Capítulo 20

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Não revisado.

Depois de fechar a porta do banheiro e ter e ter passado o trinco, eu ouvi meu estômago roncar. O barulho alto que entrou pelos meus ouvidos juntamente com a sensação de vazio, foi apenas uma confirmação de como minha nova realidade podia ser profundamente difícil.

Havia tanta falta de sorte na forma como minha vida estava sendo dirigida. Eu estava casada com um príncipe – que todos diziam ser uma criatura maravilhosa –, mas ninguém conhecia a vida dele no interior da cerca, e apesar da personalidade amigável e de ser um gato, ele não era em nada, como as pessoas imaginavam. E do meu lado da cerca, eu havia encarado esse desafio apenas pelos bens que eu poderia obter, mas de que valia toda a grana, poder e status se eu nem mesmo podia comer direito.

E aquele era apenas o primeiro dia do que deveria ser o resto da minha vida.

Eu tinha que prosseguir com o meu plano de fuga. Não havia mais escolha.

Quando me sentei no chão cruzando as pernas. Fiquei ainda mais triste por aquela conversa patética. Sua voz parecia ainda viva demais com suas palavras ridículas, que eu não conseguia encontrar um propósito, se não, controlar meus atos.

Era tão fácil para os imortais do clã lidarem com suas "esposas" humanas, eles só deviam jogar algum feitiço nelas e pronto, vida perfeita. A ideia me deixou atordoada, fiquei com medo de ser a próxima a perder a identidade. Eu não confiava em Ezra o suficiente para acreditar que ele não seria capaz de algo assim.

Nenhum dos imortais poderia ser considerado confiável a esse ponto. O amor tem um preço quando se ama um imortal, e se ele pertence ao clã do inverno, você vai viver em um inverno eterno. Nem todos os membros do clã eram calorosos por dentro.

Mas, por cima de tudo isso, eu tinha que admitir que Ezra era lindo e eu pegava, se ele não tivesse aquela personalidade. Eu ainda me lembrava de quando ele era meu amor de infância. Ele já era tão velho quanto é agora.

Eu me perguntei se havia mentalizando aquilo tão fortemente naquela época, que o fizera ganhar vida dez anos depois. Pensando nisso, me fez perceber que eu devia ter coberto aquela imagem com a do Elian, com ele eu iria me esforçar mais para ser a garota perfeita. Isso era tão amargo quanto parecia.

***

–Zoe querida? – uma batida musical na porta e sua voz tranquila e amável me levaram de volta a minha infância, quando meu pai me encontrou vagando pelos restos de uma vila humana destruída. Eu o amava tanto, mas não deixei de me perguntar o motivo por ele estar batendo na porta do meu banheiro de reflexão.

Eu havia andado bastante naquele lugar enorme na procura do banheiro perfeito, depois da minha briga com Ezra, e o tempo deve ter sido o suficiente para encontrar alguém da minha família por perto.

Mas é claro, meu pai estava todos os dias na sala do trono participando das sessões reais, Ezra nem devia ter suado para encontrá-lo.

Corri para abrir a porta, e quando a destranquei, puxando a maçaneta para abri–la, sua figura musculosa e familiar parada do lado de fora com o uniforme de prata e a espada na cintura, me deixou realmente mais tranquila, fazendo meus medos, pensamentos e ressentimentos serem levados para um local em segundo plano, trazendo a paz da certeza de algo.

Eu o puxei para dentro, rodeando meus braços em seu pescoço em busca de algum consolo diante da maior burrada que eu já havia feito.

–Está tudo bem querida? – ele abraçou com força, eu não deixei o tom de preocupação passar na sua voz. Contive a vontade de chorar, piscando várias vezes para afastar as lágrimas.

Cetro de Gelo - O Canto do Lobo BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora