Não revisado.
Ezra Nix
–Alteza!
Abri os olhos e encarei a porta, Zoe estava dormindo aninha a mim, os cabelos sobre o rosto, ela parecia pacífica e tranquila, e isso me deixava feliz, mas Urd voltou a me chamar pouco depois.
Eu tive que afastá-la o suficiente para não lhe acordar e conseguir sair da cama, se Urd estava me chamando tão cedo quanto eu achava que era, isso não podia ser indício de coisa boa.
Cruzei o quarto e assim que abri a porta, ele me lançou um olhar preocupado antes de dizer:
–A suma sacerdotisa está aqui – eu esperava pela visita dela, mas não achei que seria tão cedo pela manhã. –Eu não consegui impedir ela de entrar, meu senhor – ele só desviou os olhos para a direção da sala.
Droga!
–Cuide da Zoe por mim, não deixe que ela faça nenhum barulho – sussurrei antes de passar por ele. Urd curvou a cabeça e então entrou no quarto, sem fechar a porta. Eu esperava que a escuridão na qual meu quarto estava banhado fosse o suficiente para que ninguém percebesse nada caso passasse por lá.
Caminhei na direção da sala, vendo ela parada ao redor de varias mulheres e dois homens, todos sacerdotes, que na minha opinião eram almas perdidas. Se eu pudesse me livraria de todos eles. Quando inspirei ao chegar a poucos metros dela, percebi que cada um deles havia estado na noite anterior naquele rio.
Era muita coragem dela simplesmente surgir na minha frente e dizer que minha esposa estava morta, porque eu não achei que fosse outra coisa senão isso.
–Suma sacerdotisa, sacerdotes, o que os trás a minha casa tão cedo pela manhã? – ela me lançou o que eu achei ser um olhar de pena, e então se curvou mostrando respeito.
–Nós encontramos um homem humano vagando pelas ruas da cidade todo ensanguentado – ela se aproximou. –Ele estava dizendo que havia matado a rainha, e … – ela desviou o olhar de mim para o chão. –Alguém pensou que talvez fosse Zoe – eu ouvi um suspiro deixar sua boca, seguida de um balançar em negação. –Nós falamos com os pais dela alteza, eles reconheceram o sangue como sendo dela – encarei ela perplexo, era incrível como ela conseguia fingir estar triste.
Assassinar alguém e colocar a culpa em outra pessoas era tão fácil como respirar para ela, eu até mesmo poderia acreditar em suas palavras se não houvesse visto com meus próprios olhos na noite anterior.
–Não conseguimos achar o corpo ainda, mas é certo que sua esposa morreu – ela voltou a me olhar de forma cautelosa, temendo uma reação de loucura da minha parte, claramente, e ela devia mesmo ter medo.
–Não acredito – murmurei em descrença.
Ela havia começado e eu pretendia aceitar isso da melhor forma possível, que melhor maneira do que mentindo para ela, ficando de luto, demonstrando o quanto eu estava destruído.
–Eu sinto muito alteza – neguei com a cabeça.
Corri da sala para a quarto de Zoe, abri a porta com rapidez, ela bateu com força contra a parede. O quarto de Zoe estava intocável, exatamente como ela havia deixado quando saiu na noite passada, os lençóis bagunçados misturados a mudas de roupas, as cortinas com um palmo de abertura.
–Onde ela está? – gritei me voltando para ela. A suma sacerdotisa me encarou com pena, e eu tive que me controlar para não arrancar alguma coisa dela, segurei meu lobo sob minha pele.
Ela não podia estar realmente com pena, eu tinha que certeza de que debaixo daquele pele pálida e gelada havia alguém morrendo e satisfação e alegria, que estavam muito bem escondidas sobre uma fachada de tristeza.
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Cetro de Gelo - O Canto do Lobo Branco
FantasíaZoe Bellum é a filha adotiva do general do Clã do Inverno. Como humana, ela sofre preconceitos por parte de quase toda a sociedade do clã desde a sua infância. Mas quando o terceiro príncipe do Clã do Inverno se vê no meio de uma fofoca maldosa sob...