abraço, mas segurando os ombros da amiga.

- É sério mesmo?

- Sim. - Então balançou Maria Eduarda para frente e para trás e a abraçou novamente.

- Muito! Muito obrigada! Você é a melhor amiga do mundo inteirinho. - Maria riu.

- Você está exagerando.

- Não estou não! Você é incrível. Mas não quero que faça isso por pena.

- Não é pena. Estou fazendo isso porque sou sua amiga e estou te apoiando.

- Se é assim, já são cinco. Agora faltam só mais cinco. - Ela afirmou animada.

Um silêncio confortável e puro, fruto de bons anos de amizade, ecoou pelo local por alguns minutos. Victória já não mais fechava as mãos em punho, e sim as usava para tampar o sorriso largo em seu rosto, afim de que não acabasse exagerando e saísse pulando por aí.

- Você vai conseguir, Vick. - Maria disse olhando nos olhos da amiga.


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O dia seguinte parecia nascer mais leve, daqueles dias que até o quarto bagunçado parecia mais bonito, daqueles que não importava se o céu estava nublado ou sem nuvens, ele era belo da mesma maneira. Victória acordou assim. Ana acordou assim também, com a mensagem que dizia que já eram cinco no time. Ma Duda acordou assim, ela até deu uma voltinha no espelho. Elas acordaram assim.

- Victória! - Ouviu alguém lhe chamar assim que entrou na sala de aula de paredes verdes. Ela procurou com os olhos pelos alunos que conversavam animadamente antes da professora chegar, até ver Natália, sua colega de turma, a olhar para ela enquanto acenava. - Fiquei sabendo que você está criando um time de futsal.

- Estou sim. - Ela respondeu enquanto retirava a mochila pesada de seus ombros.

- Eu faltei ontem, então fiquei sabendo só agora. Ainda há espaço no time? - Natália perguntou e Vick sorriu, porém, por dentro a menina mais que sorria, ela pulava de animação.

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