Capítulo 32

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Não revisado.

Duas semanas haviam se passado.

E havia uma parte de mim que estava começando a gostar de viver dentro das paredes altas dos muros que cercavam a mansão. Tinha tantos afazeres para fazer, que a falta da presença de Ezra nem havia sido totalmente sentida. Na verdade, poder terminar um raciocínio longo sem ser interrompida estava sendo uma benção, mesmo que parcialmente um problema, já que eu ainda tinha que administrar a mansão.

Ezra passava a maior parte do tempo no palácio, na sala do trono, com o rei. Nosso casamento claramente tinha livrado ele dos rumores de ser gay, e apesar de ser uma mentira, eu ainda me perguntava, por que ele tinha me escolhido.

Tinha vezes que eu achava que era apenas para me atormentar, mas às vezes ele era realmente atencioso, prestativo e preocupado, e eu tentava me lembrar justo nesses momentos que eu não podia confiar nele dessa forma. Eu tinha que proteger minha alma e ser do que quer que tivesse dentro daquela cabeça enorme coberta por um cabelo grande branco.

Nada do que ele me dissesse poderia mudar meus pensamentos, me ver lúcida cobrava um preço alto demais. E confiança, era a última virtude que um humano podia apostar que um imortal tivesse por ele.

Eu encarei as paredes de pedra do banheiro, plantada ali dentro a meia hora, eu estava mesmo me sentindo menos de tudo. A água estava quente e cheirosa, eu quase tinha certeza de que poderia pegar no sono. Mesmo que estivesse com medo de ter mais um dos meus sonhos bizarros, e andava tendo muitos, mas nenhum deles estava mais vivo dentro de mim, mas a lembrança desagradável do medo e dor ainda pulsava na minha mente e carne.

As palavras da suma sacerdotisa sempre se repetiam na minha mente, o lobo branco achava que eu era sua companheira destinada, mas tal coisa era impossível. Quem quer que os metamorfos tenham sido, os lobos estavam ligados a eles, mas ninguém sabia dizer ao certo como. Eles haviam desaparecidos a tantos anos.

As vezes eu me pegava pensando neles, a falta de informação que pairava ao redor desse clã imortal era algo inédito considerando que haviam muitos imortais que muito provavelmente tenham convido com eles. Só que nenhum deles sabe dizer ao certo quando eles sumiram, apenas sabem que eles existiam, até mesmo a graça de seu sangue, era desconhecida.

Não que eu fosse capaz de conseguir uma informação decente sobre eles, como humana eu não tinha mesmo nenhum tipo de privilégios nesse sentido, mesmo que fosse casada com o terceiro príncipe idiota do clã.

Soltei um suspiro cansado, o sono estava quase me pegando, mas minha mente estava alerta, atenta. Meu única pensamento habitava ao redor do Cetro de Gelo, a última escolha dos deuses seria o Ezra, ele era tudo de menos, quando devia ter mais, e tudo de mais, quando devia ter menos ou nem mesmo devia existir.

Ele era estranho.

Eu era estranha, havia me casado com ele.

Estranhos se atraem.

Eu acho.

Sorri com o pensamento. O cetro era apenas uma vaga imaginação na minha mente, unido as suposições sobre meus sonhos esquecidos, que agora habitavam meu inconsciente, a periferia da minha mente, unido a tantas outras coisas.

Fechei meus olhos levemente, a água estava quente, perfeitamente agradável, tanto quanto meu cobertor, que nem me dei conta quando cair no sono.

Horas mais tarde fui acordados pela visão do inferno:

–Zoe? – resmunguei me remexendo. –Zoeee? – ele insistiu. Por que ele não podia me deixar dormir? Ezra era a base dos meus pesadelos.

–O que você quer? – gritei infeliz.

Cetro de Gelo - O Canto do Lobo BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora