11 - Time.

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A garota de doze anos mexia em um de seus cachinhos castanhos com delicadeza, pensando seriamente se não ter feito o trabalho do professor Jorge tinha sido uma má ideia.

E tinha sido. Já que ele resolveu que quem não tivesses feito, levaria uma ocorrência e teria uma "conversinha" com a diretora.

Mal dia para não ter feito um trabalho! Pensou Victória.

- Victória! Não acredito que você não fez a atividade! - repreendeu o professor. - Pode sair da sala e ir para a diretoria! - Ele disse enquanto a garotinha lacrimejava os olhos esperando pelo pior. Ela não tinha ido à diretoria muitas vezes, e quando ia era para, geralmente, entregar algo que o professor pedia. Então não estava muito feliz.

Bufando e batendo os pés, saiu da sala. Mesmo que soubesse que a culpa daquilo era dela, ainda esperava que, milagrosamente, se safa-se dessa.

Quando chegou, ela não era a única que estava ali. Mais quatro colegas estavam sentados nas "cadeiras do medo". Nome que alguém dera para as cadeiras pretas de plástico que ficavam na diretoria. Já que, quem se sentava nelas, geralmente levaria uma bronca daquelas.

Uma das pessoas que estavam ali, junto com Victória, era Maria Eduarda. Uma colega de turma que ela não conversava muito. Maria Eduarda, segundo a pequena concepção de Vick, poderia muito bem passar despercebida na sala de aula, como Raquel, a menina meio gótica, meio colorida da sala que muitos só fingiam não notar. Porque ela era muito calada, quietinha e tímida. Por isso mesmo, achou estranho ela estar ali também.

Depois da chata conversa que a diretora teve com eles, coisas como "Vocês precisam ter mais responsabilidade" e blábláblá, Victória e os outros foram liberados para voltar à sala.

- Também não fez a atividade? - Vick perguntou para Maria Eduarda enquanto as duas andavam preguiçosamente pelos corredores.

- Não... E você?

- Também não. - Victória riu.

- Por que você não fez? - Maria perguntou, com a voz baixa e suave que tinha.

- Estava com preguiça. - A garota confessou. - E você?

- Eu esqueci. - Maria disse abaixando a cabeça como se estivesse envergonhada de sua atitude.

- Está tudo bem! - Victória disse abraçando a garota que mal conhecia. E foi aí que Maria soube que aquela seria uma incrível amiga. Victória era a melhor pessoa para acalmar e acolher os outros. Pena que não sabia fazer isso para si mesma.

***

- Já tô indo! Aguenta firme. - A ruiva disse através do telefone.

Maria não fazia ideia de como sua amiga tinha saído de sua casa naquele horário e se encontrado com ela, mas o fato era que Victória estava ali, abraçada nela, enquanto Duda chorava incessantemente. A menina não tinha dito nada desde que chegara, apenas abraçou Ma Duda e esperou até que ela parasse de chorar.

- Ei, quer me contar o que aconteceu? - disse calma, porém hesitante.

Maria negou suavemente com a cabeça e Victória a compreendeu. Abraçou-a mais uma vez.

- Não precisa se preocupar, ok? Eu estou aqui, e sempre vou estar aqui, pro que der e vier, beleza? Não se preocupe. - Maria apenas assentiu limpando as lágrimas. - E hoje eu vou dormir aqui, se quiser é claro.

- Dorme aqui. - Ma Duda disse e Vick assentiu.

- Maria, você é incrível, e independente de qual for o seu problema, não se esqueça disso; Você é incrível. Muito maravilhosa mesmo. - Maria soltou uma risada que alegrou a ruiva.

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