Capítulo 16

1.9K 160 9
                                    

Não revisado.

Ezra Nix.

–Onde está a louca da sua esposa? – perguntou Itamar enquanto tomava um gole de sua bebida. A roupa em bege com toques verde escuro claramente destaca os olhos lilás e a pele morena. Não era exatamente uma peça terrível, mas com certeza estava na lista das piores que eu já havia visto. Não era tanto pela cor, mas sim pela escolha do design da peça. E as tranças no cabelo? Eu nem quero falar sobre elas, os fios roxos pareciam mais sedosos e brilhosos, quase mais escuros do que eu me lembrava, deixava tudo com um ar de primavera que eu sinceramente achava pior do que ruim ou irritante.

Com uma olhada gelada que lhe lancei, só consegui pensar que os membros do Clã da Primavera eram todos muito – irritantemente – bem humorados, e eu certamente receberia de volta uma piada ou piscadela sobre minha bela escolha de esposa.

Eu esperava poder apresentar oficialmente Zoe para eles, mas ela havia conseguido se esquivar de mim e das conversas, mais do que importantes com pessoas que eu ... detestava, e estava ciente de que ela também deveria compartilhar do mesmo sentimento, já que ela havia sido bem rápida em desaparecer. Mas eu estava me achando com muita sorte, meus amigos haviam conseguido me salvar deles.

–Você está se achando muito corajoso para se referir a ... ela ... como louca  – ele gargalhou sob meu olhar desgostoso, o som poderia facilmente ser comparado ao canto dos pássaros no amanhecer. Era a mesma maldita sensação. E eu era feliz todos os dias por dificilmente ver pássaros cantarem no início ou fim do dia.

–Que isso irmão? – ele deu um sorriso maroto. –Eu só estava brincando. – Itamar se chegou para frente, ficando próximo de mim. –Mas talvez, exista uma ... – ele usou os dedos para ilustrar. –Pequena possibilidade dela não ser assim tão normal ... – ele gargalhou.

–Você não devia ouvir esse tapado, ele está completamente bêbado e é provável que acorde na cama de alguma dama amanhã e nem lembre de como foi parar lá – murmurou Akina divertido. Os olhos em um tom de verde claro contendo quase uma expressão de puro tédio.

Mas eu era o entediado ali, Zoe não me deixaria espaço para manobra, o que significava que minha noite de núpcias poderia ser classificada como tudo, menos divertida. Eu já conseguia imaginar ela me mandando dormir no chão ou sei lá, no teto. E eu não conseguia imaginar o que havia de tão péssimo em mim para que ela sequer cogitasse a ideia de fazer sexo comigo.

Ela não iria se arrepender, mas certamente meu docinho não pensava assim. Na verdade havia uma camada estranha de ódio pairando sobre seus olhos, aquilo havia mesmo me deixado assustado.

Pelo menos eu não consegui configurar, como sendo, nada diferente.

–Devo dizer, ela não parece muito animada – comentou Akina de repente. Eu segui seu olhar e a vi sentada na mesa ao lado das irmãs, tentando conter uma careta de infelicidade, e ela estava sendo péssima na tentativa.

A forma como seus lábios superiores se levantavam, me deixou por um momento hipnotizado. Havia ali tanta graça escondida.

–Obrigado – Itamar agradeceu o garçom, que havia acabado de deixar outro copo com ele, a bebida da vez era rosa. –Eu entendo ela, casar na base da força e tão rápido assim não deixa muito espaço para felicidade – ele enfim calou a boca e bebeu.

–Eu estava sem tempo – murmurei com um suspiro infeliz. –Os ministros só queriam que eu provasse que a fofoca era mentira – sussurrei. Eu odiava ter começado a merda toda dessa forma tão errada, mas a culpa tinha sido totalmente dela por sair por aí falando coisas sem sentido, eu esperava mesmo ter mais tempo. Mas eu também tinha consciência de que tempo é uma coisa valiosa, principalmente quando se fala de humanos, e apesar de tudo ter sido meio bosta, eu estava feliz do rumo que as coisas estavam tomando.

Cetro de Gelo - O Canto do Lobo BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora