De volta ao refúgio, eu me sentia em paz.
Era como se Gerard e eu tivéssemos nosso espaço para relaxar e esquecer que éramos, por definição, criminosos. Aquele tempo e espaço eram nossos, e isso me deixava maravilhado.
Nós estávamos no quarto e eu havia acabado de levantar para me vestir. Way continuava deitado e nu, exceto pelo lençol cobrindo suas partes, e me encarando enquanto colocava as roupas.
- Pare, seu pervertido! - eu o repreendi.
- Ah, Frankie, é tão irônico você me chamar de pervertido apenas depois do sexo. - ele riu. - Vem cá. - Ele se movimentou para a borda da cama e estendeu os braços para me puxar de volta para a cama. Gerard me fez cair quase em cima dele. Eu havia colocado apenas minha calça naquele momento.
- Ei ei ei, isso é injusto. Só porque você é mais alto não significa que deva usar sua força contra mim. - protestei novamente.
- É para um bem maior. E no fundo você gosta, vai, admite. - Ele estava certo. Gerard abriu um sorriso convencido, e seus cabelos pretos estavam bagunçados e caídos sobre o rosto. Meu Deus, como aquele homem podia ser tão bonito? E como eu poderia dizer não para ele desse jeito?
- Tá bom. O que você quer?
- Quero que você fique aqui e fume mais um cigarro junto comigo. Igual ontem no carro do lado de fora do armazém.
- E qual chantagem você planeja fazer para me convencer a isso? - perguntei.
- Ah, nós ainda podemos fazer muitas coisas aqui hoje. Você trouxe sua guitarra. Quero te ouvir tocar algumas músicas para mim. Podemos jogar algo, ou só sair em uma busca e explorar o que podemos fazer na cidade.
- De repente, você está tão animado. - comentei.
- Eu sempre estou, se estou com você. - ele disse e eu corei de imediato. - Agora, vamos. Pegue o maço, o isqueiro, e deite decentemente.
Fiz como ele mandou. Coloquei um cigarro entre os lábios de Gerard, acendendo primeiro o meu e depois passando o isqueiro para ele acender o seu. Dei alguns tragos profundos, fechando os olhos para aproveitar os primeiros segundos que acabariam com qualquer estresse restando no meu corpo. Não havia calma maior do que aquele cenário em que eu estava. Soltei a fumaça e abri os olhos novamente. Way havia se aproximado para se aconchegar em meu corpo.
- Nós poderíamos ficar aqui para sempre. - falou.
- Poderíamos. - eu disse. - Você já imaginou se tivéssemos nos conhecidos em circunstâncias normais?
- Normais? Como assim, o que você quer dizer com isso?
- Você sabe... Se, sei lá, nossas vidas fossem um pouco menos agitadas, e muito mais comuns e medíocres. Por exemplo, eu tivesse te conhecido por um amigo de faculdade ou algo assim.
- Eu acho que isso seria chato para caralho. - ele disse. - E realmente improvável. Se eu e você fôssemos os tipos de pessoas que vão para a faculdade, talvez nem tivéssemos coisas em comuns para nos entrosarmos. Talvez você nem tivesse noção da sua sexualidade ou fosse comprometido, ou até eu poderia estar nessa situação. Não sei, possibilidades e universos paralelos me intrigam, mas parecem distantes demais para serem levados a sério.
Fiquei alguns minutos em silêncio, pensando. Passei tantos anos desejando escapar da realidade em que eu estava e apenas imaginar como tudo poderia ter sido diferente. Agora, com a fala de Gerard, tenho mais certeza que eu não gostaria que fosse diferente. Porra, eu tinha uma vida que não era fácil, mas que também podia ser muito pior. Eu tinha meu grupo. Eu tinha o armazém. Eu tinha dinheiro dos roubos, o bastante para me virar e curtir de vez em quando, e eu tinha minha guitarra para tocar música quando quisesse. E, mais importante, eu tinha Gerard como meu namorado para me lembrar a importância dessas coisas sempre que eu pudesse vir a esquecer.
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Bulletproof Heart
FanfictionUm grupo de adolescentes são vistos como nada além de delinquentes para a sociedade. Frank Iero faz parte desses que se veem obrigados a sair dos limites para sobreviverem. Para a surpresa de sua rotina, um novo membro se junta ao grupo: Gerard Way...