Capítulo 21

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Não revisado.

Eu estava comendo, sentada em uma mesa na cozinha, cercada por meu pai e as cozinheiras, que eram pessoas adoráveis, quando senti o cheiro de Ezra ao meu redor. Eu não tinha porque mentir para mim mesma, o perfume dele era top, me deixava em um misto de felicidade e medo, mas esse tipo de sentimento era justamente o antecessor da minha tristeza, eu tinha que demonstrar mais força e determinação para mim mesma e para o mundo, me impedindo de acabar sozinha, desiludida e amarga.

Ele se sentou na minha frente, parecendo ansioso por algo. Se ele estivesse esperando que eu falasse com ele, teria que esperar por muito tempo. Eu tinha o mínimo de orgulho para permanecer muda por um longo período. E eu não queria ouvir o que ele tinha a dizer, eu sabia que seus pontos seriam tão bons que fariam refletir e desistir de parecer estar com raiva, pelo menos para as pessoas de fora

Decidi que iria ignorar ele por hora, nem mesmo desviei o olhar do meu prato para seu rosto quando o vi se mexer meio desconfortável. Eu ainda não estava acreditando que havia caído na laia dele e me casado com um cara que não era gay. Eu engoli a comida com uma certa dificuldade, torcendo para que ele parasse de me observar tão de perto, aquilo era uma droga.

–Zoe querida – eu tentei não revirar os olhos. Não havia motivos para desacreditar que meu pai não faria a porra do papel de mediador naquele momento. Eu ainda iria bater no Ezra com vontade.

–Sim papai – me virei para ele, esperando pelas próximas palavras favoráveis ao príncipe, mas ele apenas arqueou uma das sobrancelhas e jogou a cabeça na direção de Ezra.

Eu não iria falar com ele.

Havia muito em mim e eu não colocaria isso de lado para me deixar ser tratada como um objeto que pode ser controlado. Ezra sempre foi assim, e eu apenas tinha me dado conta muito tarde.

Eu estaria morta se arrependimento matasse.

–É ... – começou Ezra. –Zoe? – eu senti um certo receio em sua voz. Ele era inteligente, ou só estava se fazendo de homem decente, a presença do meu pai o fazia tentar prosseguir com a imagem que ele havia criado para ele, a imagem que meu tinha acreditado existir.

–O que foi? – rosnei impaciente. Ezra pareceu se assustar, se jogando para trás, a fim de ficar o mais longo possível de mim. Ele me analisou por um momento, indeciso, aparentemente, se deveria continuar.

–Eu sinto muito por aquilo – ele parecia sincero ao dizê–lo, e eu quase acreditei em suas palavras, como em muitas ocasiões, mas aquele momento passou novamente pela minha mente, e eu não conseguir compreender, além de imaginar o motivo, por ele ter tido aquela reação tão possessiva, não, melhor, tão medrosa.

Eu jamais seria capaz de revelar a ninguém o quanto nosso casamento não passava de uma fachada. Ele tinha que continuar no conselho e eu tinha que fazer algumas coisas durante uns anos, para colocar algumas pessoas em seus lugares. Eu não era só uma humana, agora eu era uma princesa. Mas uma princesa muito puta da vida.

–Se sente, então pare de tentar controlar minha vida – ele assentiu com a cabeça. –Eu me casei com você, não me entreguei em suas mãos, eu ainda tenho e preciso de uma vida – eu queria ter dito mais coisas, tipo: eu não me importo que ele algum dia fosse me trair, eu só esperava que ninguém soubesse, pelo menos no período de tempo que eu permaneceria ao seu lado, e eu também não queria mais ver a Heloise. Mas deixei isso para outro momento.

–Tudo bem, você está certa – é, eu estava mesmo. Mulheres não nasceram para ter suas vidas decididas pelos homens, mas não importava o que façam, isso sempre acaba acontecendo. Eu mesma me deixei levar pelas palavras assustadoras de Ezra, dizendo a mim mesma que estava entrando nessa pela grana, possibilidades e a chance para esnobar algumas pessoas, mas no final das contas, eu só dei uma desculpa para deixar ele controlar minha vida.

Cetro de Gelo - O Canto do Lobo BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora