Eleonora abriu a porta do quarto da filha cuidadosamente, enxergando um cenário nada organizado, com chuteiras pelo caminho e papéis espalhados pela escrivaninha, mas o que mais chamou sua atenção, foi Victória que inquieta, mexia no que parecia alguns porta-retratos.
— O que está fazendo?
— Estou emoldurando algumas das fotos do time. – A adolescente respondeu ainda sem tirar seus olhos do que fazia.
Eleonora se aproximou mais, vendo cada um daqueles bonitos retratos. O vermelho tomando conta de cada imagem, devido as camisas do time. Sorriu ao ver como a filha parecia feliz. Se orgulhava da linda guerreira que ela tinha se tornado.
— Eu te amo, filha.
— Também te amo, mãe.
— O almoço está pronto. Seu pai fez o melhor escondidinho de frago de todo Beija-Flor! – Eleonora disse com ânimo, e Victória sorriu, sentindo água na boca e logo parando o que fazia para correr em direção a cozinha, fazendo com que sua mãe soltasse uma risada alegre.
Victória estava se sentindo um pouco nostálgica naquele dia, como se as lembranças boas daquele ano invadissem sua mente e deixassem nela um sorriso e uma espécie de saudade.
Estava de férias, não via suas amigas todos os dias como havia-se acostumado, e era um pouco estranho não ter Raquel e Ana se implicando, Natália a dando um conselho ou Maria a acalmando quando estivesse nervosa.
Estava sentindo falta do time, do campo... Pensando assim, a garota combinou consigo mesma que iria lá mais tarde jogar uma bola.
***
— Faz de novo. – Victória pediu com um sorriso.— Ah, Victória, já estou velho para essas coisas. – Thiago respondeu.
— Está nada! – Ela falou e ele se rendeu, fazendo a embaixadinha com a bola, alternando entre os pés, e vez ou outra levando ela até a cabeça e depois retornando para o pé, tudo sem deixar ela cair. – Pai, você devia ser o melhor jogador da sua turma quando estudava! Já até consigo ler; Thiago, camisa dez do time! – Ela entonou a voz.
— Que nada. Na minha escola eu nem jogava. Só num campo de terra que tinha lá na minha cidade com uns amigos, e só. – Ele disse passando a bola para a filha.
— Mas você com toda certeza era o melhor. – Afirmou ela e ele sorriu. – Pra você ver! Você diz que eu não puxei nada de você, que sou a cara da minha mãe, mas puxei seu talento.
— Não é talento, minha filha. É pratica. Mas você deveria chamar alguém da sua idade para jogar, porque eu já 'tô cansado. – Ele sugeriu entre risadas fazendo ela rir também. – Por que não chama a Ma Duda?
— Verdade! Vou chamar ela e o fofinho do José. – Victória declarou animada, pegando seu telefone e mandando uma mensagem para sua amiga.
Não demorou para que ela respondesse dizendo que iria se aprontar, e logo apareceria no campo. Vick então calçou suas chuteiras e saiu de sua casa, caminhando em direção ao local que era tão familiar.
O campo verdinho estava tão bonito naquela tarde. As gramas em perfeito cuidado e o céu nublado acima da ruiva, a dava uma sensação boa no peito.
Sentou-se na grama, segurando sua bola de futebol nas mãos, só admirando o vento que passava.
— Liberdade. – Ela recordou.
Era bom estar sentindo aquilo. Calma. Fazia tanto tempo que não reconhecia esse sentimento. Essa paz e leveza.
Abriu os olhos que havia fechado, e avistou Maria andando em sua direção, segurando a mão pequena de José.
Assim que a viu, o menininho correu abrindo os braços e os envolvendo em Victória, que retribuiu o afeto com um sorriso.
Jogaram por um bom tempo, rindo e ensinando algumas coisas para o irmão de Maria. Era divertido para ambos e nem perceberam o tempo passando ligeiro. O sol começava a se pôr quando eles pegaram suas coisas, e começaram a sair do campo.
— Você lembra como tudo isso começou? – Victória perguntou para Ma Duda.
— Sim, você me ligou de madrugada para me falar da grande ideia que teve! – Ela respondeu, fazendo Vick soltar uma risada.
— É mesmo. Me desculpe por isso.
— Imagina! Já 'tô acostumada com você me acordando desde que éramos pequenas. – Mais risadas.
— Aí eu falei com a Ana e nós conseguimos fazer um time.
— Depois de muitas dificuldades. – Ma Duda completou.
— E de eu ter ficado muito nervosa.
Elas riram.
— Foi a melhor coisa que você já inventou fazer. – Declarou Maria.
— Mas eu nunca teria feito isso sem você. – Vick afirmou colocando o braço ao redor do ombro de Maria, naquele meio abraço. – Obrigada por estar comigo durante todos esses cinco anos.
— Obrigada você, por ser essa menina estressada que sempre acha um jeito de acalmar os outros. – Maria disse sentindo os olhos lacrimejarem.
E então elas viram José abrir o berreiro.
— Vocês são muito lindas. – Ele disse fungando o nariz entre choros.
As duas garotas riram, e Victória pegou o garotinho no colo, mesmo já estando um pouco pesado por ter cinco anos, e Maria apertou suas bochechinhas.
— Você é uma fofura, José!
— Mamãe disse que a Maria é minha irmã, porque temos os mesmos pais e o mesmo sangue, mas Vick, você quer ser minha irmã de coração?
— Eu já sou, José. Eu já sou.
•⚽•
Aaaa, com esse capítulo fofinho, eu finalizo os especiais de GTJB! Foi muito divertido escrever e espero que tenham gostado também!
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Garotas Também Jogam Bola ✔
Teen Fiction"Em uma cidade com nome de pássaro existia cinco garotas, cinco nomes, cinco vidas não tão fáceis quanto gostariam, cinco histórias paralelas que se cruzaram de uma forma inusitada e futebolística demais. Cada uma tinha seu motivo para estar no time...