Capítulo 17

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Não revisado.

Era tão incrível estar em paz. A solidão era de certa forma deliciosa.

Ao me ver sentada no chão de um dos enormes banheiros do palácio, eu me senti feliz e escondida de qualquer provação. As bebidas feitas nas terras do alto vale eram extremamente fortes para humanos, mas se eu apagasse dentro de um banheiro e sozinha depois de encher a cara como nunca – pelo menos com as bebidas dos imortais – não haveria ninguém para envergonhar e minha dor aparentemente pulsante demais seria totalmente apagada.

Eu pelo menos esperava.

Nem me dei conta do quanto tempo havia passado trancada ali, mas pelas persianas do banheiro eu vi a noite cair calmamente do lado de fora sobre o frio extremo. Eu provavelmente não estava mais tão sóbria naquele momento, e tive a sensação de sentir falta de algo que eu nunca tive.

O anoitecer silencioso e quente no baixo vale.

Me esparramei no chão com a garrafa de vinho ao meu lado vazia, enquanto olhava as estrelas começarem a surgir no céu. Havia uma grande diferença entre os céus em todos os lugares, entre os clãs e no território dos humanos.

Eu não saberia dizer que tipo de coisa deixava eles diferentes, mas eu tinha quase certeza de que no Clã do Inverno, era por causa do frio. Eu sorri ao pensar nisso. A baixa da temperatura à noite era realmente preocupante para humanos, mas alguns dos membros do clã eram legais ao ponto de oferecerem suas magias para nos aquecer.

Ezra havia feito isso comigo, minha gripe melhorou bastante desde aquele dia, até mesmo a forma como o frio entrava pelas minhas narinas estava diferente. Mas eu sabia que tudo isso se devia ao fato de ele ter nascido em uma família poderosa, tanto em magia quanto em poder.

A magia dos meus pais não era assim tão incrível.

Fechei os olhos por um momento e quando os abri novamente estava escuro, frio e solitário. Os sentimentos dos quais eu tinha mais medo pareciam estar se tornando reais. Eu respirei no escuro tremendo, absorvendo o ar espesso ao meu redor, carregado de magia. Mas diferente do cheiro que eu me lembrava anteriormente, aquele aroma parecia me sufocar com sua força implacável, escondida nas partes mais inofensivas.

Achei que fosse me sufocar, morrer asfixiada por algo desconhecido e com uma força brutalmente. Mas quando um rosnado ecoou pelo local vindo de longe na escuridão. O ar pesado ao meu redor pareceu correr para se dissipar antes que fosse apanhado pelas presas do maior predador naquele lugar.

Meus pelos se arrepiaram e eu pude sentir um frio ainda mais forte se apoderando de mim de tal forma, que achei que fosse morrer congelada. Não asfixiada, mas sim congelada, meu dia estava cada vez melhor.

Dei alguns passos para trás, sentindo a parede fria encostar nas partes expostas do meu corpo, o único apoio que eu poderia ter naquele momento. Me abaixei agarrando minhas pernas junto ao meu tronco para tentar aplacar minha tremedeira, enquanto esperava que a criatura que estava me caçando não percebesse o quão assustada e fácil eu seria para ele.

–Por que você está aí sozinha Aloá? – eu engoli com dificuldade ao ouvir aquela voz assustadora, grossa e firme, que parecia reverberar junto a escuridão como uma só. –Aloá? – eu não queria responder. –Estou falando com você – em encolhi ainda mais. –Por que você quer me deixar?

Escondi minha cabeça entre as pernas em uma prece silenciosa por salvação que eu tinha quase certeza de que não viria. Eu ouvi o que pensei ser suas garras arrastarem nas paredes de pedra ao redor, ele me avisava que me encontraria e já sabia aonde eu estava, e quando ele o fizesse, me obrigaria a responder suas perguntas, me forçando a aguentar suas torturas sobre meu corpo e mente.

Cetro de Gelo - O Canto do Lobo BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora