Capítulo 5

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Não revisado.

–Não, é sério – ele não estava mesmo rindo.

–O que você quer de mim, de verdade – não poderia ser o meu amor. Eu era uma humana, teria uma vida simples e rápida, enquanto ele viveria para sempre – ou quase – nosso amor seria passageiro e nenhum homem que se preze iria querer ver sua amada envelhecer e morrer.

Eu mesma se amasse alguém imortal, iria querer morrer longe dele, aonde minhas rugas não fossem suas últimas lembranças de mim. Eu tinha minhas próprias ideias sobre o amor, e se algum dia eu houvesse tido esperanças de casar no clã, elas não existiam mais. Só que aparentemente, havia surgido alguém disposto a se casar comigo, do nada.

O grande cetro divino devia estar tentando me pregar uma peça.

–Você quer mesmo saber? – balancei a cabeça em afirmação. Ezra se mexeu no assento enquanto pensava, seus olhos caíram sobre uma das rosas vermelho sangue a poucos metros de distância da nossa mesa. –Eu soube que alguém andou espalhando certos rumores sobre mim – meu sangue gelou. Eu tentei me manter inabalável diante dos seus olhos, buscando soar distante, mas eu sabia que seria impossível. Quando ele voltou a me olhar, eu vi ali exposto para quisesse ver, seus verdadeiros sentimentos sobre mim. –Rumores falsos, sobre como eu faço ou deixo de fazer as coisas – ele inclinou a cabeça para o lado. –Você sabe quem poderia ser? – ele estava me perguntando? Eu respirei aliviada. Então ele não sabia.

Eu não me senti nenhum pouco culpada perante minha conduta "errada" sobre isso. Talvez eu tivesse exagerado um pouco, talvez não, mas a verdade incontestável era que infelizmente eu era a responsável pelos rumores que andavam correndo pelas ruas da capital do clã do inverno. Eu quase conseguia ouvir meu próprio riso divertido entrando por meus ouvidos humanos diante de seu rosto questionável.

–Não sei – eu dei de ombros. Mas ele não desistiu. Seu olhar afiado pareceu atravessar meu crânio em busca de respostas, ou talvez uma confirmação. Eu esperava que ele estivesse apenas tentando arrancar um nome de mim.

–Não sabe mesmo? – ele sorriu com escárnio.

–O que quer que eu diga? – disparei irritada. Minha pele estava começando a ficar ainda mais fria, quase chegando ao meu interior, meus órgãos quentes que talvez muito em breve fossem ser congelados no lugar. –Quer saber, eu vou entrar, não vou congelar aqui – quando fiquei de pé torcendo para não ser impedida de lutar pela minha sobrevivência, ele pareceu disposto a me deixar congelar com prazer.

–Eu sei que foi você – eu encarei o céu ainda não me sentindo culpada. Era uma vingança da minha parte que eu esperava que praticamente não o afetasse em nada, mas ele se estava disposto a sacrificar alguns anos da sua existência, eu tinha que ficar esperta e rápido. –Suas palavras mentirosas sobre mim quase me custaram minha posição no Conselho do clã – eu segurei minha respiração por dois motivos, o vento estava congelando meus pulmões e ele parecia saber demais.

–Não fui eu – tentei soar convincente.

–Você ainda quer tentar negar – ele balançou a cabeça em negação. –Eu não tenho nenhuma concubina, namorada fixa ou uma esposa, suas palavras afiadas fizeram todo o conselho duvidar sobre meus atos e meus verdadeiros sentimentos, então Zoe – Ezra se levantou, se aproximando predatoriamente na minha direção, eu dei alguns passos para trás, tentando não bater meu corpo frágil contra a parede de músculos e gelo que compunham sua estrutura corporal, mas assim que dei mais um passo para trás, tropecei na cadeira, caindo sentada de mal jeito. No momento em que seu rosto se aproximou demais do meu, eu segurei a respiração ou então sentiria seu cheiro me invadindo sem pudor. –Você vai ocupar essa vaga para mim e eu não irei perder meu lugar no conselho, e você – ele apontou o dedo para mim, próximo demais. –Vai poder fazer o que bem entender com um título de terceira princesa consorte – seu olhar estava sério, sério demais.

Cetro de Gelo - O Canto do Lobo BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora