Capítulo 24

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Não revisado.

–Devemos colocar as cartas na mesa, conversar seriamente – de novo, nós já havíamos tido essa conversa. Mas em meio aos meus olhares assassinos, percebi que ela não havia sido assim tão profunda. –Se você quer tentar me matar durante a noite, fique à vontade, para mim será bem divertido, na verdade – um sorriso brincou nos seus lábios, e isso apenas me deixou mais irritada.

Cruzei as pernas sobre a cama para ficar mais confortável em cima do colchão e da colcha lisa. Havia um montão de perguntas que eu queria fazer para ele, mas eu estava com medo de acabar parecendo idiota demais, que tipo de humano não se apaixonaria por um imortal que aparentemente era atencioso e tinha as palavras certas na ponta da língua?

Devia ser eu.

Eu tinha que ser essa humana, mesmo que estivesse a ponto de cair de um penhasco sem voltar, mesmo que fosse mentira. Suspirei pensativa, eu precisava limitar nosso contato e o manter mais longe possível de mim, e me manter longe da corte, e considerando que ele era um príncipe, a ideia de pegar toda essa fama e dinheiro para começar a viajar, me parece mais agradável.

–Eu quero viajar – ele franziu a testa, soltando um sorriso descrente logo depois. Se a porra desse casamento fosse continuar, eu precisava de espaço, muito espaço para aguentar as reuniões de família, os comentários patéticos e os olhares invejosos.

–Não podemos viajar agora – ele estava automaticamente se pondo no meu programa, e eu poderia até aceitar isso, contanto que ele sumisse depois de fazer as honras como marido atencioso, até porque olhar para a cara dele todos os dias durante, o que devia ser meu tempo de liberdade, me pareceu mais uma tortura.

–Não falei nós, disse eu – seus olhos se estreitaram quando ele finalmente entendeu aonde eu queria chegar. Na minha mente, Ezra Nix não existia. Não nessa viagem.

–Zoe! – eu estava me lixando para a porra do aviso que ele expressou em seu tom de voz, eu só precisava permanecer o mais distante possível dele antes que minha alma se perdesse completamente.

–Tô nem aí – dei de ombros diante de seu olhar preocupado. –Se eu olhar pra sua cara durante mais uma manhã eu juro que vazo os seus olhos – ele não pareceu exatamente surpreso ou temeroso, na verdade, quando ele abriu um sorriso divertido que continha uma pitada de sacanagem pairando sobre seus lábios e olhos, eu tive que acrescentar. –E corto fora suas possibilidades de ter filhos – eu estava mesmo falando sério. Não que ele se importasse ou acreditasse.

–Zoe amor ... como nossos filhos vão nascer? – ele estendeu sua mão direita, tocando meu joelho com as pontas dos dedos, que começaram a percorrer minha perna. Eu chutei sua mão com as costas da minha, lhe lançando meu melhor olhar de ódio, mas isso apenas o fez rir mais.

–Nenhuma criança SUA vai deixar minhas entranhas, antes eu me mato – ele fechou os olhos com força, desta vez parecendo cansado demais. Talvez eu tenha exagerado, mas isso não era importante no momento, eu precisava o manter longe e afastar essa ideia da cabeça dele.

Afastar a imagem da minha cabeça.

Não devia ser tão difícil.

–Eu queria mesmo que você fosse capaz de me deixar entrar – ele me olhou, parecendo em uma batalha interna antes de aproximar seu rosto do meu, e sabendo que tipo de pessoa ele era, cheguei meu tronco para trás, me afastando o quanto pude dele. –Você ia gostar sabe – captei o duplo sentido em suas palavras, que apenas foram evidenciados quando seus olhos emitiram um brilho de azul diferente.

Eu enxerguei ali todos os tipos de sacanagem e o que me pareceu uma pitada de carinho. Eu engoli em seco, me sentindo estranhamente feliz por aquilo, mas também tive que encher minha mente com pensamentos de desconfiança. Ele me deixava confusa demais.

Cetro de Gelo - O Canto do Lobo BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora