Refúgio

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O meu progresso como guitarrista amador estava sendo maior do que eu esperava. É claro que eu tinha um conhecimento dos anos anteriores, mas a falta de prática era comprometedora. De qualquer maneira, eu estava orgulhoso de como conseguia decifrar novos solos e seguir uma progressão muito complexa depois de apenas dias com a guitarra.

O quarto havia perdido um pouco do silêncio com a minha animação. Pelo menos, Gerard dizia gostar de me ver treinando, e eu até ofereci a guitarra para ele praticar alguns momentos. Ele mesmo admitiu ter zero experiência, e não conseguiu passar de acordes básicos. Seria interessante se eu pudesse dar aulas para ele.

No dia anterior, depois que todos voltaram da saída para fazerem os documentos, decidimos fazer uma importante mudança. Era melhor que contássemos e dividissemos o dinheiro total entre os seis, e, quando precisássemos fazer um gasto para o grupo, cada um contribuíria para sua parte. Foi o mais inteligente, e acabou me deixando com dois mil e quinhentos dólares.

Interrompendo o meu ensaio de mais de uma hora com a guitarra, Jamia bateu na porta do quarto e entrou.

- Hey, Frank. - ela me cumprimentou.

- Hey, Jamia. - eu falei de volta, fazendo um aceno com a mão ao lado da cabeça.

- Venha aqui comigo. O Tom acabou de chegar com os documentos de cada um. E venha comer alguma coisa, você passou tanto tempo aí dentro.

Eu levantei da cama onde estava sentado, deixei a guitarra lá mesmo e a acompanhei.

Aparentemente, eu fui o último a chegar na sala do armázem. Fiz uma breve ida à cozinha para preparar um sanduíche o mais rápido possível. Quando cheguei, todos estavam abrindo um envelope. Thomas me entregou o meu e eu fiz o mesmo. Ao pegar a identidade, a primeira coisa que fiz foi olhar o nome. Quase caí no chão de tanto rir ao ler o nome "Michael Toris".

- "Michael Toris"? É sério isso? "My clitoris"?! - falei, tentando recuperar o fôlego. Elisa riu o tanto quanto eu ao me ouvir contar.

- E o meu?! "Amy Stake"! Eu não sou um erro! - Jamia protestou.

- Vocês se acham azarados? O meu é "Eric Shin", "erection". - Rob disse, e todo meu esforço para parar de rir foi perdido, porque voltei a gritar, junto de todos que escutavam.

- Eu me senti sortuda agora pelo meu "Emma Grates". - Elisa falou, sorrindo.

- E eu pelo o meu "Warren Peace". - Gerard riu, conferindo se o nome era o mesmo na certidão de nascimento.

- Acalmem os ânimos. - Tom disse. - É claro que os nomes seriam estranhos. É o preço que compensa o desconto das identidades.

Elisa encarou Thomas, desconfiada. Jamia apenas sussurou "Estraga-prazeres" para mim, e ela não poderia descrevê-lo melhor naquele momento.

- Qual nome está no seu? - Elisa perguntou. Tom arregalou os olhos.

- Eu não quero dizer... - ele falou baixinho.

- Ah, mas você vai. - ela falou, começando a persegui-lo. Quando ele notou, começou a correr ao nosso redor, e Elisa o seguia. - Volte aqui!!!

Ele levava o envelope aberto nas mãos, e eu, Rob, Jamia e Gerard nos entreolhávamos rindo dos dois adultos brincando de pega-pega na nossa frente. Quando Elisa finalmente alcançou Tom para arrancar o envelope de suas mãos, ela ficou muito ocupada rindo para nos dizer o nome.

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