Capítulo 8

2.2K 170 11
                                    

Não revisado.

Eu odiava me senti triste e sufocada. Odiava o quanto amava comer sempre que me vinha a sensação de vazio e desespero. Mas quando olhei para comida que minha mãe havia feito, eu não me importei em comer mais do que deveria, apesar da presença de Ezra ao meu lado.

Eu era gorda, tá legal, sabia disso. Mas quando você ouve alguém falar sobre seus defeitos em voz alta tudo parece se tornar mais real.

Totem pigarreou quando enfiei duas colheres cheias na boca. O que ela queria afinal? Uma pessoa não pode comer em paz?

Alexis fez o mesmo quando me viu encher mais a boca.

–O que foi? – perguntei frustrada ainda de boca cheia. –Ah! – falei depois de engolir toda a comida. –Você está com vergonha por eu ser uma gorda porca – minha mãe fechou os olhos com força.

É, eu tava mesmo falando merda.

Mas eu não tinha vontade de explicar o quanto estava me sentindo ferida comigo mesma por ser tão idiota. Um título e uma mansão, dinheiro e riquezas das mais variadas não eram nada em comparação a minha dor pulsante.

Eu me sentia mal por fazê-las passar vergonha na frente de um desconhecida, fazia parecer que elas não haviam me educando da meneira certa, eu sabia disso, mas simplesmente foi inevitável tentar fechar minha ferida com comida.

–Ezra não se importa – murmurei antes de enfiar mais comida pela minha boca. –Não é amor? – perguntei de boca cheia.

Quando me virei para olha–lo, eu não imaginei que veria em seus olhos diversão e compreensão estampadas de forma tão firme, que me senti desconfortável diante de seu olhar quase amoroso.

–Releve as palavras da minha filha alteza – começou a minha mãe. Eu não tinha porque me desculpar com ele por nada, muito menos pelo meu comportamento. Eu estava comendo, frustrada e me sentindo feia e gorda, então eu estava me lixando para a etiqueta apropriada.

–Tudo bem Sra. Bellum – falou Ezra com um sorriso divertido. –Ela realmente fica linda quando come – eu tentei não engasga com a comida. Era só para concordar, não devia me elogiar pateta.

Apanhei o copo com água em cima da mesa e levei a boca rapidamente. A mão de Ezra subiu pelas minhas costas com leveza e sensualidade estranha. Eu fiquei ereta diante de seu toque gelado, que mesmo por cima das três camadas de roupas que eu estava usando, não eram o suficiente para pararem o frio específico de sua pele. Eu arrepiei enquanto encarava meu prato de comida.

–Sua alteza está sendo demasiado cortes – falei antes de voltar a comer. Depois de colocar mais algumas colheradas do meu almoço delicioso na boca, eu levei minha mão até as costas para bater com força nas mãos de Ezra.

–Eu só fui verdadeiro – ele falou antes de afastar sua mão de mim.

Lhe lancei um olhar de "eu não vou cair nessa, seu imbecil" e tentei terminar minha comida sem mais interrupções exageradas.

***

Quando o final da tarde chegou. Ezra insistiu em me levar para passear. Talvez o fato de que eu passei o dia inteiro comendo e sentada pelos cantos tenha deixado ele preocupado com o aumento da minha banha.

Caminhar eliminaria algumas calorias desnecessárias.

Mas eu fiquei menos desconfortável ao ver que ele havia convidado minhas irmãs também. Eu encarei as costas esbeltas das três enquanto se enroscavam e conversavam olhando as vitrines das lojas na rua principal. Olhando ao redor eu reparei na presença de poucos humanos caminhando no dia de inverno mais quente desta temporada. A chegada do verão era um alívio para todos nós. Eu estava mesmo contando os dias.

Cetro de Gelo - O Canto do Lobo BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora