ESPECIAL - ANA NICOLE

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- E agora, o que eu faço?

- Quebre os dois ovos, mas por favor, não deixe a casca do ovo cair de novo na tigela. - Pablo deu as instruções e Ana começou a rir, se lembrando do desastre que era na cozinha.

Ana Nicole estava coberta da cabeça aos pés de farinha. Pablo estava ao seu lado, um pouco sujo também enquanto tentava, arduamente, ensinar Nicole a fazer uma receita. Uma das tarefas mais difíceis que alguém poderia fazer.

A adolescente parecia uma criança naquela cozinha, rindo o tempo todo, colocando açúcar demais, ou açúcar de menos, se sujando, sujando Pablo com a massa da receita e se divertindo ao máximo com aquilo.

Para Ana, era estranho pensar como as coisas mudavam tão de repente, era estranho pensar sobre tudo que viveu, mas ela gostava do novo, e gostava de como as coisas estavam para ela agora. Gostava de não mais achar Pablo um idiota total, gostava de como ela achava que ele e Sandra eram um casal bonito agora, e gostava de como sua mãe e seu pai estavam mais próximos, quase como numa amizade bonita que nunca tiveram em todos os anos de casados.

Ela quebrou os dois ovos e misturou na tigela junto com os outros ingredientes, depois que a massa ficou homogênea, ela pegou uma travessa onde colocou a massa e a colocou para assar.

- Agora, fique de olho no forno, cuidado para não deixar queimar. - Pablo aconselhou.

- Certo!

***


- Mãe, experimenta. - Nicole pediu oferecendo uma fatia de bolo à Sandra.

- Você que fez? - A mãe perguntou e ela assentiu. Sandra levou a fatia até a boca e saboreou da receita, abrindo um sorriso. - Ficou muito bom, filha! Finalmente!

- Depois de tantas receitas fracassadas, uma tinha que dar certo. - Pablo brincou e Ana cruzou os braços.

- Eu estou aprendendo. Vocês precisam ter paciência.

Então a adolescente deixou-se dar um sorriso e encarou a mãe. Como ela tinha sorte de ter tido uma mulher tão incrível como sua mãe. Agora, mais do que nunca, Ana sabia que Sandra havia feito um ótimo papel em sua criação. Tudo que Nicole sabia, que havia aprendido em sua vida, ela devia aos seus pais. Eles haviam a dado desde sempre muito carinho, e muitos xingos também. eles estavam em praticamente todas as suas memórias boas e haviam feito uma parte enorme em sua formação. Ana sabia que só era ela por causa deles.

Mas tinha o conhecimento, e a tristeza no peito de saber que nem todos haviam tido a sorte que ela tivera.

Desde que foi sincera e admitiu o que pensava para Vicente, fez uma lista de todas as outras pessoas nas quais ela precisava dizer algo também, mas nunca havia dito antes por seu orgulho teimoso. E agora, ela sabia que naquele momento, precisava riscar mais outros nomes da lista.

- Mãe, você é a melhor mãe do mundo. Eu te amo. - A garota disse dando um beijo na bochecha de Sandra. - Agora eu preciso ir. Te vejo mais tarde.

Sandra só raciocinou tudo que a garota havia dito quando ela já estava do outro lado da porta de sua casa.

***


Respirou fundo e tocou a campainha. Não sabia ao certo o que diria, mas torcia para que isso ajudasse alguém ou ao menos abrisse os olhos deles.

Quando a porta em sua frente se abriu e atrás dela viu as duas pessoas com quem queria falar, não deixou de pensar em como aquilo soava como o destino a dando uma mensagem, já que sabia que Rebecca e Kaique mal paravam em casa, de acordo com Raquel.

- É com vocês mesmo que eu gostaria de falar. - A menina começou, não dando tempo para que eles dissessem alguma coisa. - Meu nome é Ana Nicole, e sou amiga da filha de vocês, mas vocês provavelmente não sabiam disso. Aliás, duvido que saibam ou conheçam a filha que vocês têm, então eu vou dizer; A Raquel é uma garota incrível, ela sempre está ali quando alguém precisa dela, e apesar de as vezes não parecer, ela é uma das pessoas mais empáticas que eu conheço. E sabe de uma coisa? Eu não faço a mínima ideia de como uma garota tão fantástica teve vocês como os pais dela. Porque pode ter certeza que ela merece bons pais. Na verdade, ela merece muito mais. Então, de coração, vão se ferrar. E peço que por favor, sejam os pais que ela precisa que vocês sejam.

E com o calcanhar ela girou seu corpo e saiu, não olhando para trás e não deixando que eles falassem algo para ela.

Deixou que seus olhos derramassem as lágrimas que segurou e foi embora, torcendo para que Raquel não a odiasse no dia seguinte, e principalmente, torcendo para que a amiga tivesse algum dia, a mesma sorte que ela tivera.

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