Nós seis dividíamos o fundo de uma van completamente preta e acabada. Conforme os pneus aceleravam e eu praticamente os sentia rolando pelo asfalto, meu coração também batia cada vez mais forte.
Era estranho estar ansioso naquele momento, porque os últimos dias haviam sido simplesmente os melhores e mais alegres possíveis da minha vida. Talvez, em outro momento, eu me sentiria culpado por estar vivendo numa espécie de bolha de felicidade ao lado de Gerard enquanto o resto do grupo trabalha o máximo possível até o dia combinado para o roubo, mas, até então, não tinha nenhum arrependimento de aproveitar o momento com ele. Ok, existiam pessoas contando com a gente para trabalharmos juntos nisso, não era apenas nós seis, mas eu e ele havíamos feito nossa parte até então, ou ao menos era o que eu dizia para me convencer. Ainda que eu estivesse guardando meu autojulgamento para depois, os outros quatro do grupo pareciam não se importar; aliás, eles pareciam desejar que aproveitássemos o noivado recente como deveríamos, independente dos planos anteriores.
Contarmos sobre o noivado foi quase imediato, porque saindo do depósito e vendo todos reunidos no centro do armazém, Gerard não se conteve, e eu amava vê-lo feliz daquele jeito. Eu mesmo não acreditava que tinha a coragem para ter feito o pedido, mas foi a melhor escolha que poderia ter acontecido. Sentia que finalmente havia acertado naquilo. A nossa paixão estava mais alta do que nunca, se é que aquilo era possível. Todas as vezes seguintes, o sexo ficou mais intenso e surpreendente de jeitos que eu não esperava. Eu queria Gerard, e foi demonstrando isso que percebi que ele me queria para o resto da vida também.
- Ei. - ele me chamou, falando por baixo da máscara abafada. Levantou ela temporariamente e eu fiz o mesmo, aguardando o resto do que falaria. Rapidamente, Way tirou de seu bolso um papel amassado. Não demorou para eu perceber que aquilo se tratava de seus votos. - Só porque você disse para me eu apressar para escrever eles. E não quero que você reclame se em algum momento eu te chamar de "garoto punk baixinho". Mas espere para ler. Só quando terminarmos isso aqui.
Peguei o papel e rapidamente o guardei no meu bolso.
- Eu te amo, Gee.
- Também te amo, Frank. - Ele aproximou seus lábios no meu para um rápido beijo, e apertou minha mão o mais forte que pode.
De repente, paramos por uns minutos. Elisa desceu e aproveitou para nos entregar as armas que usaríamos, e nos avisou que a parada era apenas para os amigos dela que estavam no trato pegarem uma segunda van para nos acompanhar. O fato de eu não ter acompanhado tão bem os ajustes dos últimos dias fez com que eu não soubesse ao certo quantas pessoas estariam lá para nos ajudar, mas não demoraria para saber. Precisaríamos de ajuda para controlar os reféns e a segurança, ainda que fosse um tanto escassa. Não é como se o banco fosse muito difícil de assaltar, mas era um prédio grande.
Ouvi o som de pneus se aproximando de nós. Logo vi uma van branca à frente, com sua placa ilegível. Me perguntei por quanto tempo era possível dirigir assim sem ser comprometido e facilmente preso em seguida, mas fiquei em silêncio. Dois homens carecas e de no mínimo 1,90m cada desceram dela, sem cumprimentar nenhum de nós. Estávamos todos esperando o contato de Elisa, quando o motorista, um homem de óculos de sol e com um sorriso amarelo desceu e já sabíamos imediatamente que era ele.
- Elisa! – Ele disse, com uma expressão animada. – Estes são meus caras que vão nos dar uma ajudinha. Elisa pareceu receosa, mas acenou a cabeça para os homens carrancudos, e eles, para a surpresa de todos de nosso grupo, corresponderam. – Imagino que vocês todos têm suas máscaras e armas. Ótimo. Então já estão encaminhados. Quem vai ser o motorista da fuga?
- Eu. – Elisa confirmou.
- Essa é minha garota! – Tinha algo que me incomodava no desconhecido, mas acreditei no senso de confiança de Elisa para me tranquilizar. Ele parecia se sentir quase paternal com ela, mas eu não tinha certeza se era correspondido; ao menos, Elisa nunca tinha comentado a origem da relação. – Bem, vocês já sabem que vão ter que se livrar desse carro daqui alguns dias para impedir qualquer associação; mas não acho que vai ser um grande problema. Afinal, vamos estar com tanta grana que, se quisermos, nós podemos usar notas de dólar pra limpar nossas bundas!
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Bulletproof Heart
FanfictionUm grupo de adolescentes são vistos como nada além de delinquentes para a sociedade. Frank Iero faz parte desses que se veem obrigados a sair dos limites para sobreviverem. Para a surpresa de sua rotina, um novo membro se junta ao grupo: Gerard Way...