Acho que nunca presenciei um momento tão contraditório no nosso grupo quanto aquele. Era impossível resumir os sentimentos divididos que cada um de nós parecia sentir. No meu caso, a apreensão foi momentânea. É claro que a ideia de assaltar um banco parecia insana e mais extrema do que qualquer coisa que havíamos feito, mas não demorou para isso deixar de parecer exagero demais.
Eu já estava acostumado a sair da lei vezes demais para começar a ser moralista agora. Nós sobrevivíamos através disso. Não é como se eu me preocupasse com o prejuízo de algum banqueiro rico desgraçado, mas sim com nossa própria segurança. O máximo de sistemas que havíamos burlados para não nos perseguirem eram os de pequenas lojas, como o posto roubado há tanto tempo antes, ou o da casa que entramos escondidos. Um banco era, para utilizar um eufemismo, ligeiramente diferente e mais complicado que isso.
Minha incerteza provavelmente diminuíra pela crescente confiança de Gerard com o assunto. Tanto ele como as garotas pareciam apostar todas as cartas na ideia que aquilo melhoria nossa situação. Por outro lado, Rob ainda discutia com Elisa sobre os riscos, que ela sempre retrucava com uma resposta pronta, quase decorada, sobre o assunto. Sobre Tom, acho que poderia dizer que ele estava neutro, pois, assim como eu, alternava sobre a forma que se sentia com o que estávamos planejando.
Os nossos dias passavam, mas a dedicação com o plano não parava de forma tão simples. As garotas passavam o dia todo fazendo ligações e tentando reunir o máximo de informações possíveis sem arriscar comprometer a identidade de qualquer um do grupo. Na manhã do dia anterior, Elisa havia nos mostrado a planta completa da construção do banco, considerando as reformas, proteções e tudo mais para evitarmos e descobrirmos exatamente aonde ir para conseguir o dinheiro. Não era tão difícil conseguir esse tipo de informação com os contatos que tinha. Ela queria se certificar que nada daria errado, e não só pela recompensa material, mas para ela poder afirmar com o seu típico sorriso no rosto de quando estava certa. "Como podemos ter certeza que isso é real?", perguntou Rob no dia, um tanto convicto de seu ceticismo. "Aí que entra a nossa próxima missão de amanhã, ou, melhor... missão que Frank e Gerard cumprirão.", Elisa respondeu. De imediato, ela chamou nossa atenção e explicou o que deveríamos fazer. Nós deveríamos ir sob um disfarce e pedir para abrirmos uma conta conjunta de casal. Assim, encontraríamos desculpas para observar tudo o que pudéssemos sobre o local, e depois poderíamos conferir se o que sabíamos combinava com a planta.
Em um primeiro momento, aquilo parecia arriscado. Como iriam conferir nossas identidades se elas eram falsas? E se nossos rostos fossem mostrados? Não demorou para Jamia tomar a frente na explicação. No dia do roubo, não iríamos de forma alguma mostrar o rosto. Usaríamos as mesmas máscaras que tínhamos, que deveriam estar empoeiradas de tanto tempo guardadas. E, além disso, a ideia era apenas fingir que queríamos abrir a conta, para cancelarmos na última hora quando tivéssemos observado o local o suficiente. Elas haviam pensado em tudo, mas, mesmo assim, sentia uma pontada de insegurança em meu peito. Aquilo era diferente e maior do que tudo que fizemos antes. Gerard tentou me tranquilizar. Para ele, tínhamos que ser ousados. Afinal, tudo tinha uma primeira vez.
Logo, eu e ele estávamos a caminho do nosso alvo em um táxi que não fazia ideia do que planejávamos. Para o disfarce, o grupo conseguiu nomes melhores nas identidades, com um documento muito melhor falsificado. Agora, eu seria John, e Gerard seria o meu mais novo marido, Warren. Eu não confiava em minhas habilidades artísticas para atuação, mas iria fazer o meu melhor para o trabalho. Gerard, ou melhor, "Warren", seria responsável pela a enrolação. Em certo momento, eu pediria licença e perguntaria onde é o banheiro. E aí seria minha hora de fazer o que sou melhor: me esgueirar e achar qualquer informação útil de um possível problema para nós. Assim, não teríamos surpresas de última hora.
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Bulletproof Heart
FanfictionUm grupo de adolescentes são vistos como nada além de delinquentes para a sociedade. Frank Iero faz parte desses que se veem obrigados a sair dos limites para sobreviverem. Para a surpresa de sua rotina, um novo membro se junta ao grupo: Gerard Way...