31 - Campo.

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Victória sentia a energia a mover, correndo e chutando a bola com a maior força que conseguia na rede branca.

O campo de Beija-Flor estava vazio naquele dia e Vick aproveitou da solidão que aquele campo a proporcionava para treinar. As gramas verdinhas, juntamente com o céu azulado, formavam um belo cenário. Pegou a bola que havia acertado o gol em cheio e caminhou para trás, posicionando o objeto no chão e se preparando para mais um chute.

Retrocedeu alguns passos e então correu para frente chutando a bola com a maior força que podia. A bola entrou, certeira.

Cansada, Vick deitou-se sobre a grama. Era algo que ela gostava de fazer quando estava sozinha.

Olhou para as nuvens brancas no céu azul e tentou imaginar coisas ao invés das nuvens. Como aquela que se parecia com um patinho, ou aquela outra nuvem que parecia uma mãe segurando um bebê, ou aquela que parecia um lobo bebendo refrigerante.

Se lembrou dos bons tempos da garotinha de cabelos ainda castanhos que se divertia pelos campos. Que deitava na grama da mesma maneira que estava fazendo agora.

- Garota criativa. – Disse Victória se referindo a si mesma quando ainda era uma criança cheia de imaginação. Quando seu brilho ainda não virava chamas. Quando a raiva ainda não era seu sobrenome.

Porém, tinha percebido que a última vez que teve um ataque de fúria, foi na cidade de Estrela, meses atrás. Desde lá, não havia se irritado fortemente nenhuma outra vez.

Quem sabe, suas chamas não estivessem diminuindo de tamanho.

***

Estavam exaustas, o treino havia sido muito maçante. Os pingos de suor caíam de suas testas e elas tinham que respirar profundamente, para recuperarem todo o ar de seus pulmões.

Molharam seus rostos e beberam água. Ficaram alguns segundos paradas até se sentirem melhores e poderem pegar suas coisas para saírem da escola. Natália parou de frente para o portão grande de Garcia.

- Nos vemos amanhã? - Natália perguntou à Ária.

- Claro.

As duas se aproximaram e deram um selinho de despedida. Natália viu algumas pessoas a olharem com julgamento, mas não se importou, e Ária parecia não se importar também. Estava feliz, e era isso que importava para a loira.

Acenou para a garota e se virou para seguir seu rumo para casa, acompanhada de Victória, que já havia se tornado sua companheira de caminhada.

- Como seria o nome de shipp de vocês? Natária? Nária? Árianat? - Victória perguntou com um sorriso divertido. Natália riu.

- Ah, eu não sei. - Natália continuava rindo.

- Vocês duas combinam, sabia?

- Obrigada, Vick. A Ária me faz muito bem.

- Nat, - A loira se virou para a amiga, enquanto andavam lado a lado. - Eu não quero ser insensível, nem invasiva, e não precisa responder se não quiser, mas você ainda sente algo pela Amanda?

- Não, eu não gosto mais da Amanda do jeito que gostava. Não do jeito que gosto da Ária, sabe. É louco isso, eu já fui apaixonada pela Amanda, sim, mas com ela, eu nunca fazia um sorriso bobo quando ouvia seu nome, nunca sonhava com ela, nunca pulava de alegria ao receber sua mensagem. E com a Ária eu faço tudo isso. - Victória sorriu ao ouvir as palavras de Natália, era bonito a forma como quando ela falava sobre Ária, tudo parecia se tornar uma bela poesia.

***

Sábado. Oito e trinta da manhã.

Era o dia do jogo.

As garotas desceram pela rua até chegarem no campo verde que já era conhecido por todos. De longe, ouviram os sons da música alta e das pessoas. O céu, acima delas, estava em um azul claro e quase nenhuma nuvem era vista.

Quando chegaram, ficaram surpresas ao ver a multidão de pessoas nas arquibancadas. Eram tantas, que não tinha lugar para todas se sentarem. Assim, algumas ficavam de pé em volta do campo.

As Guerreiras haviam convidado algumas pessoas para as assistirem, tão como os Caçadores, e de orelha a orelha, ouvido a ouvido, mais pessoas ficaram sabendo do jogo, até que aquele campo se lotasse, mesmo estando naquele horário da manhã.

Apesar de terem muitas pessoas as assistindo, a maioria sendo alunos ou ex-alunos de Garcia, não havia ali um arbitro, e nem a treinadora estava presente. Mostrando que aquele jogo, era mais para a pura diversão, mesmo que os jogadores, levassem aquilo bem sério.

Uma caixa de som, perto das arquibancadas, tocava em um barulho alto, músicas sertanejas, enquanto as pessoas, se embalavam nas canções, e cantavam em coro, balançando as mãos de um lado para o outro.

Os jogadores não faziam ideia de quem era aquela caixa de som, mas parecia estar entretendo as pessoas enquanto o jogo não começava, por isso mal se importaram.

Os Caçadores estavam com seu uniforme. Ele era de um tom azul capri, com detalhes em preto nas mangas e no fim da camisa. O logo da escola estampava o peito, tão como acontecia na camisa das Guerreiras. O calção era branco, com detalhes em preto, e bem no canto inferior direito dele, havia um símbolo de lobo, o que era um tanto irônico, levando em conta o nome de seu time.

Os rapazes, bem vestidos, aproveitavam daquele tempo livre para se alongarem, outros faziam charme, e flertavam com algumas moças que estavam nas arquibancadas.

Tomás caminhou em passos calmos na direção de Raquel, que calçava suas chuteiras.

- Só queria te desejar sorte.

- Obrigada. - Respondeu ela com um sorriso.

- Vou estar te assistindo.

Raquel levantou seu olhar rapidamente. Encarando o olhar de Tomás.

- Você não vai jogar? - A voz de Raquel parecia alterada.

- Hm...Vou, só que não agora. Eu vou estar de reserva. - Ele disse abrindo um sorriso para tentar descontrair.

- Ah! Merda! - A garota disse se levantando e correndo na direção de suas colegas.

- Eu hein... 

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Oii gente! Como estão?

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Próximo capítulo é o jogooo! Quem tá ansioso?

Um beijão e nos vemos na próxima!

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