Capítulo 43

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Não revisado.

– Você precisa comer – repetiu ele enquanto me empurrava aquela sopa estranha. Arquei uma das sobrancelhas enquanto apenas empurrava a bandeja de volta na direção dele.

– Não vou comer isso, parece horrível – e parecia mesmo, aquilo era qualquer coisa menos sopa de … galinha. É só morrer para os empregados desaprenderem como fazer uma comida decente.

– Você precisa – ele arrastou a sopa para cima do meu colo de novo. 

– O que eu ganho com isso? – Ezra sorriu, parecendo não estar realmente acreditando no que eu havia dito. Mas sim, eu estava falando muito sério. Apesar de parecer infantil, eu não me importei nem um pouco.

Ele me encarou de novo, e só então percebeu que eu não estava brincando. Ezra suspirou. – O que você quer? – murmurou, parecendo derrotado. 

Eu até conseguia pensar em algumas coisas, mas nenhuma delas parecia realmente atrativas depois de um tempo, divorcio? Tecnicamente eu estava morta, dinheiro? O que uma morta pode querer com dinheiro? Eu nem teria onde gastar. E para sair da cidade eu precisava estar muito bem obrigada, então só encarei ele quando finalmente decidi por algo.

– Você pode me dar um desejo, e então quando eu decidir, terá que fazer imediatamente sem desculpas ou demora – apontei o dedo na cara dele, sorrindo e me achando eficazmente muito esperta.

– Tá – foi só o que ele disse.

Ezra pegou a colher no prato e suspendeu na altura da minha boca com um pouco daquele líquido denso pálido, igualzinho a cara do cozinheiro. Eu não conseguir comer aquilo tão rápido, o cheiro entrou pelas minhas narinas e eu podia jurar que aquilo era qualquer coisa, menos sopa de galinha.

Pisquei algumas vezes enquanto parava de respirar, e então comi aquela coisa. O sabor era ainda pior, uma mistura de verduras características na terra dos imortais com água que eu associei ao penico do cozinheiro. Meu estômago embrulhou.

– O que tem ai? – perguntei enquanto me retraia toda.

Ezra sorriu quando viu meu estado de agonia. –Posso lhe assegurar que não é nada horrível, mas o paladar dos humanos não é exatamente igual ao dos imortais – ele levou outra colherada na direção da minha boca. –Mas mesmo assim você precisa tomar isso, vai ajudar na sua recuperação – depois de encarar ele com uma careta, eu tomei aquilo mais algumas vezes antes de não poder aguentar mais.

– Como é ruim estar morta – empurrei a bandeja na direção dele. – Até os malditos cozinheiros param de fazer uma comida decente – Ezra se inclinou na minha direção, depositando um beijo na minha testa antes de desaparecer com aquela coisa estranha.

Devia ser final da tarde naquele momento, e eu ainda não havia inspecionado meus ferimentos, mas acreditava que eles deviam estar muito melhores do que na noite anterior. Talvez ter sido mordida por um lobo tenha seu lado positivo, apesar da marca das enormes e dolorosas presas dele ainda estarem no meu pescoço.

Quando Ezra voltou para o quarto alguns minutos depois, ele estava acompanhado de duas pessoas, que eu supus serem os príncipes do Clã das Almas e do Clã da Primavera.

Eu pisquei algumas vezes enquanto encarava seus rostos perfeita, ambos sorriram para mim e eu me lembrei de já tê-los visto antes, bem na noite do casamento – não que eu tenha falado com eles – e alguns anos antes, em um evento que era realizado anualmente pelos clã.

– Acho que não fomos apresentados oficialmente, é um vergonha eu sei  – murmurou o de olhos lilás, ele usava uma túnica verde clara. 

– Este é Itamar Fons, o dramático, e … – o outro cortou Ezra, ele tinha cabelos pretos e os olhos verdes, não pude deixar de perceber que os olhos dele combinavam com as roupas de Itamar.

Cetro de Gelo - O Canto do Lobo BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora