Primeira aventura

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- Nós vamos o que?! - eu exclamei.

- Shhh, Frank, é por isso que eu não estou falando alto. - ele me alertou. - Considere isso uma pequena aventura de boas vindas. A sua primeira comigo, depois de me conhecer.

Pensei na ideia, e eu sabia que Gerard estava certo. Eu seria um hipócrita se reclamasse pelo seu plano, depois de semanas cansado da monotonia no galpão que vivíamos, graças a um período de estabilidade.

- Não trate isso como algo extremamente errado. - ele falou. - Nós dois sabemos que roubar se tornou parte da forma que vivemos. E olhe o tanto de guitarras que eles tem! Pode ter certeza que o dono dessa loja não vai lamentar tanto pelo prejuízo de apenas uma.

Eu dei um suspiro, seguido de um pequeno sorriso de animação.

- Tudo bem. Como faremos isso?

- Ahn, pois é, essa é a parte que eu pensei que você poderia planejar comigo. - Gerard respondeu. - Não estamos com muita atenção das pessoas daqui, o que é bom, mas é claro que não podemos simplesmente pegar a guitarra e sairmos correndo.

- Será que não podemos? - eu brinquei.

- Ah, senhor Iero, falando dessa forma, até parece que você é novo nesse mundo. - ele me provocou. - Acho que podemos bancar os distraídos enquanto pensamos em algo.

Ele se sentou no mesmo pufe de antes, e eu sentei no chão ao seu lado. Apoiei o queixo no meu punho para tirar um momento para ter ideias, e nenhum de nós disse algo durante certo tempo.

- Sabe, eu percebi que aqui não tem câmeras de segurança. - eu disse, fazendo Gerard voltar sua atenção para o mundo. - Isso é um ponto ao nosso favor. Mas nós precisamos esconder a guitarra. E, talvez, distrair um dos vendedores.

- Claro, mas quem fará o que? - ele ponderou alto. - Aposto que você consegue distrair um dos vendedores com sua boquinha sexy.

- Seu bobo. - respondi, fazendo ele rir. - Eu sou um péssimo ator. Se alguém deve distrair, é você. Mas nós precisamos de uma maneira de eu tirar a guitarra da loja.

- Não é tão difícil. Vamos para o caixa, como se você fosse comprar a guitarra. Quando chegar a hora de você pagar por ela, eu começo a agir. E, nesse meio tempo, você vai discretamente até a porta da loja e me espere lá fora. Que tal?

Revisei cada passo mentalmente, torcendo para que eu não estragasse tudo. Por mais que eu tivesse um pouco de medo ainda, a euforia de fazer aquilo não deixava eu me conter.

- Tudo certo. - confirmei.

Nós dois nos levantamos, eu peguei o instrumento branco da parede novamente e fomos em direção ao caixa.

Duas pessoas estavam na fila a nossa frente, mas, quando fomos chamados, havia realmente apenas um funcionário atrás do balcão. Ele pegou a guitarra e a guardou em um estojo rígido e protetor.

- É uma maravilhosa escolha que você fez. - ele sorriu para mim. - Tenho certeza que vai aproveitar essa guitarra.

- Ah, eu também tenho certeza que ele vai. - Gerard disse, me olhando maliciosamente.

O vendedor que nos atendia, de cabelos castanhos curtos, e que aparentava estar perto dos trinta anos, digitou algumas coisas no teclado do computador, para enfim cobrar o pagamento. Antes que ele pudesse dizer uma palavra, Gerard se jogou na minha frente. Não havia mais ninguém na fila que pudesse ver o que iríamos fazer, mas o resto da loja continuava movimentado e lotado.

- Sabe, eu estou com uma dúvida sobre instrumentos musicais. - ele falou, apoiando os cotovelos no balcão para bloquear completamente a visão do homem para mim. Ele mexeu nos cabelos para ganhar tempo e tentar tirar o foco do atendente. - Eu preciso saber de um melhor para o que eu preciso. Se você puder me ajudar nisso, antes...

Bulletproof HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora