Bulletproof Heart

Consequências

Subi todas escadas correndo, aproveitando que o dono da casa estava longe demais para ouvir o barulho, e quase derrubei Gerard no chão quando esbarrei nele no meio do corredor para contar que estávamos em apuros.

- Wow, Frank, você realmente não aguenta ficar longe de mim nem por alguns segundos. - ele riu.

- Shhh, fale baixo! - ordenei, com a mão tremendo pelo risco. - Gee, precisamos nos esconder. Tem um homem vindo para cá, acho que ele mora aqui.

Gerard ficou parado por alguns segundos até processar a informação.

- Precisamos contar para os outros! Eles estão lá fora, o homem vai ver eles.

- Não temos tempo. - eu disse. - Provavelmente eles perceberam quando ele passou pela frente da casa e já se esconderam. Se tentarmos sair daqui, aí sim estamos ferrados.

- Está bem, e qual é o seu brilhante plano?

Eu olhei rapidamente para os cômodos ao redor, suando frio, porque o homem poderia subir e nos ver a qualquer momento. Precisávamos de uma solução rápida, apenas um esconderijo fácil enquanto eu pensava numa maneira de distraí-lo. "Pense, Frank, pense...", minha mente repetia a mim mesmo. Repentinamente, percebi na maior suíte do andar uma porta discreta que daria a um closet perfeito para não ficarmos prestes a ser pegos pelo dono da casa.

- Venha, aqui. - falei e levei Gerard, puxando-o pelo pulso, junto comigo.

O problema inesperado foi que, ao abrir a porta do closet, ele era muito menor do que eu pensava ser, e estava totalmente cheio de roupas, portanto, eu e Way éramos dois corpos ocupando o espaço de um só. Eu e ele estávamos tão perto que trocávamos respiração, e eu estava me encolhendo o máximo possível. Consegui ouvir os passos pesados do homem subindo as escadas. Tudo que nós não precisávamos naquele momento era que ele entrasse no quarto, não naquele quarto.

- Se você parar para pensar... - Gerard disse no meu ouvido. - Essa situação de quase sermos pegos e do seu corpo estar praticamente colado no meu é extremamente sexy.

- Cale a boca, Gee. - eu falei, e ele se segurou para não rir. Nós dois estávamos, literalmente, a poucos passos de sermos pegos, e ele conseguia fazer piadas. Por mais que eu não fosse admitir para Gerard, o que ele falou era completamente verdadeiro. Mas o foco era não deixar que o nosso plano fosse arruinado e descoberto.

Os passos ficaram mais altos, e eu soube que o homem estava no mesmo cômodo que nós. Parecia uma questão de segundos até sermos vistos. Prendi a respiração de tanto nervosismo. Ainda que a porta do closet estivesse fechada, na posição apertada que eu estava, eu conseguia enxergá-lo por uma pequena fresta. O dono da casa havia acabado de jogar seu paletó na cama, ficando apenas com a camisa social que estava por baixo. Ele esfregou o rosto e guardou o celular, que estava tão concentrado mexendo quando o vi no andar de baixo, no bolso da calça. Para o meu pânico, vi ele se aproximando. O homem iria abrir o closet e pegar Gerard e eu no flagra. Usei todo o controle sobre mim para não gritar naquele momento. Quando o dono pôs sua mão na maçaneta e iria empurrar a porta e ver nós dois escondidos, ele hesitou. Seu celular estava tocando. Com um grunhido, ele pegou o aparelho do bolso e sentou na cama.

- Jake, o que foi agora? Uma viagem inteira trabalhando não foi o suficiente para a firma? Vocês ainda precisam me ligar sempre que tem uma dúvida? Sabe, eu não sou o único executivo contratado pela empresa. - sua voz estava cheia de exaustão, ele estava tremendamente irritado e desesperado por um tempo de descanso. A pessoa com quem falava, do outro lado da linha do telefone, respondeu algo que não consegui identificar. - É brincadeira, né? Só porque eu sou solteiro na minha idade não significa que eu tenho disposição para ir trabalhar sempre que meu chefe manda. - O homem chamado Jake disse outras coisas que não pude ouvir. - Eu sei que você é meu assistente e que você apenas está fazendo o seu trabalho quando me avisa das ordens que eu recebi. Mas, poxa, eu acabei de chegar em casa! Quer saber? Eu não tenho muito o que fazer. É sempre assim. Não sei como eu não pedi demissão ainda. Vou chamar um Uber ou algo do tipo e em vinte minutos estou aí. Estou incapaz demais para passar por todo o trabalho de tirar o carro da garagem e dirigir. Preciso te pedir para ir preparando meu café, se não eu vou matar alguém do trabalho hoje, e é melhor você rezar para que não seja você, Jake.