Capítulo 26

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Não revisado.

De frente para o que seria minha futura casa, para o que?

O resto da minha vida.

Eu suspirei, encarei a construção e fiquei feliz ao constatar que ela havia sido claramente reformada para atender às minhas necessidades como humana. Eu não passaria frio ali. Pelo menos Ezra sabia pensar em mim.

Ou ele só estava mesmo se MOSTRANDO um "marido" atencioso. O mínimo de gelo dentro e fora da casa, eram para a total percepção de que, talvez, ele me amasse.

–Quero ver minha mãe amanhã – murmurei quando o vi parar ao meu lado. Olhar aquilo tudo foi como finalmente perceber a gravidade da situação, enxergar o quanto eu estava ferrada. Respirei fundo, buscando por ar, que por algum motivo estava começando a me faltar.

–Claro, vou mandar Urd levar uma mensagem ainda hoje – pisquei algumas vezes antes de olhar na direção dele. Eu batia em seu ombro, era pelo menos um palmo de diferença até o final de sua cabeça, não era tão ruim, eu já havia me sentindo bem menos que isso.

Observei seu rosto iluminado pelas luzes da frente da casa, pelas luzes ao redor, acima da minha cabeça, ele parecia menos pálido ali, mas talvez fosse apenas a noite, mas eu acreditei ter visto, ele de verdade, por um segundo, transbordando de seus olhos, uma verdade que eu não sabia ao certo o que significava, mas fiquei com medo, pois tudo aquilo estava direcionado a mim, pelo menos eu achei.

–Alteza! – aquela voz melodiosa e enjoativa entrou pelos meus ouvidos. Eu não consegui conter uma careta de desgosto. Mas Ezra apenas riu de mim, inclinando sua cabeça para o lado enquanto ainda tinha os olhos sobre o meu rosto.

Mas daquela coisa, uma iluminação diferente.

Eu afastei as possíveis palavras e seus significados, ou a comparação que eu não precisava fazer naquele momento, e seus sinônimos da minha mente.

–Linoar – cumprimentou Ezra, ele sorriu para ela. Eu estava quase a ponto de lhe lançar qualquer olhar de reprovação por ele ter escolhido uma mansão que ficava próxima a casa daquela mulher. Me arrependi por não ter perguntado antes sobre isso, certamente eu poderia ter mudado a localização do resto da minha vida.

–Alteza, é um prazer tê-lo como vizinho – Ezra passou por mim, ficado ao meu lado, ainda de costas para aquela figura perfeita de imortalidade e beleza, eu revirei os olhos com a imagem da cena pregada dentro dos meus olhos, foi totalmente ilustrativo, mas serviu do mesmo jeito.

–É muito gentil da sua parte dizer isso – Ezra agarrou minha mão, puxando levemente. Eu não queria olhar para cara dela e começar a me torturar de novo por conta da nossa vizinha linda.

Outra imagem surgiu, e foi tão pouco agradável quanto a anterior. Movimentos, gemidos, unhas, sangue, pura satisfação. Credo! Isso revirou meu estômago. Me recriminei por imaginar tamanha desgraça, mas foi totalmente involuntário e eu estava prevendo que não seria a única vez.

Depois de respirar fundo, fiz uma careta na tentativa de formar um sorriso – que notei ter sido captada pelo guarda costas de Ezra – me virei para ela. –Espero que tal satisfação também seja sobre minha presença... a esposa – droga! Não devia ter acrescentado a última parte. Mas eu estava mesmo chateada.

–É claro princesa – mas seu tom desgostoso não me passou despercebido. Eu me lembrava dessa combinação branca amarelada, cujos os olhos eram azuis claros, e para mim, era o pior da escória, só que agora ela era a minha vizinha, e não havia nada mais desgastante e que me enchesse de raiva quanto sua posse superiora diante da realidade.

Cetro de Gelo - O Canto do Lobo BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora