29 - Desafio.

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Ana Nicole ajudava a colocar a mesa, pegando pratos e talheres. Já haviam se passado meses desde que tinha jogado em Estrela, e agora, aquela poeira fina de tensão e decepção havia se dissipado quase totalmente. Sandra, ao seu lado, colocava o grande prato com a torta de frango, que Nicole amava.

Era um dia feliz para a menina alta. Sentados em uma mesa circular, os três saboreavam daquela comida. Era como os velhos tempos. Ana, sua mãe e seu pai. Como ela estava sentindo saudades daquilo!

De estar perto das pessoas que mais amava no mundo. De um almoço de domingo com a família. De uma torta feita com tanto carinho. De ouvir seus pais conversarem. De não se sentir sozinha.

De manhã, ela até escolheu tomar um café de tão feliz que se sentia.

Mesmo não sendo como o que era antes, mesmo com seus pais separados e com sua mãe namorando Pablo, Ana se sentia radiante, se sentia diferente. Talvez com uma versão meio melhorada de si mesma. Havia conversado muito com a psicóloga sobre sua mania de discordar de tudo, e concluído ela mesma, que aquilo, na maioria das vezes, era só a sua maneira de chamar a atenção.

Mas agora, não sentia a necessidade de ser sempre a do contra. E às vezes, não custava ceder um pouco.

Porque agora ela tinha o que nunca teve: os pais conversando constantemente.

***

O barulho das chuteiras contra o chão era uma melodia barata enquanto, meio apressadas, as cinco meninas procuravam pela bola de futebol da escola. Ma Duda encontrou o objeto entre os cones coloridos do lugar.

Elas se dirigiam ao meio da quadra, escutando os ruídos dos outros colegas que se aproximavam. Fizeram dois times e jogaram a bola contra o chão, iniciando o jogo naquele começo de aula de Educação Física.

- Ei, nós que vamos jogar! - Nat revirou os olhos ao escutar a voz de Bruno.

- Chegamos primeiro. - Nicole retrucou.

- Vocês joguem em outro lugar. - Davi entrou no meio. - Essa é a nossa metade da quadra.

Ouvindo isso, Vick pegou a bola que estava no chão e a segurou, interrompendo a jogada que fazia.

- Eles estão jogando vôlei ali. - Victória disse se referindo ao grupo de alunos na outra metade da quadra. - Não tem espaço. E nós já estamos jogando bola aqui. Vocês podem se juntar a eles.

- Nós vamos jogar futebol, não vôlei. - Disse um dos rapazes. - Nós sempre jogamos futebol aqui.

- Parece que vocês vão ter que mudar essa frase para "Nós sempre jogávamos ali" - Raquel respondeu, já faltando lhe paciência.

- Vocês estão se achando muito e deixe me lembrar, já ganharam algum jogo? Ah, é mesmo, o único que tiveram foi paralisado e ainda foram expulsas! - Debochou Bruno.

- Nós que estamos nos achando? - Nicole perguntou rindo ironicamente.

- Deixa elas jogarem hoje, cara. - Vicente dirigiu-se para Bruno.

- 'Tá me errando, Vicente? - Bruno desviou olhar do loiro para as garotas. - Meninas, desculpe, mas essa é a nossa metade da quadra. Vocês têm que ao menos ganhar de um time decente para jogarem aqui. As Guerreiras, por exemplo, nunca venceriam os Caçadores.

- Quer apostar? - Victória desafiou e estendeu a mão para Bruno. O garoto levantou as sobrancelhas, surpreso com a audácia da ruiva. Com um sorriso de quem já tinha a vitória como ganha, aceitou o aperto de mão de Victória, selando aquele desafio.

- Feito.

- Sábado, nove da manhã, no campo. - Instruiu Vick.

- Eu não vou participar disso. - Pronunciou Vicente inconformado.

- Nem eu. - Tomás concordou.

- Parem de graça. Vocês vão participar também. No jogo vamos ser concorrentes e não amigos, e vocês são do time dos Caçadores, e esse é um jogo como qualquer outro. - Victória disse com superioridade.

- Vocês podem jogar nessa metade hoje. Aproveitem seus dias de glória. - Bruno riu, irônico e saiu, junto com os demais colegas.

- Isso é loucura, Victória. - Ma Duda disse assim que os garotos foram embora.

- Fiquem tranquilas, nós vamos conseguir.

- E o Vicente vai se ver comigo nesse jogo. - Ana Nicole disse e as garotas começaram a dar risadinhas baixas. - Que foi? - Ela fechou a cara.

- Nada.... - Disseram ainda rindo.

***

Raquel levou as mãos até as suas marias-chiquinhas, que já estavam frouxas, e as endireitou, prendendo-as mais forte.

Saiu do consultório e encontrou com Maria parada do lado de fora. Aquilo já havia se tornado uma rotina para as duas, visto que Ma Duda tinha consulta logo depois que a sua terminava.

- Oi, Ma Duda.

- Oi, Raquel. Como foi a consulta? - Maria cumprimentou a amiga a dando um singelo sorriso.

- Foi boa. - Disse a garota retribuindo o sorriso. - Mas, sabe, de todas nós acho que a Carmen gosta mais da Victória.

- Por quê?

- Porque ela pintou o cabelo dela de vermelho. Está parecendo uma versão mais velha da Vick. - As duas abriram um sorriso e riram.

- Eu quero muito ver isso. - Maria não conseguia parar de rir.

- Coloca a Victória do lado da Carmen e as pessoas vão achar que são mãe e filha.

- Ei, o que as duas moças estão falando de mim? - As duas se viraram para trás e encontraram Carmen escorada na porta com um sorriso divertido. Se assustaram como duas pessoas que são pegas no flagra.

- Carmen! Seu cabelo está lindo! - Exclamou Maria ao ver os fios avermelhados dela.

- Gostou? - A mulher colocou as mãos nos cabelos, os bagunçando.

- Pintou no mesmo salão que a Victória? - Raquel brincou. - Estão idênticas.

- Qualquer dia desses, você poderia vir conosco tomar um açaí no lugar da Victória. As outras nem vão notar a diferença. - Ma Duda brincou.

- Vocês estão muito engraçadinhas para o meu gosto. - A mulher disse, fingindo uma repreensão, mas rindo logo em seguida. - Maria, vamos lá que já vamos começar. Tchau, Raquel! Nos vemos semana que vem.

- Tchau, Carmen. Até.

A garota de franjinha levou as mãos até a altura dos olhos e acenou para sua psicóloga, logo se virando e seguindo seu rumo para o supermercado.

Raquel havia conseguido um trabalho no supermercado semanas antes. Lá ela tinha que repor mercadorias e organizar as prateleiras.

O trabalho era uma forma de distração, e uma maneira para ganhar o dinheiro que estava juntando para um dia, sair da casa de seus pais. O ambiente era tranquilo, e outros jovens também trabalhavam lá, o que rendia conversas e fazia as horas passarem num piscar de olhos.

Não era conversadeira, e achava que nunca alcançaria esse patamar. Porém já não era aquela garota calada que não socializava com ninguém. Tinha feito grandes amigos durante o ano, e com certeza faria outros mais.

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GTJB CHEGOU EM 6K AAAA
OBRIGADA POR TUDO GENTE! AMO VOCÊS DEMAIS! SAIBAM DISSO ❤

me contem o que vcs acharam desse capitulo!

Ah, e se quiser, entra lá no grupo do livro que a gente fez no face. O link vai estar aqui do ladinho nos comentários.

Estamos na reta final do livro! Esse jogo promete. Façam suas apostas que a guerra tá começando.

Um beijo e nos vemos no próximo capitulo ❤

Garotas Também Jogam Bola ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora