Capítulo 29

1.5K 138 5
                                    

Não revisado.

Na manhã seguinte.

Não sei quando adormeci, mas peguei no sono depois de ser entupida de chás e comer o melhor da comida do baixo vale, feliz e satisfeita, me sentindo especialmente amada. Me remexi sentindo o desconforto no meio das pernas, eu detestava acordar assim, detestava as manhãs durante esses dias, principalmente por morar em um local que não me permitia muita liberdade sem roupas. Me virei na cama, sentando automaticamente ainda sonolenta entre os lençóis, muitos lençóis. Estava relativamente escuro dentro do quarto, porém tão quente como nunca antes, as sombras que entrava pelas brechas nos cantos deixavam tudo em uma penumbra sombria, fazendo as lembranças irromperam do fundo da minha mente.

Eu senti o roçar das mãos quentes de outra pessoa debaixo do lençol contra minha perna desnuda, me arrependi por não escolhido uma calça para vestir por debaixo do vestido, que agora estava na altura da minha cintura, e foi quando me dei conta de que quando eu caí no sono, Ezra estava mexendo no meu cabelo de um jeito tão sereno, que eu não tinha do que reclamar, e nem poderia, minha mãe e as loucas das minhas irmãs estavam sentadas ao redor na cama.

Foi um momento único, digo isso porque me senti estranha por constatar que estava me sentindo tão bem com ele passando as mãos sobre os meus cabelos. Eu me senti confortável e amada ali. Tive que afastar esses sentimentos para longe de mim o mais rápido que conseguir.

Percebi que havia passado a maior parte do dia anterior dormindo, e isso não era nenhuma surpresa para mim, mas acordar ao lado de Ezra depois de ser brutalmente expostas, não era nenhum pouco legal.

Sai da cama aos tropeços, buscando pelo banheiro em algum lugar naquele quarto escuro. Tropecei nas coisas no chão, e xinguei baixinho pela falta de afinidade com a escuridão e me perguntando quem havia deixado essas coisas espalhadas. Temendo acordar ele, tentei seguir em lentidão pelo quarto, arrastando o pé lentamente no chão, tentando voltar a andar sem tropeçar em mais alguma coisa, foi quando ouvi as cortinas correrem, trazendo luz para dentro do quarto.

O cheiro de flores subiu a minha narina, e eu parei imediatamente, ficando estática, esperando alguns segundos antes de lançar um olhar calculado em um virada lenta na direção da cama, Ezra estava lá, alinhado entre os lençóis, parecia ainda estar dormindo, deitado de bruços com o rosto para o outro lado. Agradeci aos deuses por ele não ter começado minha manhã com algum comentário desnecessário.

Com a luz, achei a porta para o banheiro sem dificuldade. A banheira estava cheia de água, e tudo ali estava de certa forma preparada para um banho, havia até mesmo uma muda de roupa sobre uma cadeira. Quando toquei a água para averiguar a temperatura, notei que estava quente o suficiente para um banho matinal normal, sem ninguém. Mas um motivo para agradecer aos deuses, solidão e cuidar de mim mesma sem o auxílio de ninguém, tudo o que precisava.

Minutos mais tarde quando deixei o banheiro de roupa trocada e me sentindo bem melhor, Ezra ainda – aparentemente – dormia, virando na direção da janela, com a mão sobre o meu lugar na cama. Dormindo ele poderia ganhar um crédito por ter uma aparência decente, quase angelical. Mas eu tive que deixar o quarto para passear pela casa enquanto pensava em várias coisas importantes, tipo minha relação estranha com ele.

Recebi várias reverências dos servos enquanto tentava passar despercebida na minha caminhada matinal, algo que ali dentro seria totalmente difícil. Notei ao dobrar a esquerda que estava me aproximando das portas de saída da mansão, que ainda estavam fechadas por conta do horário. Nada melhor do que paz e sossego na rua, eu nunca pensei que fosse associar paz a uma saída, mas considerando que a mansão parecia agitada e sufocante, eu até pude entender a mim mesma.

Cetro de Gelo - O Canto do Lobo BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora