Vingança

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Na volta para o armazém, quando chegamos, Tom e Elisa discutiam. Não é como se esse cenário da relação entre os dois fosse muito raro, mas o plano que as garotas criaram estava parecendo incomodá-lo profundamente. No fundo, acho que nem ele esperava ficar insistente contra a ideia por tanto tempo, mas queria aproveitar a oportunidade apenas para provocar Elisa.

- É engraçado como você achou loucura minha ideia de roubar dados, mas roubar um banco está tudo bem, né? Acho que o seu juízo de dificuldade para cometer crimes não está muito bom.  - Thomas falou, acendendo um cigarro logo em seguida.

- Ah, por favor. Não é como se estivéssemos fazendo isso sem um plano. Você só está com ciúmes porque não foi sua ideia brilhante que ganhou dessa vez. - Ela riu. - Nós temos o material. Temos pessoas que vão ajudar a criar uma distração. Eu e Jamia estamos estudando todas as brechas de segurança possíveis e impossíveis. Além disso, não é a sede do Banco Mundial. É só uma agência esquecida de um bairro que ninguém liga mais.

Nisso, ela tinha razão. Existiam muitos outros lugares mais simples e, ainda assim, mais arriscados que poderíamos roubar. Porém, eu também entendia o lado de Tom. Muitas vezes, ele demonstrava ser uma fortaleza, mas no fundo era tão vulnerável à ansiedade quanto qualquer um de nós.

- Frank. - Senti a mão de Jamia no meu ombro, e me virei para vê-la. - Deu tudo certo no banco?

- Ah, sim, deu. Tudo de acordo com o mapa.

Por um momento, notei que estava tão envolvido na discussão de Elisa e Tom que esqueci que, algumas horas antes, eu estava reunindo informações do banco com Gerard. Eu não havia sequer trocado as roupas do suposto disfarce de John.

- Você pode me detalhar isso depois. Vem aqui. - disse, com um sorriso no rosto. Não tinha a menor ideia do que ela podia estar planejando.

- Pra onde vamos?

- Só deixar esses dois malucos se acertarem sozinhos. Gerard! - Jamia o chamou, fazendo Way virar e caminhar até nossa direção rapidamente, com suas mechas de cabelo invadindo seu rosto da maneira mais adorável possível. - Tenho algo que vocês dois vão gostar. Um presentinho.

Saímos do armazém para nos encontrarmos no estacionamento. Aquela ansiedade estava me deixando louco, e logo percebi que eu precisaria de um cigarro. Gerard me acompanhou naquele pequeno enroladinho de câncer fumacento. 

- Então, o que tem aí? - Gerard levantou uma sobrancelha, enquanto Jamia parecia procurar algo freneticamente em seus bolsos. Eu precisava admitir que adorava quando ele fazia aquela expressão de questionamento.

Subitamente, ela tirou um envelope de carta das antigas do bolso. Ela estendeu sua mão para Way, ao meu lado, mas, quando ele foi pegá-la, ela afastou o braço novamente por um segundo, e caiu em gargalhadas.

- Desculpa, eu não consigo te levar a sério usando o uniforme da gay mais passiva do mundo. 

Não evitei de rir junto. As roupas de Gerard estavam ridículas. Toda vez que eu focava demais no coraçãozinho na camiseta extravagante e brilhante dele, eu me perguntava como ele concordou em usar aquilo, mesmo que para um disfarce. Ele revirou os olhos.

- Se a roupa é o problema, eu vou trocar agora, mas depois disso eu quero saber o que tem nessa carta. Provocar minha curiosidade assim é maldade. E, Frank, você me paga.

- O que eu fiz?! - Jamia que havia feito a piada, eu apenas ri.

- Eu sei. Mas vamos ver quem é a gay passiva depois. - Ele disse, se aproximando para me dar uma mordida no pescoço, que simplesmente fez toda minha pele arrepiar. Depois, ele voltou para o armazém, apressado para se trocar.

Bulletproof HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora